quinta-feira, 29 de abril de 2010

A RELÍQUIA - Últimos dias, últimas oportunidades

Esta é a última semana de cartaz da peça A RELÍQUIA. Estamos em cena desde 25 de Março. Ao longo de mais de um mês, o espectáculo foi visto por muita gente e agora só restam quatro dias, quatro derradeiras oportunidades para ver no palco esta grande história da nossa literatura.
Ainda é possível reservar bilhetes para qualquer um destes quatro dias (5ª, 6ª, sábado e domingo). Aqui, no site do Teatro Ibérico, estão os contactos para reservas, bem como outras informações.

São mesmo os últimos dias! Não perca tempo!


Bom teatro!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Porque ficou a CIDADE DESPIDA de audiências?

O primeiro episódio da série policial CIDADE DESPIDA da RTP1, em termos de audiências, foi um rotundo fracasso. Falo só em audiências porque não tive oportunidade de assistir ao episódio. Não vi nada ainda.

Mas, para uma estreia em horário nobre, 7.6% de audiência média é muito pouco, ainda para mais quando vem lançada por uma audiência de quase 11% do Telejornal.

A série teve uma grande campanha de promoção, que passou pelas redes sociais, nomeadamente o Facebook onde a protagonista tinha um perfil criado, até às ruas.

Só a concorrência não pode ser explicação para este fracasso. Porque CIDADE DESPIDA é um produto diferente da ficção nacional que a TVI apresenta à mesma hora. A justificação poderá então residir na série em si mesma, no enredo, nas interpretações, na produção. Mas sobre isso não posso ter opinião já que, como disse, não vi um único segundo. Espero em breve colmatar essa lacuna, até porque tenho curiosidade em perceber porque está a falhar CIDADE DESPIDA.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

NAS MONTANHAS DA IDADE E DA SOLIDÃO

“Se não viesse o Centro, eu já estava a fazer tijolo”, responde Sebastião Pinto, residente na aldeia de Balsa, quando lhe perguntamos sobre a importância que a ajuda domiciliária do Centro de Vila Verde lhe presta. O senhor Sebastião não estava em casa quando chegou a carrinha com os almoços. Estava numa casa vizinha. “Para não gastar a minha lenha, assim gasto a dos outros”, explicou em tom de brincadeira.
Este é apenas um dos 35 idosos que, em toda a freguesia de Vila Verde, são apoiados pelo seu Centro Social, uma instituição particular de solidariedade social nascida em 1984. O presidente, António Duarte, explica-nos que no início do seu mandato eram 28 os beneficiários. A sua direcção apostou na divulgação deste serviço porque acreditava que havia muitos mais a necessitar do apoio. Angariaram novos utentes mas António Duarte acredita que há ainda mais gente a precisar mas que recusa “ou por vergonha ou por parecer que ficam mais velhos ou então é a dependência que talvez crie alguma objecção”. A verdade é que há, na freguesia de Vila Verde, pessoas com mais de 80 anos a viver sozinhas.

Vila Verde é a freguesia mais vasta do concelho de Alijó, sendo constituída por oito aldeias. Fica situada na parte norte do concelho, numa zona de montanha, alta e fria. Alberga 998 habitantes, uma população bastante envelhecida. Fica a 20 quilómetros da sede concelhia, a vila de Alijó. A direcção do Centro Social sonha agora construir um lar para receber a população idosa, um espaço de acolhimento para as gentes da freguesia que já deixaram uma longa vida para trás e que agora se vêem sem acompanhamento e muitas vezes sem todas as condições para uma vida confortável. Muitos dos que estão ao cuidado daquela instituição são, na opinião de Carina Carvalho, uma das técnicas ao serviço do Centro, “pessoas que já trabalharam muito e estão numa idade em que precisam de descansar, acima de tudo”.

