sábado, 19 de dezembro de 2015

JANTARES DE GRUPO - O ENGRAÇADINHO

 É Natal e, por conseguinte, período de organizar jantares de grupo. Avaliam-se os restaurantes, os preços e o melhor dia que convenha a todos, só não se avaliam os engraçadinhos que vão no meio do grupo. Na melhor das hipóteses, só há um engraçadinho entre os convivas mas pode acontecer que vão mais.
O Engraçadinho é o que vai para o jantar com o intuito claro de ser o centro das atenções. O Engraçadinho é o que menos condições reúne para ser o centro das atenções, ainda assim ele vai tentar. Ninguém tem paciência para o engraçadinho mas ninguém é capaz de lho dizer. O Engraçadinho acha que tudo o que faz é para rir. O Engraçadinho confia em que tudo o que diz tem piada. O Engraçadinho ri-se muito consigo próprio. O Engraçadinho tem a pila pequena. O Engraçadinho não se sabe comportar em sociedade. O Engraçadinho quer cantar, dançar e saltar à corda enquanto os outros comem. O Engraçadinho bebe sangria pelo nariz, se for preciso. O Engraçadinho fala mais alto do que os outros e repete a mesma coisa até alguém se rir. Se isso não acontecer, ele vai chamar pelo nome de alguém até que essa pessoa realmente se ria. O Engraçadinho cita Ricardo Araújo Pereira, quanto mais não seja nos antigos anúncios da Meo, porque nem sempre dá para ler a Visão todas as semanas. O Engraçadinho não deixa ninguém sossegado. O Engraçadinho é um amigo a evitar. O Engraçadinho devia morrer. Morte aos Engraçadinhos nos jantares de grupo (casamentos incluídos, esses jantares de grupo em larga escala)!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

POEMA AO MEU AVÔ MATERNO

Escrevo-te hoje que está frio
O frio transporta-me às tardes em que as ideias ardiam
Ao fulgor da lareira
A tua cabeça inclinada e aquecida
Os meus sonhos ardentes no aconchego de uma família
As labaredas serenas respeitando-te os pensamentos
Elas serenas embalando-me as emoções
O frio apetece-me pela ideia de calor
Respeitámos muito o silêncio naquelas tardes frias
Embalámo-nos em pensamentos nas tonas que produziam calor.

Carlos Alves, 17.12.2015

sábado, 5 de dezembro de 2015

I e Sol juntos na morte

Li sempre o I com gosto. Moderno, irreverente, às vezes superficial, design excelente. No seu início, era eu jornalista em início de carreira, fiz parte de um processo de recrutamento, não me deram muita atenção (agora também não queria).
O Sol... nunca percebi muito bem o Sol. Não é um Expresso (nem tinha de ser), também não é um anti-Expresso (não conseguiu ser; começou por prometer não dar brindes, poucas semanas depois já tinha saquinho... com brindes), tem uma presença online assustadora, lançou algumas reportagens e algumas revelações que marcaram a sociedade, não sei se marcaram o jornalismo (a prisão de Sócrates e outras fugas ao Segredo). Não gosto de ver jornais a fechar mas jornalismo é democracia e democracia agora é sobretudo dinheiro. Vamos ver o que sucede.

As Cores Transitórias

As cores de outono aguardam pálidas
inclinadas para um tempo
que resistirá frio ao seu abandono
Remetem para um calor que já não são possíveis de garantir.

Carlos Alves, 05.12.2015

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Duas peças num palco só. E em simultâneo


Duas peças a decorrer em simultâneo no mesmo palco. É a encenação de Marco Mascarenhas, a estrear no próximo dia 3 de dezembro, no Teatro Turim, em Lisboa. "Jogo d' Enganos", assim se chama o espetáculo, resulta de uma adaptação de duas peças de Anton Tchekhov ("Pedido de Casamento") e George Feydeau ("A Sogra de Luís XIV"). Os dois textos têm como ponto comum a exploração crítica do embaraço dos seres humanos nas relações interpessoais. Um espetáculo bem disposto e que permite um acompanhamento gradual da evolução das duas histórias a serem contadas em paralelo. Uma proposta arrojada e nova de abordagem destes dois autores num espetáculo único!
Serão apenas seis espetáculos (duas semanas, de quinta a sábado, às 21h30), imperdíveis para quem gosta de Teatro, para quem gosta de rir e para quem gosta de clássicos. Para quem gosta de rir com clássicos no Teatro, então é fundamental.

Joana Lourenço e Carlos Alves
Uma produção da Ditirambus - Pesquisa Teatral, no ano em que comemora 20 anos de existência, com acolhimento do Teatro Turim. Onivaldo Dutra, Manuela Gomes, Célia Figueira, Joana Lourenço, Ana Campaniço, Rúben Silva e Carlos Alves constituem o elenco dirigido por Marco Mascarenhas.

Manuela Gomes e Onivaldo Dutra
Manuela Gomes e Ana Campaniço
Célia Figueira e Joana Lourenço
Carlos Alves e Joana Lourenço

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um pouco de "Caídas em Desgraça"

São as primeiras imagens de CAÍDAS EM DESGRAÇA. Um excelente trabalho de Cristina Delgado. Só vou aqui disponibilizar três fotografias. No facebook e no instagram terão acesso a mais, agora e ao longo dos próximos dias.

Ana Campaniço e Carlos Alves

Florbela Tibúrcio e Carlos Alves

Carlos Alves e Inês Moita

O espetáculo vai ficar em cena apenas durante duas semanas em Lisboa. Estamos a preparar uma digressão nacional para realizar durante o ano 2016. Mas há duas coisas muito difíceis neste momento: a primeira é manter um espetáculo em cartaz por mais tempo, a segunda é que as estruturas de fora de Lisboa aceitem propostas.
Quanto à primeira, apenas posso sugerir que aproveitem os dias disponíveis para assistir a esta peça. A corrida às reservas foi grande mas ainda há alguns disponíveis. É fácil garantir ingressos acedendo ao site http://accaproducoes.wix.com/teatro
Quanto à segunda, vamos continuar a insistir por levar o nosso trabalho a mais gente e por fazer com que os equipamentos existentes por todo o país acedam a mostrar o que se está a fazer neste momento no Teatro português.


Outras leituras recomendadas:

Blogue "Viver de Tanto Rir" - Conversa com os atores Carlos Alves e Ana Campaniço: "Caídas em Desgraça"

Semanário Oje: “Caídas em Desgraça” no Auditório Carlos Paredes

sábado, 7 de novembro de 2015

Juntei uma história à crise

A próxima é uma semana de estreia no teatro. Chega ao público o espetáculo "Caídas em Desgraça", um texto que compus procurando seguir os moldes da chamada Alta Comédia, em 3 atos, e um desfecho inesperado. O motivo? Esse foi a crise financeira contemporânea. Esta causou-nos a todos muitos sobressaltos, preocupações, indignações... fez-nos mal, em suma. Então, é altura de brincar com ela, achei eu, altura de pegar nessa crise e acrescentar-lhe uma história, mais uma história.
Surge assim "Caídas em Desgraça", um enredo no seio de uma família de banqueiros a quem a crise (?), a má gestão (?), a especulação (?), as más práticas (?)... bom, seja o que for - infelizmente sabemos muito sobre isto, sabemos bem a quem atribuir responsabilidades e sabemos bem quem não as assume e quem não as faz assumir -, atirou para a desgraça, numa casa sem bens, sem comida e, cada vez mais, sem harmonia.
Quem pagou a crise? Os ricos ou os pobres? É uma questão premente. Nesta comédia eu quis que fossem os ricos (caprichos de um autor). Numa altura em que o fosso entre ricos e pobres voltou a estar em evidência, quis atirar para o palco a desgraça de uma família rica e fazer disso uma risada. Não é nada pessoal, é uma perspetiva diferente sobre quem me apetece rir.

Estamos muito satisfeitos com a corrida aos bilhetes que tem havido desde que o espetáculo foi anunciado. Ainda há dias com bilhete disponível e reservar é muito simples - basta seguir este link, preencher o formulário e enviar. O levantamento e pagamento dos bilhetes é feito na bilheteira do Auditório Carlos Paredes, no dia do espetáculo. Mais prático não podia ser!

