terça-feira, 4 de agosto de 2015

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA EMPANCA

1. Já há muito tempo que tenho na memória a expressão “Agarrem-me senão vou-me a ele”. Trata-se de uma derivação de “cão que ladra não morde” numa versão mais ativa. Naquela, o cão não só não morde como brada para que o impeçam de morder. Tenho essa expressão na minha memória há muito tempo mas não gosto dela, acho-a cobarde, e também desde há muito tempo me repugna a cobardia. Seja como for, “agarrem-me senão vou-me a ele” é a melhor expressão que define todos os apoiantes à distância do Syriza. As forças políticas, associações, coletividades, mesas de café ou cabecinhas pensadoras que, a partir de Portugal, apoiam o Syriza com veemência, não desejavam ter os bancos fechados nem serem impedidos de levantar dinheiro, no entanto aplaudem a garra de um governo que já deixou o seu povo nesse estado. Em apenas meio ano.
A razão porque o Syriza nunca ganharia eleições em Portugal é que, por cá, essa área ideológica está cheia de cães que ladram mas não mordem. É extremamente fácil aplaudir a desgraça de um país inteiro, chamando-lhe resistência. Já resistir até à desgraça não é para fala-baratos.
Nós vamos ter eleições ainda este ano e vamos ter mini-Syrizas também. Vão ladrar mas não vão morder. Ninguém aqui vai desejar que o Estado lhe diga quanto dinheiro é que pode levantar, em nome de uma guerrilha barulhenta e visivelmente desastrosa. A mim, interessa-me muito acabar com o poderio dos funcionários de Bruxelas e meter uma pala sonora à arrogância dos países do Norte. No entanto, não desejo passar fome nessa luta. Estarei a ser cobarde? Talvez. Mas quando espetaram com Portugal na CEE, eu tinha acabado de nascer; quando o atiraram para o euro, eu mal sabia fazer contas; bom, eu só de há poucos anos para cá me estou a inteirar do que fizeram a este país. E está a sair-me do pelo todos os dias. É essa a minha resistência, bem diferente de aplausos e manifestações de apoio a governos de extrema-esquerda, bem contrária ao muito palavreado e pouco resultado dessas campanhas mediáticas e espetaculosas de Syrizas e derivados.

2. Por estar muito tempo fora de Vila Real, acompanho o que vai acontecendo à distância. Assim, vi recentemente imagens da Alameda de Grasse (entre o Teatro e o Centro Comercial) depois das obras. Ficou vermelhinha! Provavelmente estariam já a pensar nas tendências outono/ inverno e então fizeram isso.

Por cá, donde vos escrevo, um vereador da Câmara de Lisboa propôs há dias que se atirasse abaixo uma das principais estações de comboios do país, a de Santa Apolónia, para ali criar um enorme espaço verde com vista para o Barreiro – logo para o Barreiro que nem tem nada para ver. Em Vila Real, tinham um pequeno espaço verde e acharam que era demais. Os espaços verdes são sempre objeto do exagero. 

(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 9 de julho de 2015)

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