Comida, higiene e sobretudo afecto
A acção social do Centro de Vila Verde junto da população idosa consiste na entrega de refeições ao domicílio, lavagem de roupa, limpeza das casas e higiene pessoal. Os beneficiários são essencialmente pessoas que vivem sozinhas e sem condições para tratar de si sem ajuda.
António Guedes, de 62 anos, é o responsável por distribuir os farnéis com os almoços. Por volta do meio-dia, todos os dias, entra na carrinha e percorre as aldeias da freguesia parando e entrando nas casas dos utentes que aguardam a refeição. “É um trabalho de grande responsabilidade”, confessa. Mas diz com orgulho: “Sinto-me uma pessoa de bem nesta tarefa”. Os idosos que diariamente esperam o senhor António têm com ele uma boa relação. Vêem-no chegar com a alegria de quem recebe uma visita e uns minutos de companhia. “Todos se dão comigo. A minha idade também me dá um calo e uma experiência para viver com eles. Faço-lhes tudo o que posso. Às vezes até levá-los à casa-de-banho. Mas estou preparado para isso tudo”, conta.
Os próprios utentes também tiveram de se adaptar ao serviço que lhes passou a ser prestado. Ao início, lembra António Guedes, era complicado. As pessoas não cuidavam da comida nem dos recipientes, muitas vezes deixavam os cães comer. Também aí houve trabalho a fazer. “Agora já é de outra maneira porque a gente vai-os preparando”.

Também Carina Carvalho lida diariamente com os utentes. Também ela assume uma boa convivência e reconhece a importância que a sua presença pode ter para combater certas situações de solidão. “Eles contam-nos tudo, as chatices que tiveram, fazem-nos as queixinhas todas. Também precisam de atenção, de miminho, de um abraço”. O mais difícil, desabafa Carina, talvez seja mesmo “ouvir situações pelas quais eles passam com os filhos, muito injustas”. Embora não haja abandono total, “há muita negligência por parte dos filhos e muita solidão”. “Mais do que da limpeza, eles precisam de muito afecto, muita atenção”, conclui.

A luta por um lar de idosos
É também essa a razão que leva Vila Verde, pela mão do seu Centro Social, a ambicionar ter um lar de idosos. “Nós temos a necessidade de ter aqui na freguesia um lar de idosos, para mim isso é um dado adquirido”, salienta António Duarte. O presidente da direcção do Centro tem aproveitado a véspera de Natal para acompanhar a carrinha de distribuição de refeições e estar de perto com esta realidade. “Reparei que há muitos idosos a viver em condições em que ninguém imagina que ainda seja possível viver”. Por essa razão, assume que “um lar de idosos deve ser um objectivo que presida a quem quer que esteja na direcção do Centro Social de Vila Verde”. De resto, foi já entregue uma candidatura que está por decidir, embora tenha havido já uma aproximação da negativa. Mas António Duarte promete não baixar os braços. Se esta candidatura for chumbada, o Centro voltará a candidatar-se aos novos concursos que vão existir, ao abrigo do QREN.
Vila Verde já apresentou as razões que justificariam os subsídios e a aprovação deste projecto. Mas há a consciência de que nem sempre as decisões se baseiam nos critérios fundamentais e que muitas vezes a política se sobrepõe ao social no momento de aprovar ou reprovar um projecto. A verdade é que Vila Verde é uma freguesia pobre, com carências e poucas infra-estruturas, em contraste com outras freguesias vizinhas do mesmo concelho.

A grande parte dos idosos vivem à custa de uma reforma muito baixa. É o caso de Ana da Conceição Carvalho, de 83 anos, que lamenta a “reforma pequenina” que recebe. “Deviam dar mais um bocadinho mas o de Lisboa não a quer dar”, protesta, referindo-se a José Sócrates. Não gosta do primeiro-ministro? “Eu gosto de todos mas tanto dão uns como os outros”, afirma. Conceição Carvalho vive com o marido, António Carvas, 73 anos. Não estava em casa durante a nossa conversa. Haveríamos de o encontrar mais tarde, à saída da aldeia, atrás de um rebanho de ovelhas e cabras. Comunicamos-lhe que já tinha o almoço em casa. Por esta altura já Ana Conceição devia ter começado a comer. “Estamos contentes com a comida do Centro. Se não, não comíamos nada”.
Almerinda Macedo tem 70 anos e é invisual. Vive sozinha. Conta-nos da prenda que o presidente do Centro lhe levou no Natal. Fala com gratidão sobre a equipa do Centro Social que a apoia no dia-a-dia, ela que perdeu a visão aos 20 anos. “Fazer as coisas em casa custa-me muito”.

