sábado, 19 de dezembro de 2015

JANTARES DE GRUPO - O ENGRAÇADINHO

 É Natal e, por conseguinte, período de organizar jantares de grupo. Avaliam-se os restaurantes, os preços e o melhor dia que convenha a todos, só não se avaliam os engraçadinhos que vão no meio do grupo. Na melhor das hipóteses, só há um engraçadinho entre os convivas mas pode acontecer que vão mais.
O Engraçadinho é o que vai para o jantar com o intuito claro de ser o centro das atenções. O Engraçadinho é o que menos condições reúne para ser o centro das atenções, ainda assim ele vai tentar. Ninguém tem paciência para o engraçadinho mas ninguém é capaz de lho dizer. O Engraçadinho acha que tudo o que faz é para rir. O Engraçadinho confia em que tudo o que diz tem piada. O Engraçadinho ri-se muito consigo próprio. O Engraçadinho tem a pila pequena. O Engraçadinho não se sabe comportar em sociedade. O Engraçadinho quer cantar, dançar e saltar à corda enquanto os outros comem. O Engraçadinho bebe sangria pelo nariz, se for preciso. O Engraçadinho fala mais alto do que os outros e repete a mesma coisa até alguém se rir. Se isso não acontecer, ele vai chamar pelo nome de alguém até que essa pessoa realmente se ria. O Engraçadinho cita Ricardo Araújo Pereira, quanto mais não seja nos antigos anúncios da Meo, porque nem sempre dá para ler a Visão todas as semanas. O Engraçadinho não deixa ninguém sossegado. O Engraçadinho é um amigo a evitar. O Engraçadinho devia morrer. Morte aos Engraçadinhos nos jantares de grupo (casamentos incluídos, esses jantares de grupo em larga escala)!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

POEMA AO MEU AVÔ MATERNO

Escrevo-te hoje que está frio
O frio transporta-me às tardes em que as ideias ardiam
Ao fulgor da lareira
A tua cabeça inclinada e aquecida
Os meus sonhos ardentes no aconchego de uma família
As labaredas serenas respeitando-te os pensamentos
Elas serenas embalando-me as emoções
O frio apetece-me pela ideia de calor
Respeitámos muito o silêncio naquelas tardes frias
Embalámo-nos em pensamentos nas tonas que produziam calor.

Carlos Alves, 17.12.2015

sábado, 5 de dezembro de 2015

I e Sol juntos na morte

Li sempre o I com gosto. Moderno, irreverente, às vezes superficial, design excelente. No seu início, era eu jornalista em início de carreira, fiz parte de um processo de recrutamento, não me deram muita atenção (agora também não queria).
O Sol... nunca percebi muito bem o Sol. Não é um Expresso (nem tinha de ser), também não é um anti-Expresso (não conseguiu ser; começou por prometer não dar brindes, poucas semanas depois já tinha saquinho... com brindes), tem uma presença online assustadora, lançou algumas reportagens e algumas revelações que marcaram a sociedade, não sei se marcaram o jornalismo (a prisão de Sócrates e outras fugas ao Segredo). Não gosto de ver jornais a fechar mas jornalismo é democracia e democracia agora é sobretudo dinheiro. Vamos ver o que sucede.

As Cores Transitórias

As cores de outono aguardam pálidas
inclinadas para um tempo
que resistirá frio ao seu abandono
Remetem para um calor que já não são possíveis de garantir.

Carlos Alves, 05.12.2015