Termino esta minha curta divagação, dando a palavra ao elenco. Vejam o vídeo:




Peça "Caídas em Desgraça" estreia dia 12 de novembro no Carlos Paredes em Benfica e vai estar em cena dia 12,13,14,19,20,21 às 21h30. Reservas para ac.caproducoes@gmail.com. O e-mail deve conter o seu nome o dia que pretende e o número de bilhetes que quer.Corra porque está a esgotar!
Publicado por Ana Campaniço em Sexta-feira, 6 de Novembro de 2015

domingo, 25 de outubro de 2015

Reflexão com a carga de um dia (e alguns anos)

A noite é um espaço para ter tempo. E tempo para assimilar a carga de um dia passado. A escrita surge sempre de uma carga pesada que trazemos nos ombros. Não somos capazes de escrever bons textos com o corpo leve; de ânimo leve há muito quem o tente fazer mas a leveza é inimiga da boa escrita, independentemente dos best sellers ou dos blogues mais seguidos serem tantas vezes esses mesmos, os usuários da leveza, os inimigos da boa escrita. Não importa. Importa ler (com sentido crítico), refletir (com sentido elevado) e escrever (por necessidade).

Neste espaço que reservei na noite para ter tempo de escrever com a carga pesada de um fim de dia, cabe o Teatro, sempre o Teatro, princípio e fim de muitas coisas depois de quase trinta anos de vida. Não gosto de falar exageradamente da minha profissão. Não gosto de parecer glorificá-la com qualitativos e intenções hiperbólicas. Ainda assim, se quero - e poucas vezes quero - falar dela, terei necessariamente de assumir o que ela me representa. Foi o que fiz nas últimas linhas.

Neste momento, estou com a mente e o corpo disponíveis para dois projetos, dois personagens, duas peças. Dois trabalhos que me fazem tocar limites e a explorar a flexibilidade que sou capaz de alcançar. É uma felicidade e um privilégio poder fazer isso, não é um sacrifício. A divulgação destes espetáculos está a ser feita por canais próprios, não é minha intenção reforçá-la aqui. Importa-me apenas transportar a carga desse trabalho para a escrita de uma reflexão que me ocupa a mente em todas as horas destes dias. É uma partilha íntima de um ator, só isso. Desde a procura de um registo cómico e overact mas consistente, até ao regresso a uma interioridade e uma profundidade na construção de uma personagem. É um desafio necessário, impreterível e, mais do que tudo, exigível a um ator. Daí a sorte e o privilégio. Mas também a angústia e a ansiedade.

É hora de deixar a carga e voltar a pegar nela amanhã. Se estas preocupações interessam a muita gente, não sei. Não estou a escrever um best seller nem este é um blogue dos mais seguidos. Ainda assim, tudo isto é um trabalho que é meu mas que não é feito para mim.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Mil Palavras

Falamos muito
E muito pouco com palavras

As imagens absorvem, subvertem, deslizam
Por uma atenção disparatada

Uma imagem vale mais acompanhada por mil palavras

Carlos Alves, 21.09.2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

"Filho da Mãe" - episódio 5, T1

Ainda aqui não tinha colocado a minha participação na série "Filho da Mãe" do Canal Q, com autoria de Rui Maria Pêgo.
Nunca é tarde. Se não viram ainda, podem aproveitar agora. E podem também continuar a ver aos domingos à noite no Canal Q.
Por aqui fica o 5º episódio desta primeira temporada.

domingo, 18 de outubro de 2015

CAÍDAS EM DESGRAÇA estreia em novembro

Estreia a 12 de novembro!

CAÍDAS EM DESGRAÇA
Comédia sobre a decadência.
Uma antiga família de muitas posses caída em desgraça. As contas estão a zero, as dívidas acumulam-se, os bens foram penhorados, incluindo os móveis da casa e até as pessoas já são poucas, umas porque morreram, outras porque sempre tiveram uma amizade proporcional aos zeros dos extractos bancários. Desta família só resta a matriarca, viúva há mais de cinco anos; a filha, de 20 anos; a nora, divorciada do marido - o filho, que abandonou a família após a morte do pai e agora vive no Dubai -, mas que nunca deixou a casa da família; e o mordomo, que a mãe se recusou sempre a dispensar. Uma perspetiva cómica da crise financeira atual no seio de uma família rica mas “caída em desgraça”.

Autoria: Carlos Alves Encenação: Carlos Alves e Ana Campaniço
Elenco: Carlos Alves, Ana Campaniço, Inês Moita, Florbela Tiburcio
Som e Iluminação: Soraia Monteiro
Fotografia: Cristina Delgado
Design gráfico: FLC
Apoios: EKA Palace, RDS Rádio, A.C.A.M - Associação Cristã de Acolhimento Milénio, OCCI - Instituto da Visão

De 12 a 21 de Novembro (5ª a sábado) - 21h30, no Auditório Carlos Paredes - Benfica

Pré-reservas para o email: ac.caproducoes@gmail.com



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 6

1. O Partido Unido dos Reformados e Pensionistas entrou nos espaços de tempo de antena e com vigor. Quer dizer, com algum reumatismo mas ativo. Um pouco mortiço, na verdade. Enfim, não é certo que os candidatos do partido sobrevivam mais quatro anos, pelo que talvez não valha a pena votar.
2. Durante o fim de semana não farei o «Vamos ver os Direitos de Antena». Não fiquem assim porque vocês não os veem nunca.

Até segunda!

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 5

1. Finalmente o "Juntos pelo Povo" apresentou o seu tempo de antena. É um vídeo em que narram a história da sua fundação e tentam explicar mais ou menos o que são. Portanto, o "Juntos pelo Povo" não apela ao voto, para eles já é bom se as pessoas souberem que eles existem. Um pouco na linha de alguém que aceita fazer um estágio não remunerado. Ela não quer ganhar dinheiro, chega-lhe apanhar o transporte público de manhã para se deslocar a uma empresa.
2. O PAN voltou à carga com sete medidas ditas essenciais. Todas elas relevantes. Escolho a de conferir direitos à Natureza como a minha preferida. A Natureza também está eufórica com esta.
3. Por fim, o PNR. Ah, o PNR! É o único partido em cujos programas de direito de antena aparece a polícia. Não porque o PNR apresente uma solução de alto nível para o estatuto das forças de segurança. Acontece é que sempre que há pessoas do PNR juntas convém estarem acompanhadas pela polícia, para evitar espancamentos e isso.

Por hoje é tudo. Até amanhã!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 4

1. Quando iniciei esta tarefa épica de analisar os tempos de antena, não imaginava que fosse tão árdua. É extremamente aborrecido assistir aos espaços reservados aos partidos políticos. Tenho a certeza que nunca ninguém decidiu o seu voto com base nos tempos de antena. Se sim, essa pessoa é doente.
2. Preciso de alguma coragem para entrar na análise dos tempos de direito de antena do PNR. Lá irei. Eles não ficarão magoados por os fazer esperar, julgo eu. Não tenho ideia de no PNR haver pessoas sensíveis.

 Boa campanha para todos e uma palavra amiga para o cabelo do Garcia Pereira!

5 coisas que deve saber sobre praia


Agora que o verão terminou, faz todo o sentido deixar alguns conselhos para quem pretende visitar as praias portuguesas.

1. Que roupas usar

Qualquer tecido é bom para cobrir o corpo. Nas praias de nudismo, qualquer tecido é mau. Em qualquer dos casos, evite aproximar-se de pessoas que enverguem mantos pratos por cima das costas. Têm instintos assassinos ou suicidas, ainda que nunca desejem morrer sozinhos. Estes seres vivos dão muito à costa nesta época do ano, depois de a Direção-Geral do Ensino Superior abrir as portas à entrada de novos elementos para a tribo.

2. Escolha bem o que leva para ler na praia

Estes artigos com listas de coisas que deve saber são idiotas. Mas são bons para ler na praia. Pessoas que andam na universidade há mais de cinco anos, devem levar também o Código Penal. Talvez não saiam de lá sem precisar dele e podem assim poupar dinheiro num advogado.

3. Hidratação é fundamental

Mas não à base de água do mar. Há garrafas de plástico que contêm dentro um líquido que se chama água e que, quando ingerido, hidrata o organismo. Esta informação é útil para alunos de universidade. A cerveja e o vinho não produzem o mesmo efeito.

4. Vigilância e segurança

Verifique sempre se a praia está vigiada por um nadador-salvador. Estes, por norma, vestem camisola amarela e calções vermelhos. Não há nadadores-salvadores com capa preta. Não confie nestes.

5. Planeie o seu tempo na praia

Aproveite cada momento na praia para aproveitar ao seu gosto. Nas praias não há roteiros estabelecidos. Se lhe disserem para se enterrar na areia e aguardar que a maré suba ou para comer dejetos de animais, isso não faz parte de nenhum roteiro turístico. Provavelmente estará envolvido numa praxe académica.