António Guedes conhece bem as condições em que vivem estas pessoas e não tem dúvidas: “estavam melhor num lar, eram mais bem acompanhadas, tinham apoio todo o dia e toda a noite”. Enquanto tal não é possível, o serviço domiciliário vai prosseguir, mas na certeza de que muito mais pode ser feito. Na certeza de quem quer dar aos seus as estruturas e condições que as populações vizinhas também receberam.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A RELÍQUIA vai ficar em cena por mais tempo

As primeiras semanas de cartaz de A RELÍQUIA foram um agradável sucesso. Razão que justifica a decisão do Teatro Ibérico prolongar o espectáculo por mais tempo. Caso contrário, a última representação aconteceria já no próximo dia 11. Achou-se por bem, em nome do público que ainda não teve a oportunidade de assistir e que desta forma já não o poderia fazer, prolongar-se a temporada por todo o mês de Abril, até 2 de Maio.
É com muita felicidade que vemos esta continuação do espectáculo em cena e esperamos que um maior número de pessoas consiga disfrutar desta grande história da nossa literatura levada ao teatro.
É, por isso, importante fazer as devidas reservas e garantir lugar na plateia do Ibérico nas próximas semanas, de quinta a domingo, sempre às 21h30. Aqui ficam os contactos do Teatro: 218682531 / 913202005.

Saudações!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Notícias em 2º Horário

O programa "Notícias em 2ª Mão" da SIC, apresentado pela dupla Marco Horácio/ Eduardo Madeira mudou de horário. A partir de ontem, passa a ser transmitido depois das duas novelas, a fechar o horário nobre. Uma mudança drástica, já que antes estava no pico do prime-time. O 24 Horas lançou a polémica e mereceu a atenção dos apresentadores na emissão de ontem, que preencheram boa parte do programa a "malhar" naquele jornal. Mas dedicaram também algumas indirectas para a direcção da SIC. "Talvez haja programa amanhã", disseram na despedida.
Mais uma vez, a SIC lança uma aposta para o horário nobre, mais uma vez a aposta falha. Desta vez até tinha o capital de sucesso que Marco Horácio trazia do "Salve-se Quem Puder", um inegável sucesso dos últimos tempos de Carnaxide. Mas o formato agora era outra coisa. Já não entusiasmava as classes etárias mais jovens como o outro e isso era um problema para a telenovela que se lhe seguia na programação e que, para competir, precisa desse público não adulto, que a TVI granjeia com os Morangos com Açúcar e que duvido que a SIC consiga com a transmissão ao fim-de-semana da série de vampiros Lua Vermelha.
Mas qualquer programa precisa de ser bem tratado para ter sucesso. O "Notícias em 2ª Mão" não é um formato fácil para ser suportado por uma televisão comercial. Ainda para mais àquela hora. A TVI não o faz. Por aí, o novo horário é mais apropriado. Por outro lado, aquele não é programa para início de late night. Todos os formatos deste género (sketches, comédia de costumes e sátira de actualidade) experimentados naquela faixa da programação - e muitos pela SIC - falharam. Não vai ser diferente. Até porque a concorrência não deixa.
A promoção ao programa, antes da estreia, foi boa e intensa. Não faltou publicidade na imprensa e nas ruas nem autopromoções no canal. Mas logo na semana de estreia, houve dias sem emissão, por outras necessidades de programação. Para um programa novo pode ser fatal esta descontinuidade, que dificulta a habituação e a rotina das audiências. Algum tempo depois apareceu o "Sinais do Tempo" de Miguel Sousa Tavares que retirou Marco Horácio e Eduardo Madeira mais um dia da programação. O novo programa começou a servir para as novas vagas e também isso não é bom para um produto novo.
Se o objectivo era ganhar o pós-telejornal e transportar audiência para a novela, o ponta-de-lança devia ter sido tratado com outras pinças. Com a certeza de que não é fácil, como disse, alimentar um formato nestes num clima concorrencial tão forte. A SIC sempre vai fazendo apostas alternativas. Não é mau, mas por serem alternativas tendem a falhar. Porque programar cada vez menos se liga com criatividade, está quase tudo inventado. E a TVI sabe.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sexta-Feira Santa

