segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Guerreiro Psiquico LIVRO


Este foi o vídeo que produzimos para promoção de um livro, a convite do próprio autor, Aníbal Ávila Castro.

O vídeo foi lançado ontem e podem vê-lo aqui.

Se tiverem curiosidade sobre o livro, passem pelo site oficial:
http://www.guerreiro-psiquico.net/

Ficha Técnica:
Elenco - Carlos Alves, Carlos Catarino, Joana Lourenço
Montagem, Edição e Pós-produção: Eduardo Alves
Realização: Carlos Alves e Eduardo Alves
Produção: Ditirambus


terça-feira, 6 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

UMA HISTÓRIA DE HALLOWEEN

As tardes em sítios calmos e retirados podem ser aborrecidas. Mas ela sentia esse aborrecimento com prazer, era um aborrecimento que a fazia sentir-se bem. O desapego de não ter deixado nada por fazer por nada ter planeado e a consciência de que o que fez não tem o valor suficiente para ser considerado alguma coisa. Uns quantos programas de televisão consumidos de seguida sem sentido crítico, apenas absorção, enquanto lá fora o vento se mostrava menos complacente com as árvores que rodeavam tanto o jardim da casa que agora habitava provisoriamente como o da casa da frente. Não conhecia o vizinho da frente, tinham-lhe dito até que ele não existia, que ninguém morava naquela casa. O certo é que as árvores permaneciam lá.

---- Ler a história completa em http://carloalves.tumblr.com/ ---

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Promo Carlos Alves no Qlub 71




Localização do Qlub71:
Rua Adriano Correia de Oliveira, Queluz (junto à PSP)

Ver mapa maior

Qlub 71

Neste vídeo podem conhecer todos os eventos artísticos que o Qlub 71 vai proporcionando semana após semana e dar uma vista de olhos pelo espaço. Mas o melhor mesmo é visitá-lo. As minhas atuações lá acontecem nas primeiras quintas-feiras de cada mês.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Gabriela anda a chegar muito cedo a casa?

Os dois programas que têm motivado mais queixas dos telespectadores à ERC nos últimos tempos são "Casa dos Segredos" e "Gabriela". No caso deste último, elas são provocadas pelas cenas ousadas e pela "linguagem de teor alegadamente inapropriado para o horário da sua transmissão".
Apesar do direito de reclamar, que é equivalente ao direito de usar um telecomando, estes telespectadores podem não estar certos. Acontece que a telenovela "Gabriela" não passa cedo. Os portugueses veem televisão até tarde, o nosso horário estende-se por várias horas até ao início da madrugada, ao contrário do que se passa noutros países europeus, isso sim. O que não significa que 22h40, a hora a que habitualmente começa o programa, seja cedo. Logo, a linguagem e as cenas apresentadas não estão assim tão desfasadas do horário de transmissão; podem estar desfasadas dos hábitos de consumo dos telespectadores mas aí a solução passará por uma adequação desse consumo.
O mesmo não se pode dizer de "Casa dos Segredos" que, esse sim, passa cedo e no pico do horário nobre, e mesmo no período da tarde. A linguagem é igualmente (?... é mais!) obscena, pese embora a preocupação em esconder os palavrões, e as imagens igualmente ousadas. Ainda que menos bem filmadas, há que dizê-lo. Porque é um reality show e não uma produção de ficção altamente cuidada e, em alguns momentos, quase cinematográfica.
"Gabriela" é um produto de elevada qualidade e nenhum programador o pode remeter para as duas horas da madrugada, esperando que todos vão dormir.
E, afinal, a Petra nunca será uma Juliana Paes.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

O Nosso Sonho Adiado


Em 2013, vão sair 70 mil milhões da economia para alimentar o Estado e seus credores amestrados, ou os credores de um Estado amestrado. É assombroso, porque o lugar do dinheiro é a circular na economia, não é a ser chupado por exaustores financeiros.
Ai Vítor Gaspar, o liberalismo é o nosso sonho adiado!


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O Prémio que uma Europa Merecia


O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, reagiu à atribuição do Prémio Nobel à União Europeia como sendo uma grande honra para 500 milhões. Concordo em absoluto e só posso perceber que alguns desses 500 milhões não se sintam honrados, se atender aos problemas que afetam o projeto e a coesão europeias no momento atual. Pela minha parte, acho que é uma atribuição justa e merecida, dignificante e gratificante para todos quantos lutaram e lutam pela Paz na Europa, para todos quantos quiseram e querem esta união. E acho ainda que seria uma pena que este projeto morresse por uma questão de trocos (milhões de trocos, mas trocos). Quem não estiver à altura de ser líder dentro de uma união que mereceu o nobel da Paz, um dos mais importantes valores da Humanidade, deve retirar-se. Quem achar que está à altura, deve honrar a distinção e parar com guerras (financeiras, mas guerras).

Pegar nesta União Europeia ferida pela alta finança e pela economia global e fazê-la ressurgir forte e renovada devia ser uma ambição de qualquer político deste continente. E se este Prémio já faz muito sentido, nessa altura faria ainda mais.