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 3

1. E, ao terceiro dia de campanha eleitoral, não notei nenhuma falta na entrega de material para os tempos de direito de antena. Joana Amaral Dias também não apareceu de faca na mão. Uf!
2. O PAN - Pessoas, Animais e Natureza proporcionou a xaropada do dia. Um avião de papel sobrevoava algo que podia ser um mapa mundi ou um pedaço de papel de parede ilustrado aqui e acolá com belos cãezinhos e outras imagens com aspeto tumblr. Uma voz feminina de quem está sob efeitos de antidepressivos apelava ao sonho, ao são convívio entre os vários reinos animais e a uma felicidade suprema. Conclui o PAN que tal não é utopia, pode ser realidade.
3. Ficou por esclarecer o regime fiscal que se propões para as baratas, bem como as propostas para sustentabilidade da Segurança Social, se é que ela faz falta. Os gatos vivem sem Segurança Social desde sempre e muitos conseguem ter whiskas à mesa.
4. O PAN não apresentou qualquer pessoa, perdão, qualquer animal no seu tempo de antena, pelo que desconheço as individualidades que se candidatam. O Inspetor Max já não tem capital político, na minha opinião, e as sardinhas do Atlântico estão mais preocupadas em não desaparecer todas antes dos próximos Santos Populares. Se optarem por uma pessoa (enfim, é uma ideia...), pode ser qualquer uma menos a que faz a voz do programa. Até o António Costa fazia melhor.

Divirtam-se, assistam a marketing político rudimentar!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 2 (hoje com vídeo)

1. Prometi falar hoje do "Juntos pelo Povo". Nasceu na Madeira e concorre agora em 14 círculos eleitorais - nos quais os Açores não estão incluídos - sob o lema "Para Portugal, Contamos Todos". Aparentemente, Todos os que se encontram nesses 14 círculos; os outros não podem contar lá grande coisa para o "Juntos pelo Povo".
2. Mas voltando aos tempos de antena propriamente ditos, hoje foi o Partido Unido dos Reformados e Pensionistas a faltar à escola e a não entregar o programa às televisões. É normal, são reformados, querem é estar sossegados. Ainda não vi nenhuma ação de campanha do Reformados e Pensionistas mas também não tenho andado muito pelos jardins de Lisboa.
3. O destaque de hoje, porém, vai para o trabalho do Agir - PTP/ MAS. Joana Amaral Dias aparece, surpreendentemente nesta campanha, com bastante roupa mas com uma faca na mão. "Os Portugueses têm a FACA e têm o queijo na mão". Foi esta a frase que me fez ter medo de Joana Amaral Dias. A forma como a candidata diz FACA faz crer que ela está prestes a espetá-la em qualquer coisa menos no queijo que tem ao lado. Fiquei arrepiado e receio que Joana Amaral Dias possa não estar bem.

Até amanhã!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

«Vamos ver os Direitos de Antena» - Dia 1

1. Já assisti aos primeiros "direitos de antena" desta campanha eleitoral - os "direitos de antena" são o meu vinil na política. Gostei especialmente do grito de guerra "Morte aos traidores!" por parte do PCTP-MRPP. Apelar à morte na televisão é corajoso, eriçou-me os pelinhos dos braços (e acho que os do ânus também) mas é muito 1974, sem cravo nem agravo.
Boa sorte para o MRPP, espero que possam rever essa parte da morte no programa!
2. O "Juntos pelo Povo" não facultou o respetivo programa. O que é o "Juntos pelo Povo? Já que eles não facultam programas para os direitos de antena, eu vou, com os meus recursos, descobrir o que é o "Juntos pelo Povo" e amanhã trarei os resultados da investigação.
Devo fazer notar que só soube da existência do "Juntos pelo Povo" pelo facto de o "Juntos pelo Povo" não ter entregue o programa para o espaço de emissão nas televisões. Como estratégia, está bem visto não entregar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

"Caídas em Desgraça" estreia em novembro

Nova produção a estrear em novembro. "Caídas em Desgraça" é uma comédia inédita, no seio de uma família a quem a crise não poupou. A partir de 12 de novembro no Auditório Carlos Paredes.



O RISCO DE UMA CAPA SEXY



A imagem que ilustra este artigo foi o melhor cartaz de campanha que já vi a propósito das próximas eleições legislativas. O melhor porque o que transmite a mensagem mais verdadeira. “O Risco”. É exactamente isso que os Portugueses vão fazer no dia 4 de outubro. Correr um grande risco. É abundantemente arriscado dar mais quatro anos para Passos Coelho e Paulo Portas brincarem aos contabilistas com uma sociedade que não vive só dos números do INE nem se aguenta só a exportar. Há-de haver quem gostasse também de consumir alguma coisa cá dentro. Um antigo lema do Turismo de Portugal dizia “Vá para fora cá dentro”. O lema económico da coligação assemelha-se a um “Vai para fora, não é para comer cá dentro”. (Não quero com isto dar ideias para novos cartazes, já basta o que basta). Ninguém questionará o bom que é ter uma economia exportadora mas o discurso deste Governo sempre foi o de uma cozinheira que prepara um banquete mas não deixa ninguém provar os rissóis na cozinha. Já em relação a António Costa, estamos perante um risco incalculável, de tal forma que nem o INE será capaz de prever a dimensão da catástrofe. É tudo um risco e só a gravidez de Joana Amaral Dias, exposta na revista de Cristina Ferreira, nos alerta para isso. Fiquei muito tempo atento a esse risco até achar que estava há tempo demais a olhar para o corpo de uma mulher grávida.

Eu não sei quanto vale eleitoralmente uma capa sexy numa revista. A julgar pela carreira política de Cavaco Silva, vale muito pouco. No entanto, é bom lembrar que a coligação que Joana Amaral Dias representa nestas eleições é o Agir. A menos que no boletim de voto apareça esta capa desenhada, ninguém se vai lembrar de votar no Agir. Aliás, só há um motivo para votar no Agir que é: depois de votar, tira-se uma fotografia ao boletim com o telemóvel e depois mostra-se aos amigos. Vai dar muitas horas de gargalhadas e diversão! Mas não alinho de forma nenhuma nas críticas ao facto de uma candidata a um cargo político posar sem roupa para uma revista. Em todos os que se candidatam a cargos políticos, a questão da roupa tem sido o menos.


Volto a escrever-vos depois do dia 4 de outubro. Boa sorte! (Ou deixem lá isso da sorte, aceitem só…)

(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 10 de setembro de 2015)

terça-feira, 4 de agosto de 2015

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA EMPANCA

1. Já há muito tempo que tenho na memória a expressão “Agarrem-me senão vou-me a ele”. Trata-se de uma derivação de “cão que ladra não morde” numa versão mais ativa. Naquela, o cão não só não morde como brada para que o impeçam de morder. Tenho essa expressão na minha memória há muito tempo mas não gosto dela, acho-a cobarde, e também desde há muito tempo me repugna a cobardia. Seja como for, “agarrem-me senão vou-me a ele” é a melhor expressão que define todos os apoiantes à distância do Syriza. As forças políticas, associações, coletividades, mesas de café ou cabecinhas pensadoras que, a partir de Portugal, apoiam o Syriza com veemência, não desejavam ter os bancos fechados nem serem impedidos de levantar dinheiro, no entanto aplaudem a garra de um governo que já deixou o seu povo nesse estado. Em apenas meio ano.
A razão porque o Syriza nunca ganharia eleições em Portugal é que, por cá, essa área ideológica está cheia de cães que ladram mas não mordem. É extremamente fácil aplaudir a desgraça de um país inteiro, chamando-lhe resistência. Já resistir até à desgraça não é para fala-baratos.
Nós vamos ter eleições ainda este ano e vamos ter mini-Syrizas também. Vão ladrar mas não vão morder. Ninguém aqui vai desejar que o Estado lhe diga quanto dinheiro é que pode levantar, em nome de uma guerrilha barulhenta e visivelmente desastrosa. A mim, interessa-me muito acabar com o poderio dos funcionários de Bruxelas e meter uma pala sonora à arrogância dos países do Norte. No entanto, não desejo passar fome nessa luta. Estarei a ser cobarde? Talvez. Mas quando espetaram com Portugal na CEE, eu tinha acabado de nascer; quando o atiraram para o euro, eu mal sabia fazer contas; bom, eu só de há poucos anos para cá me estou a inteirar do que fizeram a este país. E está a sair-me do pelo todos os dias. É essa a minha resistência, bem diferente de aplausos e manifestações de apoio a governos de extrema-esquerda, bem contrária ao muito palavreado e pouco resultado dessas campanhas mediáticas e espetaculosas de Syrizas e derivados.