O Cristianismo não se impôs pela força nem pelo Poder; manifestou-se através do sofrimento e da humilhação.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Os dias centrais na história da Humanidade

Com a chamada Quinta-feira Santa, hoje, começa o período das festividades pascais que se estende até ao próximo domingo. Estes quatro dias, para além de permitirem a muita gente ir de férias, representam os momentos decisivos na formação de uma religião, o Cristianismo, e de uma instituição com mais de dois milénios de existência, a Igreja Católica. Não há muitas instituições no mundo com mais de mil anos de vida - nem o Benfica. A Igreja de Roma tem mais de dois mil. Porque é que digo que estes dias, convidativos a uma fuga para as praias ou a uns retiros no campo, são centrais na história desses dois mil anos?
Jesus de Nazaré aparece no seu tempo como um salvador do povo judeu. Muitos o viram como um messias político, capaz de os libertar do colonialismo romano, das garras do império. Cedo perceberam que o discurso de Jesus não se coadunava com a batalha que era preciso travar. O povo ansiava um líder para enfrentar um imperador e Jesus falava de perdão, amor, de dar a outra face, de "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Deixou de fazer sentido para eles, não era o que queriam. Porém, pese embora a rejeição, a mensagem de Cristo instalou-se, os apóstolos que escolhera deram-lhe seguimento e o Cristianismo chegou até aqui. Foi com a célebre distribuição do pão e do vinho na Última Ceia que se instituiu a Eucaristia, momento central na vida cristã, sacramento da presença de Cristo entre os seus seguidores. É essa última refeição antes da morte, perpetuada para sempre, que os católicos celebram hoje.
Depois, Jesus foi condenado e crucificado, com mais ou menos sangue que no filme de Mel Gibson, e foi sepultado, como qualquer homem, qualquer judeu castigado com a morte. Até aqui, pareceria uma vida decepcionante. O homem que vinha libertar a Judeia, ficou-se por uns discursos bonitos e profundos, umas acções espantosas e depois morreu de forma humilhante. Tudo isto é História, nada tem a ver com fé. Mas há um fenómeno que vem depois e que, esse sim, só pode ser aceite à luz da fé, como só à luz da fé faz sentido a celebração da Páscoa. A quem falte essa fé resta aproveitar as mini-férias o melhor que possa. Esse fenómeno é a Ressureição. É possível prová-la? O corpo de Jesus desapareceu mesmo do sepulcro? Como? Após a morte de Cristo, os seus homens mais próximos desapareceram todos e mantiveram-se longe durante muitos dias. Não foi só o medo de também serem perseguidos, foi também o desânimo que sentiram com a morte daquele em quem confiavam e de quem não esperavam aquele fim tão pouco heróico. No entanto, algo deve ter acontecido para, mais tarde, todos eles regressarem e voltarem a assumir a missão de falar por Jesus e de instituir a sua Igreja. Também eles acabaram por ser perseguidos, presos e mortos. Mas a Igreja que ergueram nunca mais cairia.
E muitos foram os problemas que a assolaram. Muitas foram as pessoas que no seu interior, ao longo dos séculos, estiveram longe da mensagem e das regras cristãs. As pessoas passaram, a mensagem e a instituição ficaram. Se a Igreja Católica foi fundada pelo Filho de Deus, agora ela é governada e constituída por homens. Assim, ela é imperfeita. As críticas e ataques que se fazem à Igreja são sempre provocados pelas acções dos homens que a formam, sejam eles clérigos ou leigos, e nunca pelos valores que a mensagem de Cristo inspira. Há uma certa falácia em atacar uma instituição pelas atitudes de pessoas que a integram, assumindo que essas pessoas deviam estar imunes ao erro e à fraqueza humanas. Hoje, a Igreja volta a viver momentos difíceis. Os casos de pedofilia envergonham-na, nada têm a ver com Jesus Cristo e, no entanto, são a pólvora perfeita para incendiar os ódios primários e a crítica fácil do todo pela parte. Já muito se disse sobre estas misérias dos nossos tempos, não me interessa emitir opinião para juntar às colecções. Mas há coisas que são dos homens, os homens devem resolvê-las. E, na Igreja, há coisas que são de Cristo e, das duas uma, ou os homens as assumem como tal ou então retiram-se. Poluir uma mensagem, que é afinal uma apologia do Amor e uma nova visão sobre o transcendente, com aberrações humanas é bem pior do que vomitar críticas sobre uma Igreja de que não sabemos nada ou uma Bíblia que nunca lemos. Tristemente, tanto uma como outra têm obreiros por todo o lado.

