quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jornadas Mundiais da Juventude e o Apelo à Esperança para as Novas Gerações

A Igreja Católica prepara com grande intensidade as Jornadas Mundiais da Juventude 2011, que vão decorrer em Madrid, entre 16 e 21 de Agosto. A capital espanhola vai receber milhares de jovens cristãos de todo o mundo, numa ocasião que a Igreja já prometeu ser “uma grande festa”.
As Jornadas da Juventude foram instituídas pelo beato Papa João Paulo II, pelo que este ano em especial, ano da beatificação do anterior Chefe da Igreja, contarão certamente com um forte sentimento de alegria em torno da memória do Papa que conquistou o entusiasmo dos jovens. Também Bento XVI já caracterizou este evento como um impulsionador da nova evangelização das novas gerações.
Serão as Jornadas de Madrid uma alavanca para renovar o amor dos jovens por Jesus Cristo e pela Sua Mensagem? Estarão os jovens cristãos de todo o mundo despertos e entusiasmados para se juntar a Bento XVI e à sua Igreja num novo processo de evangelização que devolva valores, renove esperanças e abra o pensamento e a acção ao Homem na sua condição de criatura de Deus? Qual o papel das novas tecnologias de informação e comunicação neste trabalho?
Todas estas questões estarão presentes nas múltiplas actividades que os jovens vão desenvolver em Madrid no próximo mês de Agosto. A presença do Papa poderá ser um incentivo maior para a resolução destas questões e para a busca de soluções. O convívio, a festa, a reflexão e a oração têm animado a juventude na preparação destas Jornadas, em Portugal e por todo o mundo.
O apelo à reunião da Juventude para celebrar a Fé foi feito por João Paulo II. Os jovens corresponderam à chamada, no Domingo de Ramos de 1986, em Roma. Nesse dia, o Papa falou da Esperança em Jesus Cristo Ressuscitado como a esperança que não sairá frustrada, lembrando as palavras de S. Paulo. E, completou João Paulo II, “as gerações que sempre se renovam necessitam desta esperança”.

É também este o apelo de hoje. O apelo à renovação da Fé e da Esperança por meio da evangelização das novas gerações.
Bento XVI, na alocução que proferiu dedicada à Jornada Mundial da Juventude, assegurou que “uma relação de profunda confiança, de autêntica amizade com Jesus” é capaz de dar aos jovens aquilo que precisam para encarar a vida: “serenidade e luz interior, predisposição para o pensamento positivo, largueza de ânimo para com os outros” e disponibilidade para “o bem, a justiça e a verdade”. O Papa assumiu como “contra-corrente” esta proposta. A proposta de querer estar “enraizados em Cristo” e firmes na fé”. Vivemos, diz o Papa, numa “cultura indecisa quanto aos valores de fundo, aos princípios basilares segundo os quais se orienta e define a própria vida”, que gera “incerteza, mobilidade e volubilidade”. Pelo que a esperança dos jovens continua a ser o móbil destas Jornadas e o depósito dessa esperança em Cristo permanece como o apelo da Igreja às novas gerações.

A evangelização dos jovens é uma prioridade da Igreja actual. Apesar da laicização das sociedades e de algum afastamento dos mais jovens relativamente à mensagem da Igreja, o próprio Papa Bento XVI considera que há, nestas gerações, ainda muita gente disposta a ouvir. Podemos dizer que as Jornadas Mundiais da Juventude são prova disso. Mas há muitos mais sinais demonstrativos de que os jovens têm ideais e trabalham por eles. Os jovens, diz Bento XVI, “não são tão superficiais como se diz deles”. “Eles querem saber o que é a Vida”, resume o Papa.
É neste sentido que tem grande relevância a iniciativa recentemente concluída pela Igreja de Roma de lançar em diversos países do mundo, incluindo Portugal, um Catecismo para os jovens, o YOUCAT. É um projecto que já provem de toda a dinâmica de juventude lançada por João Paulo II e que agora apresenta um modo de compreender a Igreja, os seus fundamentos e a sua doutrina numa linguagem renovada e enriquecida com a participação de todos. Este Catecismo é um texto único, coeso, fiel à Igreja mas que contou com a participação na sua elaboração de pessoas dos cinco continentes, ganhando assim em riqueza cultural e intelectual, mas mantendo a linha espiritual e os valores que a Igreja fielmente preserva e transmite.

Esta obra será por isso, este ano, o Catecismo oficial das Jornadas da Juventude de Madrid, esperando-se que ele seja a ferramenta para o desenvolvimento da espiritualidade, do espírito de missão e evangelização e do conhecimento aprofundado do papel e da mensagem que a Igreja tem no e para o mundo.
O YOUCAT, dividido em quatro partes fundamentais, apresenta a Fé cristã e os seus fundamentos. Posteriormente apresenta os mistérios e os sacramentos da Igreja. Nas terceira e quarta partes, direcciona o cristão para a sua vivência da Fé e encaminha-o para a acção e também para a oração.
Compreende-se assim a relevância que este documento pode ter nas próximas Jornadas.
Relevante será também a utilização que será feita das novas tecnologias de comunicação, nomeadamente as redes sociais. É um assunto a que o Papa dedica a Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano. Bento XVI sublinha que estas tecnologias devem ser postas “ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira”. Mas, para os cristãos, elas podem ser veículo de comunicação do Evangelho, não só pela partilha de conteúdos mas também pela partilha de perfis e valores.

O encontro de Madrid é aguardado com enorme expectativa e está a ser preparado com muito rigor, sobretudo pelos jovens que nele vão participar, mas também pela Igreja espanhola, que trabalha para criar as condições para uma grande festa cristã.
Também o cuidado financeiro e o momento difícil que a Europa vive neste momento estão a ser levados em conta. A restrição orçamental já foi garantida pela organização como algo que deverá ser tomado em conta neste momento, sem que isso afecte os propósitos do evento.
A par da consciência económica, está a consciência ecológica para estas Jornadas. Como qualquer evento que reúna milhares de pessoas acaba por criar um desgaste ecológico. A companhia Zeroemissions vai compensar esses danos com a compra créditos de carbono. Esta é uma prática prevista no Protocolo de Quioto e que permite que a emissão de gases com efeito de estufa seja compensada com a contribuição para projectos ambientalmente sustentáveis. Desta forma, conseguir-se-á fazer com que as Jornadas Mundiais da Juventude sejam cem por cento não poluentes.
Estas são questões laterais ao sentido real do acontecimento mas envolvem preocupações e responsabilidades que não deixam de ser relevantes para o mundo cristão e para os jovens, em particular, que têm a missão de assegurar o futuro.
Porque é também de futuro que se espera que se fale e se pense nas Jornadas de Madrid. A mensagem e a vida cristã estão sempre direccionadas para o futuro e é isso que os jovens procuram sentir e a Igreja pretende transmitir. Assim, as próximas Jornadas Mundiais da Juventude serão um momento de renovação da esperança num futuro e numa vida com Cristo e em Cristo.