»» Artigo relacionado: Prémio Nobel por antecipação

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lá dos idos de 2008

Encontrei, no meio de coisas velhas, as cábulas das primeiras simulações de diretos que fiz nas aulas de televisão. Bem pequeninas e escritas de um lado e de outro estrategicamente, facilmente manipuláveis com apenas dois dedos. Era forte o miúdo!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

RÁDIO CLÁSSICA

Esta é a terceira "emissão" da série "Rádio das rádios", desta vez com uma alusão às rádios que passam música clássica. RÁDIO CLÁSSICA segue-se a Rádio do Lugarejo, uma homenagem às rádios locais, e A Rádio das rádios, o episódio inaugural desta série.

A RÁDIO DAS RÁDIOS está sempre disponível no Soundcloud e também no Canal do Carlos Alves no Youtube.

domingo, 16 de setembro de 2012

DEITA O BABICO NO LIXO


A mais recente peça infanto-juvenil produzida pela Ditirambus - Pesquisa Teatral está em cena no Centro Cultural de Carnide, nos dias 22 e 23 de setembro (sábado e domingo), às 16 e 11 horas, respetivamente.
Um texto de Volker Ludwig, com encenação de Marco Mascarenhas e assistência de encenação de Carlos Alves.
Após estas datas, o espetáculo estará disponível para o público escolar, contando inclusivé com o apoio do Programa Passaporte Escolar da Câmara Municipal de Lisboa.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

As Estrelas da Escola

As principais campanhas publicitárias sobre o Regresso às Aulas a circular nos vários veículos de comunicação propõem fazer dos alunos umas estrelas, por intermédio dos materiais para a escola. Transmitem a ideia de que com determinada mochila ou porta-lápis se pode ser o rei do primeiro dia de aulas. Não chegam nem perto de sugerir que esses mesmos materiais possam também proporcionar o mesmo brilho no último dia, depois de se conhecerem as notas.
Fico a pensar que os desejos veiculados por esses anúncios devem transformar este período num momento bem difícil para os pais. Os custos de um início de ano letivo são já por si elevados e, com as crianças empenhadas em ser o David Carreira ou o Boss AC lá do sítio, controlar o orçamento para esta altura deve ser tarefa pelo menos tão complicada como a de pôr a despesa do Estado português a vir por aí abaixo.
Para os anunciantes, vender uma ideia de brilho aos jovens é fácil e eficaz. É tocar no ponto fraco de pessoas que o que mais querem é distinguir-se entre os colegas, serem populares, estarem no centro das atenções do grupo. Porém é uma ideia que fica muito longe daquilo que os pais, que investem, os professores, que planeiam, o país, que também paga, pretendem. E fica, claro, muito longe do que os alunos deviam pretender. Mas eles vêem televisão e depois de as coisas entrarem nos olhos, é difícil tirá-las da cabeça.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os Novos Dialetos da Música de Baile

Tenho refletido ultimamente sobre música popular e "pimba", por força de circunstâncias que têm muito a ver com o facto aleatório de eu estar em Portugal no mês de agosto. E também com o facto de ter uns ouvidos que funcionam. A coisa tem-se passado e, mal por mal, antes aqui do que na Síria...
Sobre a tal música denominada de "pimba" - enfim, ainda bem que não lhe chamaram música "bimba" porque isso ia valorizar muito as pessoas que colam autocolantes no vidro de trás do carro -, muita coisa se diz, se canta e se dança. O povo alegra-se e isso é que é preciso, porque para tristezas já basta a separação da Luciana e do Djaló.
Ainda assim, apraz-me referir a riqueza vocabular que tenho encontrado em canções de música de baile.
Desde o ratatá-tá-tá-tá-tá de José Malhoa, passando pelo eu quero tchu, eu quero tcha de... isso, até ao tchererê-tê-tê-tê de Gustavo Lima. "Nossa"!, assim vocês matam-me!
Já ouvi adeptos de futebol dizer coisas quase tão inteligentes depois de um jogo. Esta é, na realidade, uma forma primitiva de expressão que está a ser retomada, desenvolvida e aplicada em muitos estúdios que gravam música deste calibre por esses Portugal e Brasil fora. Somos povos irmãos, sobretudo na desgraça. Sempre tive uma atração pelo mongloidismo lírico-musical e 2012 marca o momento em que se atingiu o pico do dito.
Vou terminar com uma ou duas frases que não ficam nada atrás da beleza literária que os nossos cançonetistas vão produzindo.

Raca-caraca mula-mulaca, já agora deixavam de fazer canções que envolvessem uma barraca;
Tchum-carabum dança e balança, e há mais coisas do que saber do pai da criança.

Bom agosto para todos! Isto ainda só vai a meio...!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Agora Por Ser Agosto


Agora por ser agosto vou mudar a minha vida
Ver incêndios, fogo posto, enfrascar-me em bebida.
E vou registar em vídeo os meus dias sem trabalhar -
Antes tinha subsídio mas levou-mo o Gaspar -
Prometo fotografar tudo o que à vista me caia
Seja a obra de um artista ou a minha prima de minissaia.
De dia vou para a praia até ficar todo negro
À noite da discoteca só saio quando for ao grego.
Vejo os meus primos da França, dizem-me “comment ça va?
Nós casamos para a semana”. “Para a semana não estou cá”.

