quarta-feira, 30 de junho de 2010

Corte e Cultura

Excelente crónica de Vítor Belanciano no P2 de hoje sobre a Cultura em tempo de crise. Ele explica de forma breve porque é que a actividade cultural não é só para os períodos de prosperidade. Os políticos, de resto, também o sabem. José Sócrates apontou o fraco apoio dado à Cultura como a principal falha do seu último mandato, Cavaco Silva ainda há poucos dias exaltava a importância (mesmo económica) das indústrias culturais e até Passos Coelho recentemente lembrava que estas indústrias são as que mais contribuem para o PIB, tanto em Portugal como no resto da Europa. No entanto, ainda deixamos que a Cultura seja vista como a parte inútil do nosso "desenvolvimento" económico, o lado fútil da nossa sociedade. É um erro. Ricos nunca vamos ser, evitemos ao menos ser estúpidos!

sábado, 26 de junho de 2010

"Vamos ou não vamos ou vamos esperar"

Continua em cena no Ibérico a peça ASSIM QUE PASSEM CINCO ANOS, um dos textos do surrealismo de Federico Garcia Lorca. Pouquíssimas vezes representado em Portugal, é uma oportunidade para conhecer esta história e uma peça de grande beleza.
Aqui ficam algumas imagens, só para ver o ambiente:

segunda-feira, 14 de junho de 2010

ASSIM QUE PASSEM CINCO ANOS

O Teatro Ibérico estreia esta semana (quinta-feira) uma nova peça, um texto de Federico Garcia Lorca, ASSIM QUE PASSEM CINCO ANOS.

Um jovem espera cinco anos pela noiva. Passado esse tempo é rejeitado por ela. Agora, ele tem na sua dactilógrafa, a mulher que sempre o amou e que ele rejeitou, a última oportunidade de chegar ao noivado e satisfazer o desejo da paternidade.
ASSIM QUE PASSEM CINCO ANOS é uma reflexão sobre a passagem do tempo e os efeitos que provoca.
Nesta peça temos uma história de amor e de rejeição, para afinal o amor ser sempre um amor adiado. Talvez tudo vá acontecer assim que passem cinco anos; talvez os cinco anos não cheguem a passar. A inevitabilidade do tempo que avança é igual à vontade de que ele recue. Nos avanços e recuos acaba sempre por faltar tempo ou adiar-se tudo por tempo demais. O amor é adiado; e a morte, também pode ser? E o adiamento do amor não será, para este jovem, uma morte da sua juventude, um caminho irreversível para as rugas no rosto?
Estará em cena a partir de quinta-feira, dia 17, até 4 de Julho, de quinta a domingo, sempre às 21h30.

Encenação: Onivaldo Dutra e Marco Mascarenhas
Elenco: Marco Mascarenhas, Miguel Ferraria, Sérgio Coragem, Rita d’Almeida, Joana Lourenço, Joana Purificação, Carlos Alves, Ana Paula Mota, Carolina Duarte, João d’Almeida, Carlos Catarino, Tânia Alves, Helena Miranda, Isabel Trole, Eurides Lopes e Fernando Alves.

Teatro Ibérico - Rua de Xabregas, 54
Telefone: 218 682 531

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"Amor de D.Perlimplim com Belisa em seu Jardim" de Federico Garcia Lorca

O Teatro Ibérico, com a companhia de teatro Candileias del Desierto, da Universidad Autónoma de Ciudad de Juarez México, estão a apresentar o espectáculo "Amor de D. Perlimplim e Belisa em seu Jardim". De quinta a sábado, às 21h30. Termina a 12 de Junho.


"Aleluia erótica em quatro quadros, cuja acção decorre no Séc. XVIII. Esta obra é um dos principais textos dramáticos de Garcia Lorca, devido às suas caracteristicas poéticas e à dimensão humana dos seus personagens.É uma canção de amor impossivel que oscila entre a paixão e a morte, onde D.Perlimplim, um homem inocente envolto pela tristeza da velhice, descobre tardiamente o amor e a paixão na figura da jovem Belisa.E diante da sua incapacidade e impotência de nunca poder corresponder à chama viva da paixão dela, o destino condu-lo por caminhos escabrosos de desespero que o levam à criação de um amante imaginário, que a faz apaixonar-se e a seduz através da paixão. O que leva as personagens ao desencontro, à loucura e à morte".


Encenação de Xosé Manuel Blanco Gil

Interpretação:
José Blanco Gil (México-Portugal)
Virginia Ordoñez (México)
Maria de la Luz Aida Peréz (México)
Manuela Gomes (Portugal)
Sérgio Coragem (Portugal)
Carlos Catarino (Portugal)
Miguel Ferraria (Portugal)
Carlos Alves (Portugal)
João Almeida (Portugal)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A fé que pára tudo num Estado laico

O feriado do Corpo de Deus é a prova mais evidente de que Portugal é um Estado laico (e ainda bem) mas não é um país de laicos. Ainda bem também - porque para territórios sem tradição, cultura, valores e sentimento colectivo já existem os desertos e as florestas virgens.
O dia do Corpo de Deus celebra aquilo que há de mais sagrado na religião cristã e ao qual só se pode chegar pela fé. Não há outra forma de entender a comunhão do Corpo de Cristo. Um país que reserva feriado para o dia em que esta manifestação de fé é solenizada não sofre com certeza por excesso de laicismo.
No caso, por exemplo, do Natal e da Páscoa, festas igualmente religiosas, não se coloca esta questão da fé. Quem a não tenha pode sempre dizer que está a celebrar duas datas históricas e fica perfeitamente justificado (embora o mais comum é celebrarem porque toda a gente celebra, sem necessidade de justificações). Já a festa do Corpo de Deus não é uma data histórica, é uma festa puramente religiosa, unicamente cristã, nada tem de temporal nem de terreno, só cabe no campo da fé. E, no entanto, é feriado em Portugal.
E faz sentido isto? Para mim faz, mas eu também não acho que em Portugal tenhamos de ser todos laicos só porque o Estado o é.


Passadeira de flores, criada para a procissão do Corpo de Deus, em Vila Verde, concelho de Alijó (Trás-os-Montes)