2. Por estar muito tempo fora de Vila Real, acompanho o que vai acontecendo à distância. Assim, vi recentemente imagens da Alameda de Grasse (entre o Teatro e o Centro Comercial) depois das obras. Ficou vermelhinha! Provavelmente estariam já a pensar nas tendências outono/ inverno e então fizeram isso.

Por cá, donde vos escrevo, um vereador da Câmara de Lisboa propôs há dias que se atirasse abaixo uma das principais estações de comboios do país, a de Santa Apolónia, para ali criar um enorme espaço verde com vista para o Barreiro – logo para o Barreiro que nem tem nada para ver. Em Vila Real, tinham um pequeno espaço verde e acharam que era demais. Os espaços verdes são sempre objeto do exagero. 

(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 9 de julho de 2015)

sábado, 1 de agosto de 2015

Dias em Crónica da RDS Rádio interrompido para férias de verão

O Dias em Crónica entrou em férias, regresso em setembro. Como sempre em 87.6 FM (Grande Lisboa) e em www.rds.pt (para todo o mundo).
Apesar de já me ter despedido (um até já) na rádio, quis deixar-vos um vídeo antes de ir... não se sabe para onde. Quem acompanha a página do programa talvez vá ficar a saber alguma coisa. Vamos dando notícias ao longo deste mês. Bom verão, boas férias!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Curta-metragem "O Convite" de António Almeida - teaser

Está já disponível um teaser da curta-metragem "O Convite", realizada por António Almeida, com Carlos Alves, Ana Campaniço e Andreia Simões no elenco. A produção é da Tubaralho Gravetoless, com o apoio do Cine-Reactor. Vale a pena espreitar!

 

Ficha Técnica:

Argumento & Realização
António Almeida

Diálogos
Nuno Catarino

Elenco
Carlos Alves
Ana Campaniço
Andreia Simões

Assistente de realização 
Marta Vicente

Direção de Fotografia & Câmara
Henrique Montalvao

Direção de Som
Sandra Rodrigues

Assistentes de Som
Leandro Fona
Daniel Melo

Anotação
Concha Silveira

Direção de Arte
Cláudia Pinto
Rita Lopes Cacheira

Maquilhagem & Guarda Roupa
Rita Cacheira

"Tudo Um Pouco"
Daniel Melo

Concepção dos pratos do jantar (Filme)
Filipe Martins

Catering
Caçarola Voadora

Montagem
António Almeida

Página Oficial "O Convite":
https://www.facebook.com/filmeoconvite

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Muito Movimento e Tudo Parado

Em Portugal, continua o registo de muita parra e pouca uva, agora no que toca às matérias gregas. A solidariedade com o povo grego é tanta que só não sei como é que ainda andamos todos a falar português. A alegria com o resultado do referendo na Grécia até me fez esquecer as alturas em que houve referendos em Portugal e mais de metade dos eleitores não pôs lá os pés. Não fazia ideia que os portugueses gostavam tanto de referendos. Ou, se calhar, só gostam dos referendos dos outros. Da mesma forma que mostram solidariedade quando os outros têm a utilização do multibanco racionada. Mas aqui, quando lhes disseram que tinham de trabalhar a recibos verdes, nem abriram a boca. Ou quando lhes oferecem trabalho em troca de um subsídio de alimentação e aceitam sem discutir. Nestes casos, esquecem a vontade de resistir e vão arranjar bandeiras da Grécia para pendurar no Castelo de São Jorge.

Não sei se no final do dia em que ergueram essa bandeira no Castelo foram vistos como heróis junto dos familiares e amigos; se foram, parabéns, mas de resto foi apenas inconsequente. Basta ter imaginação e tempo livre para “entrar” nas lutas dos que estão longe; para as lutas de cá dentro, as que importam e nos são próximas, é preciso coragem. E essa está claramente ao nível de não ter medo de subir ao castelo. É uma espécie de reivindicação turística.

Esse movimento “Eu não me vendo” tem realizado umas ações a fugir para o engraçado – ainda que eu nunca tenha visto ninguém a rir-se delas – e não passa daí. Esta semana resolveram divertir-se com a bandeira da Grécia. Porque estão solidários. E estar solidários é espalhar bandeiras dos objetos da solidariedade. Não entendo então porque é que ainda não está uma bandeira do Nepal no Castelo de São Jorge. Ou uma da Tunísia. Porque é que não há tamanha solidariedade com os milhares de vítimas do estado Islâmico ou com as dezenas de figurantes das telenovelas. Todos eles sofrem muito e certamente ficariam muito aliviados com as brincadeiras do movimento “Eu não me vendo”.


Este movimento está ligado a um outro movimento, o Agir. Basicamente são pessoas que fazem movimentos e movimentam-se muito mas não sabem muito bem para onde se movem. Eu acho que há pessoas que nasceram para pertencer a movimentos. De manhã, acordam e vão para o movimento, depois almoçam no movimento e à tarde saem para ir ao outro movimento porque antes de jantar ainda vão ter um workshop em movimentos e depois uma conferência com o chefe do movimento, que lhes vai explicar como nasceu o movimento e pedir-lhes para pensar em casa o que é que querem fazer com o movimento. No dia seguinte, ainda não descobriram o que fazer com o movimento e então saem do movimento e criam outro movimento.

Mas afinal tanto movimento nem uma brisa levanta.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sobre as dúvidas quanto ao ensino das artes

Estive esta manhã num júri de avaliação das provas de aptidão profissional de alunos finalistas do curso de Artes do Espetáculo, numa escola secundária de Lisboa. Avaliar estas provas é sempre observar o resultado de três anos de aprendizagens, de desenvolvimento de competências profissionais e artísticas.
Contudo, mais do que os domínios práticos e teóricos, aqueles alunos demonstram ter adquirido um profundo conhecimento de si próprios, do que são e do que querem ser, do valor do trabalho em equipa e do relacionamento interpessoal. Noutras áreas, por certo teriam adquirido conhecimentos técnicos e científicos importantes para poderem vir a ser médicos, engenheiros, gestores, e bem, porque todas essas funções são de grande importância. Com o Teatro, para além dos conceitos, aprenderam-se a si próprios. É um grande desígnio da Educação este de levar ao auto-conhecimento.
Se há alguém com dúvidas sobre o papel do ensino de Artes nas escolas, tem aqui a solução para essas dúvidas; se existe alguém que ache esse ensino menos prioritário, saiba que está a desprezar uma missão importante da Escola, a de formar homens e mulheres e não apenas técnicos e executores.

domingo, 5 de julho de 2015

FORMAS DE PASSAR O VERÃO (TODAS ELAS MÁS) - III

Casamentos. Se há momento em que a família nos incomoda é quando alguém decide casar. Em agosto. Não nos podiam estragar outro fim de semana qualquer, tantos que há no ano, tinham que nos destruir um fim de semana de agosto. Dos quatro fins-de semana em que gostávamos de estar sossegados, a fazer coisas que não temos oportunidade de fazer no resto do ano, a dar mergulhos, a apanhar sol sem ter de olhar para o relógio, a passear e a fazer almoçaradas sem compromissos a preocupar-nos, há sempre algum elemento da nossa família que nos obriga a vestir um fato super quente e a apertar uma gravata debaixo de 40 graus de temperatura, porque decidiu casar. Eu também decido muitas coisas que de certeza vão hipotecar a minha vida para sempre, mas não chateio ninguém para vir assistir.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Festival da Fome

Na semana passada decorreu em Oeiras o Festival de Sushi da Europa. Eu não fui lá mas os que lá foram passaram fome. Ainda bem porque também foi isso que aconteceu sempre que amigos meus me forçaram a ir a um restaurante de sushi. Passei fome. Mas a culpa é minha, atenção! Na mente dos coisinhos do sushi, a culpa de não gostarmos de sushi é nossa. Não é do sushi, é nossa. Alguma coisa não está bem com uma pessoa que não tem prazer em meter coisas viscosas na boca. Mas então, os loucos por sushi que foram ao festival, contando encher o bandulho de peixe cru, passaram a fome dos desgraçados. Isto porque os cozinheiros (não sei se é assim que se chamam os tipos que enrolam postas de peixe) demoraram mais de duas horas até começarem a servir. Imagino o tempo que levariam se tivessem de cozinhar o peixe. Se me tivessem chamado, eu ia lá fazer umas brasas e em quinze minutos tínhamos sardinhada. Preferiram desprezar os tempos de cozedura, tramaram-se. Uma das pessoas, irritada, dizia: “Estive 3 horas na fila para comer sushi quente e com espinhas”. Quente? Vê lá se não estava cozido. É que se estava cozido, vomita. Peixe cozido é que não! Toda a gente sabe que o peixe é para comer cru, aliás o maior erro do Homem foi ter descoberto o fogo, porque isso não serve para nada. Eu gostava de desejar francas melhoras a todos os que se sentiram defraudados pelo festival e faço daqui um apelo à organização para que, no sentido de compensar as pessoas, promovam um grande cozido à portuguesa para todos. Vão ver que um bom fogão com água a ferver nunca desilude ninguém.