Agora por ser agosto já deixei de ser quem era
Ponho o carro na garagem e ando só de acelera.
Fico à espera de uma aragem, debaixo de uma pereira
Vou às procissões da Beira, a Lamego à Romaria
E engatar uma freira se não conseguir a Maria.
Descansar um bocadinho era tudo o que eu queria
Mas acabo por ouvir música pimba noite e dia.
Há muito tempo não via pessoas que encontro agora
Depois de as ver uma semana já só quero que vão embora.
Vêm de fora, da França, do Luxemburgo e da Alemanha
Com eles em Portugal gosto muito mais da Espanha.
Encontro amigos de infância e também ex-namoradas
Eram todas tão bonitas e agora estão tão engordadas.

Hoje por já ser agosto não quero dizer mais nada
Vou correr para Portimão e voltar só em Setembro
Ver gente da televisão bastante cocainada
Mas, quando me perguntarem, dizer que não me lembro.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Na Boca da Noite (2006)

Estas são fotografias da minha estreia no Teatro. Foi em 2006, no Auditório Carlos Paredes - Lisboa. A peça chamava-se "Na Boca da Noite". A que se deve esta nostalgia? Nada. Lembrei-me.



Crónicas de Carlos Alves - Resumo

sábado, 2 de junho de 2012

ESTREIA DE "DEITA O BABICO NO LIXO"

Ontem, Dia Mundial da Criança, estreámos a peça infantil "Deita o Babico no Lixo". Aqui ficam as imagens à entrada para o Salão da Junta de Freguesia de São João (Lisboa), local que a Ditirambus escolheu para apresentar pela primeira vez este novo espetáculo.



quinta-feira, 31 de maio de 2012

DEITA O BABICO NO LIXO

A Ditirambus estreia amanhã, Dia Mundial da Criança, um novo espetáculo infantil para 2012. A peça alemã "Deita o Babico no Lixo" de Volker Ludwig narra a história de um grupo de amigos, colegas de escola, filhos de operários de uma fábrica de brinquedos. Eles convivem também com o filho do dono da fábrica que produz Babico, um robô inútil mas que começa por agradar às crianças. Quando a mãe de um dos meninos é despedida pelo dono da fábrica dos brinquedos, eles tudo vão fazer para que ela volte a ser readmitida.

Este é um espetáculo que leva à reflexão sobre injustiças sociais dos nossos tempos, numa linguagem divertida e acessível para as crianças.
Com Carlos Catarino; Carlos Alves; Íris Lopes; Maureth António; Cláudia Vieira; Catarina Monteiro; Carlos Pires.
Encenação de Marco Mascarenhas.
Direção Musical de Rita Almeida.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Só lendo sem dó nem piedade

Alberto Gonçalves dedicou uma parte da sua crónica na última edição da revista Sábado ao filme "Aquele Querido Mês de Agosto", do Miguel Gomes.
Eu gosto dos textos do Alberto Gonçalves. Gosto do radicalismo assumido, do exagero mordaz, do humor refinado, do politicamente incorreto e do reacionarismo (não necessariamente negativo) da abordagem aos temas e alvos escolhidos. Leio essas crónicas com prazer - a escrita é boa - mas sempre com a convicção de que não podem ser demasiadamente levadas a sério. Digo "a sério" no sentido de uma análise rigorosa dos temas. Essa Alberto Gonçalves não faz e, porventura, nem quer fazer. Aquilo que o autor escolhe para criticar, apontar e maldizer é criticado, apontado e maldito com toda a força que a semântica pode ter. E, pelo caminho, não olha a pormenores nem possibilidades. Pelo contrário, exagera os defeitos para fortalecer o ataque. O resultado é, como disse, um texto bem feito, com piada e normalmente arrasador.
Foi o que fez com o filme do premiado realizador português. Reduziu o "Aquele Querido Mês de Agosto" a uma tentativa falhada de cinema e nem perdeu muito tempo a explicar porquê. Tudo para criticar os cineastas que, com Miguel Gomes à cabeça, se queixam dos cortes nos subsídios para o cinema português. Alberto Gonçalves arrasou uma obra para justificar o seu ponto de vista em relação aos apoios do Estado à Cultura.
Mais uma vez o texto está bem escrito, é divertido e "mortal". Porém, os fundamentos são maus. O autor conta que, enquanto via o filme, metade das pessoas que estavam com ele adormeceram, outras desejavam a morte (já que, diz ele, invejavam um porco que aparece a ser morto) e que acabou por cortar relações com o amigo que propôs o visionamento do DVD. Parece-me um relato exagerado do que se terá passado, mesmo que o filme fosse assim tão mau. Mas não é. É um dos melhores filmes portugueses das últimas décadas (e estou certo de que exagero menos do que Alberto Gonçalves). Já agora, meu caro Alberto, a protagonista não é bombeira. É estudante e vigia florestas no verão, o que é diferente de ser bombeira. Já que queremos entrar a matar, vamos também ser rigorosos. Mas percebo que o que interessava não era a profissão das personagens, era arrasar os clamores por apoios ao Cinema e "bombeira" sempre é um termo mais eficaz para efeitos humorísticos do que "vigilante de florestas". Afinal é isso que importa nas crónicas de Alberto Gonçalves, o efeito e não o substrato. Se o efeito arrasar o substrato melhor ainda.
Por tudo isto, digo que não podem ser levadas muito a sério. Mas eu vou continuar a lê-las. Gosto de as ler, mesmo quando discordo profundamente. Prefiro ler alguma coisa que me desconforte e que choque contra as minhas opiniões de forma até bárbara mas que esteja bem escrita do que olhar para reflexos das minhas opiniões numa prosa que mete medo.

