segunda-feira, 2 de junho de 2014

Teatro Rápido - a despedida

Tenho lido todas as mensagens que nas últimas horas aqui têm sido partilhadas. São mensagens de tristeza, perda, emoção mas também orgulho por, de alguma forma, se ter feito parte daquilo que foi o Teatro Rápido. Quis também deixar-vos algumas sinceras palavras neste fim (palavra que não gosto de escrever) porque compreendo que as coisas às vezes tenham de acabar mas raramente acho que devesse ser assim. O significado de fim é um conflito comigo próprio.

Cheguei ao Teatro Rápido naquela que, afinal, foi a sua reta final, sem que eu disso tivesse consciência. Cheguei em abril. No último abril. Como ator. Como espectador já cá tinha chegado muito mais cedo. E foi um abril muito intenso, foi um abril muito bom. Hei-de recordá-lo sempre. Recordarei sempre a primeira pessoa que me recebeu, no primeiro ensaio. Ruy Malheiro, obrigado pela simpatia e pela disponibilidade! Recordarei o esforço diário e constante de todos os outros para que tudo estivesse a correr bem, para que eu sentisse vontade todos os dias de estar lá e trabalhar. Vamos deixar as enumerações, vocês sabem quem são, não são precisas linhas para vos descrever. Recordarei a Sala 4, o meu único pousio naquele Teatro, foi a minha Sala. Recordarei o texto que escrevi só para aqui, a encenação que desenhei só para aqui, o meu trabalho de ator, que me valeu a pena, que me acrescentou algo, o trabalho partilhado com a Ana Campaniço - mais do que uma colega, é uma pessoa muito especial na minha vida. Tudo contribuiu para que esse mês de abril, o último abril, fosse especial. Os colegas com quem partilhei o mês, todos tão bons! Que sorte ter estado convosco!

É um Teatro que encerra, é uma pena gigante, é uma perda terrível. Sonho com a Cultura desde miúdo, gostava de ver teatros a nascer, detesto vê-los morrer. Interessa-me agora apenas dizer-vos que valeu a pena assistir aos vossos espetáculos, valeu a pena concretizar, valeu a pena fazer parte desta história.
Bastava esta última frase, afinal, mas não vos consigo dizer tanto com tão poucas palavras.

Vamos ver-nos mais!
Até já!


Ator Carlos Alves