Alimentem-se!

Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - II

Algarve. “Não, para mim, verão é Algarve”... Claro que para ti verão é Algarve, da mesma forma que televisão é Teresa Guilherme e livros é Pedro Chagas Freitas. Nunca tiveste a oportunidade de pensar que existe mais alguma coisa. A A2 para o Algarve é a melhor porção de alcatrão que já percorreste na tua vida. E, se calhar, a única.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - I

Para a juventude. Festivais de verão. Vão para um descampado com milhares de outras pessoas, dormem na rua e ouvem música. Qualquer sem abrigo faz isso com a maior das naturalidades. A diferença é que não coloca fotos no facebook nem no instagram. Depois de terem pago uma quantia valente para entrar no descampado, engolem pó e fingem que já conheciam as bandas todas que estão a tocar. Ouvem as bandas e continuam a comer pó. Bebem. Para empurrar o pó. As miúdas que gostam tanto de sexo com estranhos como de pó, praticam-no à noite e de manhã, no meio do pó… e de formigas. Os rapazes que gostam de estar em sítios onde facilmente há miúdas que gostam tanto de sexo como de pó, fazem companhia às miúdas e às formigas. Fazer sexo num festival não é uma relação afectivo-sexual, é um filme porno para as formigas. Quando acabam os dias do festival, as pessoas são libertadas e há qualquer coisa no pó que as faz dizer que aquilo foi muito bom. Na verdade, só saem dali mais sujos e com a possibilidade de serem pais de uma garrafa de vodka.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Entrevista na SIC Internacional

Participação no programa "Alô Portugal" da SIC Internacional, apresentado por José Figueiras. Convidada principal: Ana Campaniço.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Comida Mastigada

Tudo o que é restaurante dito da moda confeciona hambúrgueres. De carne, de atum, de salmão… pelo menos é o que eles dizem porque, na verdade, eu não sei o que é que eles metem lá. Basicamente, a moda transformou comida de fast food em algo que é fixe comer. Agora, se queres ser moderno, come hambúrgueres. Não importa que já tenham sido inventados há décadas, pois agora é que é um prato moderno. As hamburguerias crescem como cogumelos, há hamburguerias em todo o lado. Ainda na semana passada ia a andar na rua e de repente estava dentro de uma hamburgueria. “E agora, como é que eu saio daqui? Isto é só copos de gin, nem consigo ver a saída”. E estavam lá as pessoas a comer hambúrgueres a pensar que se estavam a alimentar.
Fazem um hambúrguer com cinquenta gramas de qualquer coisa e os clientes pagam como se tivessem comido um bife de quarto de quilo. E ainda saem felizes e sorridentes, ciosos do modernismo que acabaram de cometer.
É assim que isto funciona. É claro que ingerir um balde de gin tónico antes de comer o hambúrguer ajuda muito. Depois de meio litro de gin com água, gelo e serpentinas qualquer coisa parece fixe. Até um rato no espeto servia. Porque o que importa é ser moderno, mastigar carne moída e citar Pedro Chagas Freitas. Não importa o conteúdo, o que interessa é a forma. E se a forma vier descrita na Time Out é porque é fixe.

A praga das hamburguerias é de tal modo que qualquer dia queremos comer comida e não há. Só em casa e às escondidas, porque comer carne é coisa do século passado. Temos uma sociedade habituada a comida mastigada, por isso é que agora gosta tanto de hambúrgueres. O hambúrguer representa perfeitamente tudo o que somos enquanto sociedade. Não se veem filmes em que seja preciso pensar um bocadinho, lêem-se livros que, na primeira página já se percebe como é a última, procura-se teatro que nos trata como estúpidos que não conseguem ir mais além, por isso fazem-se coisas simples para que as pessoas percebam, nas telenovelas não se arrisca muito porque o público tem sempre de levar com as mesmas histórias, as mesmas músicas, as mesmas caras… Tudo isto são hambúrgueres de uma cultura fast food. E como todo o fast food, esta cultura só serve para ser defecada.
Mas a diarreias mentais estamos todos habituados.


E eu vou comer alguma coisa, ver se consigo que me façam uma sandes de queijo que seja mesmo com queijo. Porque pode ser moda meter-lhe rúcula e escamas de robalo e eu não li a Time Out este mês. Gostava que fosse mesmo só com queijo. Sem uma estrela desenhada. O pão podia ser mesmo de trigo, sem salsa nem casacas de amendoim. Vamos ver!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

«ROMEU E JULIETA - A REVOLTA» NO TEATRO TURIM - DOIS ESPETÁCULOS ESPECIAIS

Vão ser apenas duas apresentações, nos dias 7 e 14 de junho, às 21h30, no Teatro Turim.

Depois de dois meses em cena em Loures e do sucesso nos Açores, o espetáculo chega agora a Lisboa para duas noites únicas no Teatro Turim.

São apenas duas apresentações, a lotação é muito limitada.
Comecem já a reservar!
Reservas: reservas@teatroturim.com ou pelos telefones 916041447 ou 217 606 666
Bilhetes à venda na Bilheteira Online.

Duração aproximada do espetáculo: 50 minutos




Sinopse 

William Shakespeare condenou Romeu e Julieta a um amor impossível. Agora, os dois jovens dizem “basta”. Depois de alguns séculos, Romeu e Julieta revoltam-se contra o autor que lhes deu vida e forçam uma viragem na sua história, vergados, porém, às regras que lhes estão impostas pelo texto universal de Shakespeare. Esta é uma comédia em torno da história de amor mais famosa do Teatro, uma desconstrução completa dos dois protagonistas.

É um texto puramente cómico, a espaços absurdo, com uma intenção clara de divertir, sem cair na ridicularização de nada, antes aproveitando coisas que julgamos importantes para as desconstruir. Esta proximidade entre o divertimento e as referências literárias e teatrais é algo que vemos como essencial neste trabalho.

terça-feira, 19 de maio de 2015

"A Confissão" regressa em junho com novos horários

O espetáculo de café teatro "A Confissão" entrou numa curta pausa até ao final do mês. Regressa à Quinta do Almirante no dia 4 de junho e, a partir daí, sempre à quinta-feira (e apenas dois espetáculos por mês, na primeira e terceira quintas do mês).

Em junho: dias 4 e 18, 22 horas

Tudo explicado no vídeo.

Informamos que os horários do café teatro no Almirante Bar, com o espetaculo "A Confissão" vão passar a ser à quinta. At...
Posted by Ana Campaniço on Segunda-feira, 18 de Maio de 2015

quarta-feira, 6 de maio de 2015

É outra brincadeira de mau gosto, não é?

Rolou esta semana a notícia de que Katia Aveiro, irmã de Cristiano Ronaldo - e é sempre importante referir este epíteto – irmã de Cristiano Ronaldo – porque, se o não fosse, Katia Aveiro não seria relevante, seria apenas mais uma jovem igual a tantas por esses bairros sociais fora. Assim, é notícia de jornal e, desta vez, por alegadamente ter sido contratada para integrar uma telenovela da TVI. Não conhecemos ainda todos os contornos deste crime mas esperamos a todo o momento que nos chegue a informação de que isto é apenas um saco de roupa na Ponte 25 de abril. Para já, estamos em pânico mas talvez mais logo alguém nos possa vir dizer que tudo não passou de uma brincadeira de muito mau gosto.