Esta cena é para si, Alberto Gonçalves!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tempo de Mágoa

Em cena. Consultar datas aqui.


Stand Up Comedy com Carlos Alves no Qlub71

Os meus espetáculos de stand up comedy no Bar Qlub71, em Queluz, acontecem todas as primeiras quintas-feiras de cada mês. O de maio já lá vai (e foi bom, disseram-me). O próximo é dia 7 de junho (quinta-feira, lá está... a primeira de junho, lá está). A coisa começa pelas 22h30 e vai por aí fora.

Posso prometer coisas novas todos os meses e nada para baixo de surpreendente.

Caso queiram perguntar-me alguma coisa sobre este assunto, podem contactar-me no Facebook, que eu respondo, em http://facebook.com/carloalves. Também podem deixar mensagem/ comentário aqui na sede, que também será respondido.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Teaser Espetáculo de Stand Up Comedy

Acompanhem o ritmo a que corre a preparação da grande estreia do Espetáculo de Comédia com Carlos Alves e Rúben Silva, esta 5ª feira, no Bar Qlub71, em Queluz.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Novo Espetáculo de Comédia de Carlos Alves

Vai ser apresentado ao público, pela primeira vez, na próxima quinta-feira, dia 3 de maio, no Bar Qlub71, em Queluz. O espetáculo conta com a participação do Rúben Silva e o apoio oficial da Ditirambus - Pesquisa Teatral.


domingo, 22 de abril de 2012

Explicação de um Amor Falhado

Pediste-me jóias
Eu não tive dinheiro
Até gostavas de andar com um ator
Mas preferias que fosse brasileiro.
Achavas foleiro
O meu casaco xadrez
Pediste-me um jantar romântico
Eu levei-te ao chinês.

Sonhavas cruzar o atlântico
Comigo a teu lado
E também que depois do ato
Eu continuasse acordado.
Bastava, sei agora, para tua satisfação
Sexo pela noite fora;
Que eu te teria dado
Se não fosse a disfunção.

Foste o meu amor falhado
O meu romance perdido
Trouxe-te um postalinho
Quando esperavas um vestido.
Eu escrevia beijinho
Tu só escrevias bj
Tu eras muito fofinha
Eu era um idiota.
Mas a vida é assim mesmo
Depois de tudo percebi.
Não podia funcionar
Eu era demais para ti.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tempo de Mágoa

TEMPO DE MÁGOA, anos de uma República Portuguesa esquecida, onde repousa a "Pátria de Salazar" - país do medo e da guerra, da repressão e censura, dos delitos de opinião e prisões políticas com torturas tão mecanicamente perfeitas e infligidas em seres humanos em farrapos, do analfabetismo e miséria, dos "pés descalços" massacrados pelas pedras e gelo, das crianças sem pão e sem nome.
TEMPO DE MÁGOA é uma breve passagem por estes 80 anos de um Povo que chora sem lágrimas.

Uma produção do grupo Ensaiarte. Com texto e encenação de Célia Figueira.

É a peça que estou a fazer e que estreou a 13 de abril deste ano, no Auditório do Pinhal Novo.
As datas dos próximos espetáculos estão aqui.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Rádio do Lugarejo

Esta é mais uma das minhas sátiras ao mundo da Rádio, no fundo a sequela de A Rádio das rádios. Desta vez, foram as rádios locais que inspiraram este momento. Só as coisas boas inspiram a criação e o Rádio do Lugarejo é uma brincadeira produzida com profundo respeito por esse meio maravilhoso que é a Rádio.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Nativos Digitais - Compreender os media é educar para a cidadania

Nativos Digitais é um programa da RTP 2 sobre media, jornalismo e tecnologias da comunicação social. Para quem estudou jornalismo, o programa não tem novidade nenhuma e é até bastante básico na abordagem dos temas. Porém, a maioria da população não estudou jornalismo e, para esses, o que é dito naquele programa não é assim tão senso comum, é, aliás, essencial para compreender o mundo da produção e difusão de informação no mundo contemporâneo.
Esta é, de resto, a grande qualidade do Nativos Digitais. É um programa que fala de jornalismo e comunicação social de uma forma que todos percebem e mostra coisas em que o público não pensa habitualmente, mas que nem por isso devem ser ignoradas.
A RTP 2 presta um verdadeiro serviço público com este programa e está a contribuir para uma educação para os media, que é, no fundo, uma educação para a cidadania.

Por tudo isto, recomendo a página do programa no Facebook, em http://www.facebook.com/nativosdigitais.
O programa é transmitido às terças, às 19h45 e repete de madrugada.


Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2012

Partilho aqui a Mensagem para o Dia Mundial do Teatro. Anualmente, o Instituto Internacional de Teatro da UNESCO, convida alguém ligado a esta arte para escrever essa mensagem. Este ano, a tarefa coube a John Malkovich, que disse assim:

"Que o vosso trabalho seja convincente e genuíno. Que seja profundo, tocante, comunicativo e incomparável. Que nos ajude a refletir sobre a questão do que significa ser humano e que essa reflexão seja conduzida pelo coração, pela sinceridade e pela bondade. Que superem a adversidade, a censura e a escassez algo que, na verdade, muitos de vocês são forçados a confrontar. Que sejam abençoados com talento e rigor necessários para ensinarem, em toda a sua complexidade, as causas pelas quais deve bater o coração Humano, tendo em conta a humildade e a curiosidade para fazer dessa tarefa a obra da vossa vida. E que seja o vosso melhor – porque o melhor que derem, mesmo assim, só acontecerá nos momentos únicos e efémeros – Em consonância com a pergunta mais elementar de todas:
“Porque vivemos?”
Merda!!!"

segunda-feira, 26 de março de 2012

O FRIO QUE FAZ NA CAMA conquista Sete Nomeações em Festival Internacional

A peça "O Frio que Faz na Cama" (produção da Ditirambus - Associação Cultural e Pesquisa Teatral) obteve sete nomeações no Festival Internacional de Teatro de Vila Nova de Gaia:

- Melhor Peça;
- Melhor Encenador (Marco Mascarenhas);
- Melhor Ator (Carlos Alves);
- Melhor Atriz (Célia Figueira);
- Melhor Iluminação (Tiago Fonseca);
- Melhor Cenário (Marco Mascarenhas);
- Melhor Guarda-Roupa.


quarta-feira, 21 de março de 2012

Pessoas Que Não Me Servem

Pessoas que dizem "Vamos indo"
Pessoas para quem tudo é ruim
A chuva, a seca, o Benfica
Tudo é desgosto e nada está bem assim.
Pessoas que sabem quem fica
Que dizem que o autocarro não vem
Que veem sorte em toda a gente
Só a elas nada corre bem.
Que têm um ar doente
O leite está frio, o café quente
Sabem sempre quem saiu
E não lhes escapa alguém que entre.

São pessoas que não me servem
E a culpa não é minha
Mas de facto não me servem
Nem que lhes façam bainha.

Aturar estas pessoas
É penitência cristã.
São pessoas que veem o mundo
Pelo Correio da Manhã
Ou pessoas que ofendem, insultam
E coisas que tais
Tratam-te abaixo de cão
Por não gostares de animais.
Se na honestidade cais e vens a ser menos sensato
Vais meter-te em sarilhos
Elas vivem para o gato!
Mas jamais teriam filhos.

São pessoas como estas
Que não me servem para nada
Mas que me fizeram escrever
Esta coisa apalermada.

21-03-2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Personagem Tó, em O Frio que Faz na Cama


Peça "O Frio que Faz na Cama", de António Manuel Revez; Encenação de Marco Mascarenhas. Produção: Ditirambus (2011)

segunda-feira, 19 de março de 2012

SIC 20 anos - Companheiros de Crescimento

"SIC 20 Anos - Crescemos Juntos" é o claim atual da estação de Carnaxide. Mas quem são estes que cresceram junto com a SIC? Na verdade, tendo esta 20 anos, só duas gerações o podem ter sido. Calculamos que sejam as gerações de 80, que rondavam os 10 anos aquando do nascimento do canal, e a geração de 70, que estaria, nessa altura, entre os 15 e os 20. Os mais velhos do que isso já estavam bem crescidos em 1992.
Não será, pois, abuso considerar que a mensagem da estação está agora dirigida às atuais faixas dos 24 - 39. Talvez seja. Abuso. Mas, dada a sub-representação da população mais idosa nos painéis da GFK, posso ver aqui uma já desistência desse público. Esses não vão ser contados, por isso vamos engraxar os mais novinhos.

Poderá ser uma explicação do tal claim mas não sabemos se é. Provavelmente não. Até porque a programação não indica o mesmo. O combate das manhãs e das tardes com os outros concorrentes mantém-se. A novela da Globo, agora com menos vigor nas audiências e remetida para mais tarde do que no tempo em que "crescíamos com a SIC"; mas a novela portuguesa a assumir a posição, com menos produções ainda do que a TVI mas com mais intensidade na violência e na depressão. Seguindo a tradição da premiada "Laços de Sangue", "Rosa Fogo" tem os seus vilões cuja propensão para a violência pode sempre ir mais longe, dependendo do número de episódios que ainda houver.
Para enfrentar o arrombo provocado pelo "A Tua Cara Não Me É Estranha", chega para semana o "Ídolos". Vamos ver como corre, porque "Ganha Num Minuto" não estava (nem podia) mesmo dar.
De resto, foi preciso esperar 20 anos para ter um programa como o "Gosto Disto"! Mentira. É dos formatos mais batidos em televisão. Vídeos caseiros e engraçados e... é só isso. É claro que este tem os Homens da Luta e o César Mourão. Ambos, à sua maneira, imprimem alguma mais valia a um formato que é terra queimada (mas tem sempre sucesso!) e isso é bom.


