terça-feira, 28 de julho de 2009

Festival para as noites de Agosto ainda sem férias

O Festival dos Oceanos parece-me um evento a seguir na primeira quinzena de Agosto. Abre com concertos de James Morrisson, Rita Rdeshoes e Klepht. Mas depois há aqui umas coisas programadas que podem ser bem interessantes. Desde logo, são ao ar livre, nos jardins de Belém. E temos: no dia 7, um concerto de música clássica (à noite, à beira-rio); no dia 8, Ópera Susana e Ópera o Mestre da Música (esta não é representada desde 1883, por isso é uma oportunidade a não desperdiçar).
Agora não em Belém mas no largo do S. Carlos, um espectáculo de música, teatro, cinema, efeitos especiais, humor e poesia - não sei no que isto pode dar mas não custa experimentar, dias 11 e 12.

Há muitas mais coisas mas estas são as que quero ver. Já que ainda não pude ir de férias.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Bruno e a ambição de chocar


Aquilo que primariamente se espera de "Bruno" é assistir às loucuras e provocações de um actor - Sacha Baron Cohen - ao serviço de uma personagem. Contudo, o trabalho de Cohen explora, pela provocação, os sentimentos e preconceitos mais genuínos da sociedade americana. Isso aconteceu com Borat e com Ali G. Em "Bruno", esse objectivo é cumprido em muitos momentos do filme, sem dúvida. Mas noutros, fica muito aquém e aí tudo se resume a uma exibição de risco e exploração da surpresa alheia.
A cena no ringue de luta, as conversas com os pastores religiosos são um bom exemplo em que o trabalho interventivo de Baron Cohen é conseguido. A sequência nocturna com os caçadores, a outra na produtora de televisão com um júri que analisa uma proposta de programa de Bruno são alguns exemplos opostos.
Em ambos os casos somos guiados por uma personagem com uma personalidade e propósitos bem vincados. A diferença é que nos primeiros casos, a sua actuação desperta reacções noutras pessoas, que as revelam. Nos segundos exemplos, o trabalho do actor não consegue despoletar nada e aí ficamos a assistir a uma contracena de uma personagem inquietante com pessoas comuns e nada mais. Pode ser mais ou menos engraçado, mas não é melhor do que qualquer comédia ligeira.
O resultado global é uma história com um fio condutor bem orientado, um excelente trabalho de interpretação e bons momentos de pura adrenalina cómica. Com um pouco menos de rendição ao espectáculo puro e duro, "Bruno" seria uma obra mais genial e mais cinematográfica também.
Há, ainda assim, lugar a algumas pequenas pérolas ao longo do filme que merecem ser descobertas por quem o quiser ver. Vale a pena.
BERNARDO
Quem vive?
FRANCISCO
Não, responde-me tu. Descobre-te e apresenta-te.
BERNARDO
Que viva o Rei!
FRANCISCO
Chegas mesmo em cima da hora.
BERNARDO
Deu mesmo agora a meia-noite. Vai para a cama, Francisco.
FRANCISCO
Fico-te grato por me renderes. Está um frio de morrer, E sinto um aperto no peito.
BERNARDO
Tiveste um turno tranquilo?
FRANCISCO
Nem um rato se mexeu.
BERNARDO
Bem, então boa noite.
Se encontrares Horácio e Marcelo, Os confederados do meu turno, diz-lhes que se apressem.

E bom, resolvi abrir aqui a casa com o início do "Hamlet" de Shakespeare. Parece-me bem. Por três razões: gosto do "Hamlet" - não exactamente do início mas precisava aqui de um paralelismo -, esta cena decorre de noite e eu iniciei o blog à noite.
Está dado o pontapé de saída. Espero ter algum tempo para escrever sobre coisas que valham a pena e não ter tempo nenhum para falar de coisas que não interessem. Vamos!