Se assim não for, não entendo e eu próprio gostava que alguém me devolvesse todo o dinheiro que investi na minha formação, a mim e a todos os meus colegas de profissão. Não reconheço a Katia Aveiro qualquer talento na área da representação, não lhe sei de nenhumas habilitações para exercer esta profissão nem acho que seja sequer pensável isto acontecer numa das principais televisões deste país e com uma produtora de ficção premiada internacionalmente. Pelos vistos, pensado já foi, nem que seja apenas por quem escreveu a notícia. Se foi só por esse ou essa, espero sinceramente que arranje coisas mais interessantes para fazer, mas se Katia Aveiro é realmente uma hipótese em cima da mesa para um trabalho sério como seja representar, então isto não é um país, é um território reservado ao exercício de palhaçadas e a profissão de ator não tem aqui qualquer valor, sendo que qualquer boneco a pode desempenhar.

Agora tenho de ir. Vou fazer duas cirurgias ali no Santa Maria e depois vou passar pelo Tribunal, talvez ainda despache dois julgamentos hoje. Se der tempo, ainda faço uma presença numa discoteca disfarçado de irmã de jogador da bola. Adeus!

domingo, 3 de maio de 2015

Dê Sangue. Não Seja Maricas.

Tenho estado atento à polémica relacionada com a dádiva de sangue, nomeadamente a dádiva de sangue por homossexuais do sexo masculino. São os que não podem.
«Então o cavalheiro é homossexual, não é? Então leve o seu sangue, faça uma cabidela, faça o que quiser, mas aqui não entra». E aqui não entra é uma frase que muitos homossexuais estão habituados a ouvir. Agora podem ouvi-la também vinda do Instituto do Sangue.

Esta restrição estende-se apenas aos homossexuais homens, tanto quanto o chamado fator de risco está na zona anal do ser humano. Partindo do princípio de que o sexo anal é algo exclusivo dos homossexuais – as pessoas do Instituto do Sangue não sabem o que andam a perder -, o seu sangue é visto como um presente envenenado. Até agora ainda ninguém me tirou da cabeça que esta restrição foi inventada por um gay com medo de agulhas. Mas, passando esta ideia, a polémica instalou-se no plano da discriminação. Como sempre. Quanto a mim, discriminação era se os homossexuais fossem obrigados a dar sangue, mas isso sou eu que gosto de ver as coisas de pernas para o ar.

Eu não sou um especialista em sangue, gostava de esclarecer isso, pelo que não sei avaliar a qualidade do sangue de ninguém. Se eu estivesse no hospital a precisar de receber sangue de alguém, não me importava nada de receber o de homossexual, de certeza que não era por isso que ia sair da clínica com purpurinas nem a correr para o balneário de um ginásio.

Vamos lá ver, senhores homossexuais, dar sangue também não é uma experiência do outro mundo, não tem nada a ver com uma party gay no Terreiro do Paço, não pensem isso, daí que se não vos deixarem, não vão que não perdem nada. Se ainda assim quiserem ir, vão e não se vangloriem da vossa condição. Cheguem lá, calminhos, não se atirem ao enfermeiro, mintam no questionário. Se mesmo assim vos chatearem, talvez seja da camisola de alças. Troquem.

Ídolos para que vos quero?

O Ídolos, como programa de talentos, não está mal. Acredito que os operadores de câmara do programa tenham muito talento para manobrar as máquinas. Quanto ao resto, a maior parte dos concorrentes são uma vergonha e meia dúzia até são capazes de afinar notas. Mas todos eles cantam melhor do que os elementos do júri, digo eu que nunca os ouvi cantar e isso já pode querer dizer alguma coisa.

O Ídolos, como programa de televisão, é o que é; como propósito para alguém ou alguma coisa é uma nulidade. Emoções fabricadas, sonhos que têm tudo para acabar desfeitos e uma produção inteira a brincar com aquilo tudo porque é impossível que levem aquilo a sério. Os jovens que se sujeitam à figura que têm de fazer naquele casting ou são de tal modo alucinados e não têm uma mãe com coragem para lhes dizer que até aproveita para bater a sopa quando eles estão a cantar no banho ou até podiam ser cantores mas estão a desperdiçar essa vontade num programa que está à procura de um Ídolo para Portugal, coisa de que Portugal não precisa.

Portugal não precisa de Ídolos, Portugal precisa de pessoas competentes em tudo o que saibam fazer. E quando dizem que estão à procura de um Ídolo, o que querem dizer é que procuram um rapaz ou uma rapariga para cantar letras que rimam “não” com “coração” e isso não é um Ídolo, isso é a resposta para pessoas que têm tanto vento na cabeça como os Alpes em pleno inverno. Ninguém, muito menos o júri, está à espera que daquele programa saia um cantor capaz de construir uma carreira duradoura e coerente porque, naqueles concorrentes, coerência é o último atributo que nos vem à cabeça e duradouros, só se for à base de comprimidos antidepressivos.

O Tempo Dele

Ele cresceu num tempo novo. O tempo é sempre novo para quem nasce mas há tempos que sofreram um abalo tão violento e repentino que se desfiguraram por completo. Foi tudo tão rápido e de repente tudo era diferente. Ele nasceu na era diferente. Cresceu no tempo presente que só com esforço deixa adivinhar o passado. Cresceu num tempo em que não existem torres gémeas na América. Num tempo também em que os aviões não caem só por acidente; aliás, é surpreendente quando caem por acidente. Expectável é que alguém os faça cair, seja por que motivo for. Já pouco importa. Um co-piloto de mal com a vida é um motivo como outro qualquer. Ainda não se conhece nenhum dentista deprimido que implante cáries nas pessoas mas não seria estranho, nesse tempo em que ele cresceu. De resto, deixou de haver estranho. Nada é estranho. Quando muito há coisas insólitas. As coisas insólitas vendem jornais e são muito partilhadas entre as gentes no facebook. É um sítio desse tempo, o facebook, um sítio onde o insólito é depositado e explorado até à náusea. Ele cresceu nesse sítio também. Partilhou-o com gatinhos que fazem coisas engraçadas, talvez, mas sobretudo aborrecidas e partilhou-o com “gatinhas” que procuram fazer coisas engraçadas a quem quer que esteja aborrecido (o termo “gatinha” é usado pelas próprias como um conceito de marketing para a venda). Ele cresceu num tempo que substituiu a busca da verdade pela procura do insólito. Criaram-se televisões cuja missão é estarem atentas ao insólito para o reproduzirem nu e cru, transformaram-se jornalistas em expedicionários de coisas insólitas, transformou-se a Diana Chaves em apresentadora de televisão. O insólito permitiu abrir muitas portas. Para lá do beiral, estava sempre um abismo.

Ele cresceu num tempo em que era difícil crescer. Fisicamente sim. Teve a oportunidade de ficar grande e robusto. Ele quis isso mesmo e os donos dos ginásios aplaudiram essa vontade. Mas o tempo que se gasta a saltar à corda é o tempo que se gasta a saltar à corda e não tem efeitos no minuto seguinte. Porque no minuto seguinte pouco mais havia do que tardes de má música na televisão, bailarinas que vestidas ninguém dava nada por elas e o Nuno Eiró. Nesse tempo, os dedos iam-se adaptando aos telefones e tudo era pretexto para criar um número com indicativo 760. Eram 60 cêntimos mais IVA para o galheiro… Os 60 cêntimos e o IVA.

Ele cresceu num tempo novo, um tempo de pessoas velhas. O progresso e a evolução estão instalados mas é como se fosse preciso autorização para progredir e evoluir. E há uma burocracia gigante para quem quer ser e fazer. Uma burocracia de mediocridade, uma ditadura da ignorância como primado. Numa sociedade que se diz liberal, é irónico que perdure a estupidez como pensamento único.

(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 2 de abril de 2015)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Movimento dos Reformados e Pensionistas

O Movimento dos Reformados e Pensionistas entregou no Tribunal Constitucional as assinaturas necessárias para se constituir como Partido e concorrer às próximas eleições legislativas. Um movimento de reformados e pensionistas, para mim, é uma excursão. Mas se lhe quiserem chamar partido político, eu aceito de bom grado.

Para um movimento de pensionistas, concorrer às legislativas pode não ser a melhor aposta. As presidenciais têm muito mais a ver com formas de gozar a reforma. Mas os responsáveis pelo movimento – e chamar movimento a um grupo de pessoas que começa a ter artroses já preenche todos os padrões da ironia - dizem que querem concorrer a todos os cargos do país. Vejam lá se o coração aguenta isso tudo!... Mas para os pelouros da juventude é bom.

É sempre saudável para uma democracia o surgimento de novas forças político-partidárias, claro que sim, é de louvar e é assim que a democracia se fortifica e rejuvenesce. Bom, neste caso, não rejuvenesce. Mas pode ser que se fortifique. Com suplementos de cálcio.