Isto agora é daqui para melhor e lamentamos que a teoria do primeiro parágrafo não seja verdadeira. Apesar de tudo, uma diversificação do público-alvo traria diversidade ao panorama audiovisual. Mas isso é estúpido, porque as televisões estão em concorrência direta, pelo que o público que querem é o mesmo. Só na cabeça do autor deste texto é que isto é passível de ser verbalizado. Não, vamos continuar a crescer juntos mas sem grandes alterações hormonais.

sexta-feira, 9 de março de 2012

RTP 55 Anos - Memória e Incerteza

A RTP está a comemorar os seus 55 anos, num período de incerteza quanto ao futuro. A história da televisão pública ainda é em grande parte a história da televisão em Portugal e a matriz do serviço público de audiovisual europeu. A falada e possível privatização de um canal público poderá representar uma transformação histórica na forma como Portugal vê o papel da televisão.
A RTP chega aos 55 anos com uma longa evolução e uma memória extensa. Uma evolução ao nível da tecnologia e da adaptação às novas plataformas e um passado cheia de boas referências e algumas inutilidades também.

No momento atual, a estação reage bem à incerteza do futuro. Continua a merecer a confiança do público, sofre com o novo sistema de audiências mas tem um selo de confiança e tem apostado em formatos e numa programação ao nível dos melhores momentos da sua história (e se também teve momentos maus...). Ao nível da informação, a Grande Entrevista e o novo Sexta às 9 são formatos muito positivos, do melhor que se faz na televisão em sinal aberto. No humor, mantém-se como a garantia de qualidade. O Último a Sair e Estado de Graça são referências muito positivas no portefólio recente do canal. No entretenimento, Herman José, Nicolau Breyner e a já anunciada transição de 5 para a Meia Noite para a RTP1 são exemplos de vitalidade e diversidade. No que toca à ficção, a produção é regrada mas com produtos que fazem a diferença. Liberdade XXI, Pai à Força e Velhos Amigos, bem como alguns telefilmes recentes, servem para o demonstrar.
No que toca ao cinema emitido, tem havido melhorias significativas desde o início deste ano.
É claro que há ainda coisas a estragar a fotografia. Chamar-lhe-ia emplastros neste retrato. Mas do Preço Certo e outros que tais já não tenho muito mais a dizer.

Sobra que estes 55 anos chegam com uma RTP viva, com qualidade, diferente dos privados e com os lucros a crescer (18,9 milhões de euros em 2011, mais 26% do que em 2010). O Serviço Público há-de ser sempre discutido e nunca se há-de chegar lá, embora não seja difícil perceber que televisão com qualidade é afinal o primeiro critério. O resto virá por acréscimo.
A continuar a fazer-se daqui para melhor, não vejo que a RTP devesse ser privatizada, mas não consta que eu perceba muito de finanças e tenho só uma pequena biblioteca.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Dia Mundial da Rádio

Hoje é o 1º Dia Mundial da Rádio, instituído pela UNESCO. Aqui fica a minha homenagem ao mundo da rádio.

 

O FRIO QUE FAZ NA CAMA em Festival Internacional de Teatro

A peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA foi selecionada para o Festival Internacional de Teatro "CALE-se", de Vila Nova de Gaia. O espetáculo será apresentado no dia 25 de fevereiro, na Associação Recreativa de Canidelo - Vila Nova de Gaia, às 22 horas.

Esta participação no festival ocorre exatamente um ano após a nossa estreia nacional (em 25 de fevereiro de 2011, nas Caldas da Rainha). Assim, O FRIO QUE FAZ NA CAMA conta já com um ano de representações. Desta vez, preparamo-nos para viajar até ao norte.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Normal é não ser Vulgar


São diferentes as pessoas normais das pessoas vulgares. Por vezes, diz-se que um tipo é normal, vulgar. Está errado. Só pode ser uma coisa ou outra. A maior parte das pessoas são vulgares, algumas são normais e poucas são extraordinárias. Mas o normal não devia ser como é a maioria das pessoas? Não, porque o normal seria não ser vulgar. Dificilmente uma pessoa extraordinária convive bem com uma vulgar, podendo contudo dar-se com uma normal. A normalidade aqui não tem em conta aspetos físicos, mentais ou intelectuais. Esta categorização baseia-se apenas em quadros comportamentais.

Ir a um centro comercial, podemos dizer, é uma ação vulgar, da mesma forma que comer é vulgar, ou dormir ou tomar banho. Todas as pessoas vulgares o fazem e as pessoas extraordinárias também. Mas podemos estar no centro comercial e falar alto ao telemóvel, atirar piropos às mulheres ou aos homens que lá andam, dar encontrões também aos que lá andam ou envergar um fato de treino. No entanto, podemos não fazer nada disso no centro comercial, isto é, podemos ser normais. Dir-me-ão, mas a maior parte das pessoas não faz isso. Pois não, mas isto é apenas um exemplo e a vulgaridade tem vários patamares, este é dos mais baixos.

