terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A caminho do ano e meio no ar

A rubrica Dias em Crónica está há quase um ano e meio no ar, com cerca de duas centenas de programas emitidos, numa das rádios mais ouvidas na área da Grande Lisboa.
Todas as terças, quintas e sábados na RDS Rádio - 87.6 FM.

Dias em Crónica é também o nome da minha coluna mensal no semanário A Voz de Trás-os-Montes.

A página oficial apresenta conteúdos exclusivos todos os dias.
http://facebook.com/diasemcronica


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Não tão perto

Há pessoas que falam comigo tão próximas de mim que eu acho sempre que me vão beijar. "É agora, é agora"... Felizmente para elas, mas sobretudo para mim, não beijam. Eu é que não prestei atenção à conversa, estava concentrado em impedir um linguado iminente.

De resto, as pessoas que falam com a cara quase encostada à nossa, ou estão numa discoteca, e aí o assunto da conversa é a última coisa que queremos saber, ou têm trissomia, e aí idem aspas. Na discoteca até acontece um mix muito giro que é com pessoas que falam connosco, que parece de facto que têm trissomia (não só os porteiros) e que nos enfiam a língua pela goela abaixo ao fim de duas palavras. Eu faço análises todas as sextas-feiras.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Crónica policial

Passar uns dias no Interior do país é muitas coisas. Boas, claro. Mas diferentes também. Passar uns dias no Interior do país, por exemplo, é habituarmo-nos a ver carros da GNR com muita frequência. Ou o tradicional jipe. Nenhuma outra polícia em Portugal mantém o jipe com o brio com que a GNR o faz. As viaturas da GNR confundem-se com as paisagens do Interior português. Dá por vezes a sensação de que só há GNR no Interior, e creio que só não há nas Ilhas Selvagens porque então aí é que os espanhóis ficavam com aquilo sem sequer pedir licença. Não sei como é que decidiram que as aldeias podiam perfeitamente ficar com a GNR nem sei em que é que os criminosos do Interior são menos do que os outros. O Interior pode ter muitas queixas em relação ao Litoral mas não se pode esquecer que um dia mandaram fazer fardas de propósito para lá.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carta para a minha namorada no dia de São Valentim

Meu amor,

Hoje quis fazer de ti a mulher mais feliz do mundo. Foi o nosso primeiro dia dos namorados juntos e esperei por ele para te dizer tudo o que sinto por ti. Escrevo-te esta carta depois de todas as surpresas que te preparei. Decidi trazer-te ao Porto neste dia – disseste-me uma vez que não conhecias o Porto, eu não me esqueci. Espero que tenhas gostado da cidade, do restaurante, do hotel. Eu gostei especialmente da tua companhia. E do sexo. Foi a primeira vez que não tive de pensar noutra mulher para me excitar. Correu bem.

Estiveste linda, sorridente, feliz o dia todo! Fizeste-me sentir feliz também. Nem por uma vez telefonaste às tuas amigas a perguntar o que achavam de mim, também nunca disseste que estavas farta de estar ali e que querias voltar para casa. Foi, de facto, um dia diferente e ambos sentimos isso. Eu falei a sério em todas as vezes que disse que te amava. Amo-te muito mesmo!

Obrigado por este dia maravilhoso. Quando estiveres a ler isto, já fui ter com a Sónia, a tua amiga que dizes ser uma pessoa única para ti e que te disse que, à falta de melhor, eu até nem era mau. Ela é muito bonita, inteligente e era nela que eu pensava para me excitar. Agora vai ser mais fácil.

Apanha o expresso para Lisboa. O hotel está pago até à hora de almoço.


Beijo!

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Dia dos Namorados

Catorze de Fevereiro, um dia que tinha tudo para serem mais 24 horas de agradável existência mas que virou inferno e chinfrineira porque alguém se lembrou que o S. Valentim tinha que patrocinar jantares românticos, ramos de flores e passeios de mãos dadas.

O Dia dos Namorados não passa de uma campanha de marketing à escala planetária, que visa aumentar as vendas de rosas, jóias, reservas em restaurantes e objectos de sex shop. Ao mesmo tempo ajuda a indústria farmacêutica e aumenta as vendas de comprimidos para o enjoo. Eu por exemplo já comprei várias caixas para aguentar o dia de hoje.