Não sei se já está definido alguém para compor o hino de campanha... Estavam a pensar em quem? Tony de Matos? António Mourão?

terça-feira, 7 de abril de 2015

A CONFISSÃO - Em estreia no Almirante

Uma mulher viciada em sexo discorre sobre os seus desejos e fetiches. Quando surge um padre, a atenção da mulher vira-se completamente para ele. O diálogo com o padre assume contornos de confissão, em que ambos vão discutir os assuntos mais íntimos da vida desta mulher.

Estreia na próxima terça-feira a nova peça de café teatro no AlmiranteBar!

14 de abril às 22 horas - Almirante Bar (Quinta do Almirante - Sto. António dos Cavaleiros)


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Segunda Temporada no Almirante começa na próxima semana

Está terminada a temporada de «Romeu e Julieta - A Revolta» no Almirante. Agora seria interessante que o espetáculo fosse levado a outros locais do país. E isso pode muito bem acontecer. Seria interessante apresentá-lo num teatro em Lisboa. E isso também.

A programação teatral do Almirante prossegue na próxima semana com uma nova peça. Chama-se «A Confissão» e todos os detalhes serão revelados amanhã.

Temos conseguido, no Almirante, proporcionar noites de Teatro únicas. Únicas pelo espaço, únicas pela originalidade dos textos, únicas pelo ambiente. Foi ali que a Revolta de Romeu e Julieta começou, é ali que uma nova história vai começar na próxima terça-feira. Gostávamos de ter todo o público desta primeira temporada a voltar durante a segunda. Os que ainda não tiveram oportunidade de vir, estão completamente a tempo. É agora!

segunda-feira, 16 de março de 2015

Teatro e descontração num espaço de requinte

Almirante Bar​, um espaço de excelência em Santo António dos Cavaleiros promove todas as terças-feiras noites de café teatro com os atores Carlos Alves​ e Ana Campaniço​.

A peça «Romeu e Julieta - A Revolta» está em cena desde janeiro e entrou agora na reta final até à estreia de um novo espetáculo logo no início de abril.

Uma forma descontraída de ver teatro num espaço requintado com espetáculos de diversão garantida.







terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A caminho do ano e meio no ar

A rubrica Dias em Crónica está há quase um ano e meio no ar, com cerca de duas centenas de programas emitidos, numa das rádios mais ouvidas na área da Grande Lisboa.
Todas as terças, quintas e sábados na RDS Rádio - 87.6 FM.

Dias em Crónica é também o nome da minha coluna mensal no semanário A Voz de Trás-os-Montes.

A página oficial apresenta conteúdos exclusivos todos os dias.
http://facebook.com/diasemcronica


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Não tão perto

Há pessoas que falam comigo tão próximas de mim que eu acho sempre que me vão beijar. "É agora, é agora"... Felizmente para elas, mas sobretudo para mim, não beijam. Eu é que não prestei atenção à conversa, estava concentrado em impedir um linguado iminente.

De resto, as pessoas que falam com a cara quase encostada à nossa, ou estão numa discoteca, e aí o assunto da conversa é a última coisa que queremos saber, ou têm trissomia, e aí idem aspas. Na discoteca até acontece um mix muito giro que é com pessoas que falam connosco, que parece de facto que têm trissomia (não só os porteiros) e que nos enfiam a língua pela goela abaixo ao fim de duas palavras. Eu faço análises todas as sextas-feiras.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Crónica policial

Passar uns dias no Interior do país é muitas coisas. Boas, claro. Mas diferentes também. Passar uns dias no Interior do país, por exemplo, é habituarmo-nos a ver carros da GNR com muita frequência. Ou o tradicional jipe. Nenhuma outra polícia em Portugal mantém o jipe com o brio com que a GNR o faz. As viaturas da GNR confundem-se com as paisagens do Interior português. Dá por vezes a sensação de que só há GNR no Interior, e creio que só não há nas Ilhas Selvagens porque então aí é que os espanhóis ficavam com aquilo sem sequer pedir licença. Não sei como é que decidiram que as aldeias podiam perfeitamente ficar com a GNR nem sei em que é que os criminosos do Interior são menos do que os outros. O Interior pode ter muitas queixas em relação ao Litoral mas não se pode esquecer que um dia mandaram fazer fardas de propósito para lá.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carta para a minha namorada no dia de São Valentim

Meu amor,

Hoje quis fazer de ti a mulher mais feliz do mundo. Foi o nosso primeiro dia dos namorados juntos e esperei por ele para te dizer tudo o que sinto por ti. Escrevo-te esta carta depois de todas as surpresas que te preparei. Decidi trazer-te ao Porto neste dia – disseste-me uma vez que não conhecias o Porto, eu não me esqueci. Espero que tenhas gostado da cidade, do restaurante, do hotel. Eu gostei especialmente da tua companhia. E do sexo. Foi a primeira vez que não tive de pensar noutra mulher para me excitar. Correu bem.

Estiveste linda, sorridente, feliz o dia todo! Fizeste-me sentir feliz também. Nem por uma vez telefonaste às tuas amigas a perguntar o que achavam de mim, também nunca disseste que estavas farta de estar ali e que querias voltar para casa. Foi, de facto, um dia diferente e ambos sentimos isso. Eu falei a sério em todas as vezes que disse que te amava. Amo-te muito mesmo!

Obrigado por este dia maravilhoso. Quando estiveres a ler isto, já fui ter com a Sónia, a tua amiga que dizes ser uma pessoa única para ti e que te disse que, à falta de melhor, eu até nem era mau. Ela é muito bonita, inteligente e era nela que eu pensava para me excitar. Agora vai ser mais fácil.

Apanha o expresso para Lisboa. O hotel está pago até à hora de almoço.


Beijo!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Dia dos Namorados

Catorze de Fevereiro, um dia que tinha tudo para serem mais 24 horas de agradável existência mas que virou inferno e chinfrineira porque alguém se lembrou que o S. Valentim tinha que patrocinar jantares românticos, ramos de flores e passeios de mãos dadas.

O Dia dos Namorados não passa de uma campanha de marketing à escala planetária, que visa aumentar as vendas de rosas, jóias, reservas em restaurantes e objectos de sex shop. Ao mesmo tempo ajuda a indústria farmacêutica e aumenta as vendas de comprimidos para o enjoo. Eu por exemplo já comprei várias caixas para aguentar o dia de hoje.

Por esta altura, devem estar a pensar que eu afinal sou um frustrado, que nunca estive com uma mulher por menos de 20 euros e que não suporto o amor. Porque era o que eu pensaria se lesse um texto igual a este. Mas, na verdade, o que eu sou é um palhacinho que gosta de implicar com tudo e é só isso.

Mas voltando à vaca fria, que o microondas está avariado, o que vai acontecer no dia de hoje é que, se eu quiser jantar fora tenho vários problemas. Primeiro, se for sozinho, sou um desgraçado que nem namorada tem. Se for com um amigo, sou gay. Se for com uma amiga, espetam-nos com duas velas à frente e um prato decorado com corações, o que pode tornar-se embaraçoso para os dois. Se for de facto com uma namorada, sou idiota porque estou para aqui com coisas e afinal sou igual aos outros.

E o mesmo se passa caso queira ir ao cinema.
Mas o cinema ainda me levanta outras questões. Como é que será uma sala de cinema num dia dos namorados. Presumo que seja uma sala grande com dezenas de pessoas a namorar. Cada um para o seu lado, com certeza, para não parecer um programa da Teresa Guilherme. Agora, se eu hoje for sozinho ao cinema vou meter-me no meio de casais de namorados. A meio do filme vou começar a ficar sem saber o que fazer, de certeza. Ou me concentro ainda mais no ecrã, tentando esquecer o que se passa à minha volta, ou junto-me à festa, o que talvez não seja elegante da minha parte.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

"Romeu e Julieta - A Revolta" regressa dia 24 ao Almirante

Na próxima terça-feira é Carnaval e, por isso, o espetáculo "Romeu e Julieta - A Revolta" no Almirante Bar faz uma interrupção. Voltamos na semana seguinte, dia 24.
Até lá e bom Carnaval!


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Café teatro às terças no Almirante Bar

«Romeu e Julieta - A Revolta»

Terças-feiras no AlmiranteBar. Entrada livre*

*Apenas é cobrado o consumo feito no bar

Sinopse

Algumas opiniões do público publicadas nas nossas páginas após a estreia:
"Aconselho! Descontraída maneira de beber e saborear um café" (Luís Spencer)
"Gostei e recomendo..." (Fernanda Neves)
"A não perder. MUITO BOM" (Sérgio Matos Mendes)

Fotografia: Cristina Delgado



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Quanto vale um energúmeno?