Mas mesmo as pessoas vulgares podem ser especiais para alguém. Há sempre alguém que vai adorar a forma como és capaz de fazer cem quilómetros em 40 minutos, num carro cujas peças sabes de cor e que, se for preciso, desmontas, montas e rebocas, também em 40 minutos (já agora, para ficar bem). Alguém gostará da vulgaridade que é ocupar três horas do teu dia a mexer em máquinas de um ginásio. Terás quem seja capaz de ficar contigo, todos os dias, a ver a mesma telenovela de 400 episódios, que só vai terminar no próximo ano. Ou seja, para teu consolo, és um tipo vulgar, mas alguém te vai achar especial.

Não podes esperar, contudo, que muita gente te ache assim. É difícil encontrar compatibilidade fora da vulgaridade e, na vulgaridade, como já vimos, a concorrência é muita. Já aqueles que flutuam acima da vulgaridade, conseguem ficar na retina de mais gente. É fácil um indivíduo vulgar fascinar-se por um normal, da mesma forma que a todos impressionam as pessoas extraordinárias. Impressionam sempre e causam inveja às vezes, e a inveja é uma coisa tão vulgar, que se torna difícil entender que pessoas que o não são, a sintam.

O que distingue a pessoa normal da vulgar é a vontade de querer ser extraordinária. Poucas hão-de conseguir mas é essa luta que as mantém em cima. E para quem quer ser mais, a vulgaridade queima.

domingo, 29 de janeiro de 2012

As particulares entrevistas de Marta

Uma particularidade linda das entrevistas feitas por Marta Leite Castro (um beijinho para ela! - é assim que se faz quando se vai falar mal de alguém) é que ela nunca faz perguntas. Faz afirmações e depois o entrevistado comenta e lá vai falando, parecendo que está a responder a alguma coisa mas não, está a ser fala barato, para não dizer que está a falar sozinho. O único resquício de pergunta na intervenção de Marta é o "não é?" com que ela sempre remata o que afirma. O entrevistado normalmente concorda, como era de esperar uma vez que a própria entrevistadora, quando faz a pergunta, já sabe a resposta, e desenvolve. Basicamente é assim uma "entrevista", que, após esta explicação, já tem de ser com aspas, de Marta Leite Castro.
Posto isto, eu tenho a certeza que sei exatamente como é que se podia estragar-lhe uma entrevista. Mas não vou dizer porque não quero que ninguém faça isso.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dizer Não


Quantas vezes dizemos não ao longo de um dia? Quantas ouvimos não ao longo da vida? Tantas ou mais ou menos do que ouvimos e dizemos sim? Não é fácil contabilizar, nem esta é uma questão de estatística comparada. Será inútil equiparar termos que não se comparam. A densidade de um sim não é a mesma da de um não. O sim é leve, o não pesa. O sim absorve-se facilmente, o não custa a digerir. São os nãos e nunca os sins que temos dificuldade de engolir. Se aceitamos com facilidade e regozijo um sim, é uma indigestão o que nos provoca o não. Donde se conclui que seriam precisos muitos sins para assumir a força de um não.

Porém, uma boa parte das nossas existências, levamo-las a conviver com nãos. Assumamos que são os nãos que ouvimos na nossa infância que nos fizeram crescer como pessoas, que moldaram a nossa personalidade. Demos, pois, esta de barato ainda que confunda pensar que essa personalidade é em parte negativa porque alicerçada em nãos ouvidos, mais do que sentidos.

Só mais tarde pode sentir-se o não com mais força, logo mais dor.

É difícil, por exemplo, imaginar uma repartição pública sem o não. Pensem na Segurança Social, nas Finanças ou no Centro de Saúde. É possível marcar uma consulta para amanhã? – Não. Já podem dizer-me alguma coisa sobre o meu pedido do mês passado? – Não. Qual é a resposta ao meu requerimento? – Não. Não, não, não é a resposta garantida, diz o senso comum. Até o senso comum é negativo porque foi formado em nãos. A personalidade individual foi moldada com respostas negativas, pelo que dificilmente o eu coletivo militaria primariamente no sim.

É a ordem natural a ditar a prevalência do não sobre o sim. Seria incomportável uma sociedade local ou global sem negações nem interdições. Uma comunidade política sem proibições não necessitaria de leis e, sem leis, dizem, a comunidade não se aguentaria. Da mesma forma, qualquer religião se mostraria insustentável sem restrições. Por mais sins que a religião abra, ela precisa de nãos para se manter e para nos manter no seu caminho.

A luta está em conseguir o sim porque o não vem sempre em primeiro lugar. Também há sins gratuitos mas aí é que está a esperança de viver num sistema negativo. O valor de encontrar quem diga sim à primeira, sem ser preciso insistir, só porque sim. É desses que vale a pena esperar alguma coisa, é com esses que podemos contar. Com a certeza, porém, de que até a esses, nós poderemos um dia ser capazes de dizer não.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Carta de Amor



Carta de Amor, de Karl Valentin (1882-1948); contemporâneo de Bertolt Brecht e Samuel Beckett.