Hoje é dia da mentira e os outros são todos da verdade?

1 de Abril - dia da mentira. É engraçada a importância que damos à mentira, ao ponto de lhe dedicarmos um dia. E utilizamos esse dia para dizer pequenas mentiras e pregar algumas partidas. É uma forma "legal" de fazer aquilo que na verdade sabemos não dever fazer. Mas a importância da mentira nas nossas vidas é tão grande que não só lhe dedicamos um dia como não conseguimos viver sem ela. Não vivemos sem mentir nem havemos de chegar ao fim dos nossos dias sem os ouvidos abarrotados de grandes aldrabices. Agora até vamos ter uma comissão de inquérito para apurar da mentira ou da verdade. Mentiu o primeiro-ministro ao Parlamento? Mentiu ele aos portugueses? Mentiu. E mais do que uma vez. Mas tantos outros primeiro-ministros de tantos outros países também o fizeram. George Bush até conseguiu mais. Mentindo aos seus governados, mentiu ao mundo inteiro e essa mentira teve realmente importância. Os iraquianos que o digam, e os afegãos também, e Durão Barroso, que também caiu na peta.

Publicidade. Mentira! Resposta simplista, mas a publicidade não pode ser verdadeira, não faria sentido gastar milhares de euros para transmitir uma verdade. Seria, contudo, arriscado gastá-los para dizer uma enorme mentira. Não, as marcas gastam dinheiro para exagerar uma verdade, disfarçar outra e omitir algumas coisas. Ora, o resultado não é uma mentira pegada mas também não é uma verdade verdadinha. De facto, não é fácil viver só da verdade.

No jornalismo. Sim, jornalismo e verdade. Tem de ser. O jornalismo, para mim que sou jornalista, quer-se a profissão da Verdade, a luta em nome da Verdade. Ainda acredito que assim seja. Mas não duvido que não seja só assim. Não é possível pegar num jornal e acreditar que está ali verdade. É essencial para a verdade mas o jornalismo não vive só com a verdade. Se mentir não é só apresentar argumentos falsos, mas é também enquadrar, omitir, subjectivar factos, então o jornalismo também não vive sem mentira.

No dia 1 de Abril preparo sempre uma aldrabice, só uma mas em larga escala, com um alvo abrangente. Nesta altura em que escrevo, a fantasia deste ano já está em marcha. Por isso não posso falar já disso. Aproveito então para me divertir com uma mentira que não vai ter consequências, espero. Amanhã se verá. Se fizesse aquilo que estou a fazer hoje ou o que fiz no ano passado num outro dia qualquer, perderia toda a credibilidade a partir daí. Como o faço a 1 de Abril, conto não a perder. Até porque o meu problema com a mentira é mesmo o medo de deixar de ser credível. Gosto que acreditem em mim quando digo alguma coisa. Mesmo que seja no primeiro dia de Abril.