Eu não sei quanto vale uma vida. Mário Amorim Lopes acha que"vale todo o nosso esforço". Já não é mau. Para alguém que aparenta caminhar em raízes quadradas, achar que vale todo o nosso esforço (e não todo o nosso esforço a dividir pelo número de betinhas que somos capazes de comer numa noite no Urban) já é uma vitória humanística. Mário Amorim Lopes perdeu tempo - atenção, Mário, tempo é dinheiro! fizeste bem as contas sobre a rentabilidade de escrever esta prosa mal amanhada? - a explicar que os recursos são escassos. Pois, Mário, não é preciso estudar na Universidade do Porto para saber isso. Em qualquer universidade se aprende e na escola primária também. E os recursos serem escassos é uma inevitabilidade do mundo. E temos de viver com isso. Se não fosse isso, gajos como tu, Mário, não serviam para nada. Assim, servem. Ainda que, na maior parte das vezes, para dizer banalidades como as tuas.
Aquilo que já não é uma banalidade é a tentativa quase criminosa de transferir a responsabilidade da falta de dinheiro na Saúde para o Teatro. Acredito que o dinheiro que o Estado dedica à Universidade do Porto te dê muito mais jeito, mas se calhar salvava mais vidas.
Mário Amorim Lopes diz que quando financiamos uma peça (de Brecht) estamos a "reduzir os recursos disponíveis para mais um tratamento que possa salvar mais uma vida. E sacrificar a vida de uma criança é um preço demasiado elevado a pagar". Mas quando se faz uma peça neste país há pessoas a pagar bilhete (com IVA), profissionais a pagar IRS e mais uma série de contribuições, licenças de representação, direitos de autor e impostos sobre os direitos de autor e... não tenho a tua profissão, Mário, investiga tu o resto. Já quando se paga a um professor, é isso que se faz, paga-se a um professor. E crianças a precisar desse dinheiro para se salvarem...


Terminando, eu não sei quantificar quanto vale uma vida. Mas sei que um energúmeno sai-nos muito caro!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Explicação de um Amor Falhado (poema revisitado)

Deste em confundir-me
- Refira-se primeiro -
Até gostavas de andar com um homem
Mas preferias que fosse azeiteiro.
Não foi pois certeiro
Achares que era eu
Estavas longe de uma Julieta
Para eu ser o teu Romeu.

Sabíamos que era treta
Tudo o que me dizias
Gostavas de receber SMS
Mas nem ler sabias.
Era sempre muito própria a tua ideia do que era bom
Tinhas sonhos
Coisas que querias
Mas não podes ser mais do que revendedora da Avon.

Foste o meu amor falhado
O meu romance perdido
Eu tinha o coração cheio
O teu estava todo fodido.
Pode agora parecer feio
Dizer-te tudo o que sinto
Para te compreenderes melhor
Lê a Margarida Rebelo Pinto.
Ela vai descansar-te
Os homens é que não valem nada
- E é melhor pensares assim
Do que ficares ressabiada.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Um sorriso mente mais do que mil palavras

Ontem foi sexta-feira e saí à noite. Conheci uma rapariga. Ela achava que era linda mas não era tanto como achava. Sucedeu que estava muito frio para lhe dizer a verdade. Não gosto de ficar em casa numa sexta-feira à noite. Até os adolescentes saem numa sexta-feira à noite e, se eu ficar em casa, começo a pensar que tenho um pai que é diferente dos outros pais que deixam os filhos sair à noite. Eu não sou adolescente e o meu pai não está preocupado se eu saio à noite ou se fico a ver o "Havai - Força Especial" na Fox. Se eu ficasse a ver o "Havai - Força Especial", o meu pai duvidaria da minha heterossexualidade e aí talvez ficasse preocupado. Ou talvez nem assim, porque ele também sempre deixou passar em claro as tardes que eu e o meu primo passávamos no quarto fechado à chave.
A rapariga que era linda mas não tanto como achava falava muito e isso cansava-me. Se ela fosse tão linda como achava que era, eu ouviria e tudo me pareceriam pérolas, assim foi só chato. Assim fiquei ofendido por ser alvo de atenção de alguém medianamente bonito. Gostava de ter-lhe dito que não fui à procura dela nem à procura de ninguém. Fui só porque não me apetecia ver o "Havai - Força Especial" e porque o meu pai merece que eu olhe para ele como um bom pai, não pior do que um pai dos adolescentes que têm autorização para sair e vomitar numa sexta-feira à noite. Gostava de ter-lhe dito que era linda mas não tanto como ela achava, só que estava muito frio para lhe dizer a verdade e um sorriso mente mais do que mil palavras.

Hoje de manhã deixei-lhe um bilhete a dizer: "és lindíssima"... Espero que ela não acredite em alguém que sai sem se despedir.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sem pedir desculpa

Escorro-te nas lágrimas sem pedir desculpa
- o nevoeiro nos olhos depois de cegares
e não veres que nunca estive lá


Carlos Alves
18.01.2015

Espaços

a espaços saímos soltos e voltamos calados
a espaços cruzamos os braços com força
movemos cidades a espaços

na profundidade erguemos terraços
donde se vê de longe e para trás, de perto e em frente
a espaços julgamo-nos belos, imponentes, ilustres

a espaços esquecemos as palavras
que foram inventadas para dizer que sim.

Carlos Alves
17.01.2015

Depois da rota

depois da rota que escolhemos transviar
do gelo em que escorregamos sem cair
dos olhares que consentem mas não calam
paramos de novo na pele do teu pescoço.

Carlos Alves
04.01.2015

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Terças-feiras no Almirante com Romeu e Julieta

Depois da estreia, na terça-feira, tivemos a oportunidade de ouvir os espectadores e colegas que assistiram ao «Romeu e Julieta - A Revolta». Era importante fazer isso, num trabalho que vai estar sempre em crescimento. De semana para semana vamos acrescentando pontos, desenvolvendo ideias, reforçando as atuações. É um espetáculo carregado de pequenas referências (personagens literárias e do cinema, músicas, História e questões do quotidiano) que podem expandir-se à medida que vamos trabalhando, num processo contínuo. É uma oportunidade de luxo poder trabalhar assim, com um pensamento claro de realizar um trabalho de excelência e oferecer o melhor ao nosso público.
Ao longo destes dias temos recebido várias reações por parte de quem nos assistiu, fosse através da página do Almirante (https://www.facebook.com/pages/AlmiranteBar/177862315584987?fref=ts), fosse por meio das nossas.
Na próxima terça-feira estamos de volta à revolta e assim vai ser todas as semanas. No final de março, levamo-la também à ilha de São Miguel, nos Açores.

Não deixem de vir às noites de café teatro no Almirante!

Fotografia: Cristina Delgado

Almirante
R. Comandante Sacadura Cabral, 106

Ponte De Frielas, Loures (Santo António dos Cavaleiros)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Amanhã é dia de estreia!

Amanhã é dia de estreia. Mais uma estreia, mais um desafio a ser concretizado, mais um espetáculo a vir à luz. Todos são especiais, todos envolveram muito trabalho e todos valeram a pena. Com este também é assim.
«Romeu e Julieta - A Revolta» é o resultado de um processo iniciado há cerca de três meses. Passou por vários momentos, alguns de dúvida, mas essencialmente um processo que permitiu agora, dia 27, apresentar uma peça de café teatro e desenvolver um projeto que o espaço Almirante decidiu aceitar e apoiar.
Temos tudo pronto. Começamos às 22 horas. O único que ainda não entrou neste processo foi o público. Vai ser o último a fazê-lo. O último mas essencial para que o espetáculo existe.

Romeu e Julieta têm outra história para viver. Querem partilhá-la convosco!



Fotografias: Cristina Delgado

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ROMEU E JULIETA - A REVOLTA

SINOPSE

William Shakespeare condenou Romeu e Julieta a um amor impossível. Agora, os dois jovens dizem “basta”. Depois de alguns séculos, Romeu e Julieta revoltam-se contra o autor que lhes deu vida e forçam uma viragem na sua história, vergados, porém, às regras que lhes estão impostas pelo texto universal de Shakespeare. Esta é uma comédia em torno da história de amor mais famosa do Teatro, uma desconstrução completa dos dois protagonistas.

Criação de Carlos Alves e Ana Campaniço

Estreia dia 27!