Interpretação: Carlos Alves
no trabalho final do Curso Permanente de Teatro - módulo sobre Bertolt Brecht (Teatro Ibérico)
2009

carlosalvesoficial.blogspot.com

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

D. Maria II já tem programação até julho

Foi hoje apresentada a programação do Teatro Nacional D. Maria II para o primeiro semestre do ano. Apenas uma peça será produção própria do teatro agora dirigido por João Mota. Trata-se de "Onde Estavas Quando Criei o Mundo?" de Artur Ribeiro. Contando com este, serão levados a cena oito espectáculos até Julho, para além de outras criações inseridas no âmbito de festivais como o de Marionetas, de Almada e Alkantara.

A primeira produção será "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett, uma;coprodução da Among Others Associação e Teatro da Garagem. Estreia a 9 de fevereiro.

Do delineado pela direção anterior, de Diogo Infante, mantém-se a produção de "A Morte de Danton" de Georg Büchner, encenação de Jorge Silva Melo. Já o "Rei Lear", que também estava nos planos de Diogo Infante, não será levado avante.

A programação ficará completa com as produções seguintes:
"As Aventuras de João sem Medo", de José Gomes Ferreira e encenação de João Mota;
"João Torto", uma criação da Magnólia Teatro e direção artística de Rafaela Santos;
"O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams.

O jornalismo não comprova teses

Começamos com um facto: o IVA na restauração aumentou no início do ano. Resultado esperado: os preços nos restaurantes vão subir. Hipótese empírica daí decorrente: as pessoas vão deixar de ir aos restaurantes.
Era esta a hipótese que interessava provar (notem que não digo testar, era mesmo para provar) no início deste ano. Na primeira oportunidade, fizeram-se diretos a partir de restaurantes, onde estavam pessoas a fazer uma coisa que se faz muito em restaurantes, que é comer. Já estavam a estragar tudo! Seria bom que o restaurante estivesse vazio para comprovar a tese do jornalista de que, com o aumento do IVA, as pessoas já não iam aos restaurantes... Mas estavam lá aqueles indivíduos a provar embirrantemente que não era bem assim. Vamos falar com eles, ainda assim.
- Então já sabe que isto está mais carote...
- É.
- Então e já pensou nisso?
- Já. Mas tenho de comer.
- Mas vai deixar de vir tantas vezes ao restaurante, não vai?
- Não, tenho de vir... comer!
(Este diálogo é fictício, mas retrata eficazmente a realidade)

E é assim que se destrói a tese de um jornalista, ainda que a sua insistência em prová-la tenha ficado bem demonstrada.

Vamos a mais um caso (dramático)- Reportagem da RTP - verão de 2011:
Tese a demonstrar: o Algarve é do best e "coitadinhos dos que cá não estão..."
Jornalistas na praia atrás das pessoas que descansadamente gozam férias. Segue-se mais um diálogo ficcionado mas tão próximo da realidade que até dá pena.

- Como é que se está aqui no Algarve?
- Está-se bem. (Pudera, as pessoas foram para lá é porque se sentem lá bem...)
- E não preferia estar noutro sítio?
- Não. (Pudera, se eles escolheram ir para ali passar férias, foi porque não quiseram ir para outro lado, e estou em crer que, mesmo que tivessem querido, agora não iam dizer)
- E sente pena de quem não pôde vir para o Algarve?
- Sim. (Neste momento, a pergunta é tão parva, que eu estou em crer que o entrevistado nem a leva a sério. Ainda que leve, a resposta só pode ser positiva, pois...)

Foi mais um exemplo de como transformar verdades nossas em verdades de todos.

Levar os outros a dizer o que queremos que digam não é fácil e exige perícia. No fundo, não é para todos. Tal como o jornalismo não é para todos. Ainda assim, o exercício do jornalismo exige mais de nós do que a arte de levar os outros a repetir o que nos vai na mente. Este, tenho a certeza, é um truque que se aprende facilmente, nem é preciso ler muito. Já o outro... às vezes também parece que não, mas depois sai asneira. E vemos tanta diariamente...!

O vox populi, essa forma nobre do jornalismo televisivo, usado todos os dias até à náusea, tem a sua beleza democrática - assumindo que fazer perguntas inócuas para obter respostas ocas é democrático -, porém em sobredosagem leva à depressão e à agonia. Há momentos de telejornal que são piores do que alguns comprimidos que conheço. Tentem acabar com essa parvoíce, não nos encaminhem para a overdose!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Programas distinguidos pela Associação de Telespectadores

Como telespectador devo concordar ou discordar da associação de telespectadores.

Concordo em absoluto com o "melhor programa do ano". Concordo com as menções de mérito, sobretudo a de "Portugueses pelo Mundo", e com as menções de demérito, sobretudo para "Preço Certo".

Discordo em absoluto da distinção de pior do ano para o programa de fim de ano da RTP1. Discordo ainda mais da justificação dada. Na verdade, esse programa teve momentos que foram mais do que "pretenso humor".

Sobre as "revelações do ano" para os pivôs João Adelino Faria e Cristina Esteves na RTP1, subscrevo sem reservas.








O melhor e o pior, ambos na RTP



João Adelino Faria
Cristina Esteves






As revelações do ano para a Associação de Telespectadores
Estado de Graça Fim de Ano:
Mais do que "pretenso humor"