Por esta altura, devem estar a pensar que eu afinal sou um frustrado, que nunca estive com uma mulher por menos de 20 euros e que não suporto o amor. Porque era o que eu pensaria se lesse um texto igual a este. Mas, na verdade, o que eu sou é um palhacinho que gosta de implicar com tudo e é só isso.

Mas voltando à vaca fria, que o microondas está avariado, o que vai acontecer no dia de hoje é que, se eu quiser jantar fora tenho vários problemas. Primeiro, se for sozinho, sou um desgraçado que nem namorada tem. Se for com um amigo, sou gay. Se for com uma amiga, espetam-nos com duas velas à frente e um prato decorado com corações, o que pode tornar-se embaraçoso para os dois. Se for de facto com uma namorada, sou idiota porque estou para aqui com coisas e afinal sou igual aos outros.

E o mesmo se passa caso queira ir ao cinema.
Mas o cinema ainda me levanta outras questões. Como é que será uma sala de cinema num dia dos namorados. Presumo que seja uma sala grande com dezenas de pessoas a namorar. Cada um para o seu lado, com certeza, para não parecer um programa da Teresa Guilherme. Agora, se eu hoje for sozinho ao cinema vou meter-me no meio de casais de namorados. A meio do filme vou começar a ficar sem saber o que fazer, de certeza. Ou me concentro ainda mais no ecrã, tentando esquecer o que se passa à minha volta, ou junto-me à festa, o que talvez não seja elegante da minha parte.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

"Romeu e Julieta - A Revolta" regressa dia 24 ao Almirante

Na próxima terça-feira é Carnaval e, por isso, o espetáculo "Romeu e Julieta - A Revolta" no Almirante Bar faz uma interrupção. Voltamos na semana seguinte, dia 24.
Até lá e bom Carnaval!


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Café teatro às terças no Almirante Bar

«Romeu e Julieta - A Revolta»

Terças-feiras no AlmiranteBar. Entrada livre*

*Apenas é cobrado o consumo feito no bar

Sinopse

Algumas opiniões do público publicadas nas nossas páginas após a estreia:
"Aconselho! Descontraída maneira de beber e saborear um café" (Luís Spencer)
"Gostei e recomendo..." (Fernanda Neves)
"A não perder. MUITO BOM" (Sérgio Matos Mendes)

Fotografia: Cristina Delgado



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Quanto vale um energúmeno?

Eu não sei quanto vale uma vida. Mário Amorim Lopes acha que"vale todo o nosso esforço". Já não é mau. Para alguém que aparenta caminhar em raízes quadradas, achar que vale todo o nosso esforço (e não todo o nosso esforço a dividir pelo número de betinhas que somos capazes de comer numa noite no Urban) já é uma vitória humanística. Mário Amorim Lopes perdeu tempo - atenção, Mário, tempo é dinheiro! fizeste bem as contas sobre a rentabilidade de escrever esta prosa mal amanhada? - a explicar que os recursos são escassos. Pois, Mário, não é preciso estudar na Universidade do Porto para saber isso. Em qualquer universidade se aprende e na escola primária também. E os recursos serem escassos é uma inevitabilidade do mundo. E temos de viver com isso. Se não fosse isso, gajos como tu, Mário, não serviam para nada. Assim, servem. Ainda que, na maior parte das vezes, para dizer banalidades como as tuas.
Aquilo que já não é uma banalidade é a tentativa quase criminosa de transferir a responsabilidade da falta de dinheiro na Saúde para o Teatro. Acredito que o dinheiro que o Estado dedica à Universidade do Porto te dê muito mais jeito, mas se calhar salvava mais vidas.
Mário Amorim Lopes diz que quando financiamos uma peça (de Brecht) estamos a "reduzir os recursos disponíveis para mais um tratamento que possa salvar mais uma vida. E sacrificar a vida de uma criança é um preço demasiado elevado a pagar". Mas quando se faz uma peça neste país há pessoas a pagar bilhete (com IVA), profissionais a pagar IRS e mais uma série de contribuições, licenças de representação, direitos de autor e impostos sobre os direitos de autor e... não tenho a tua profissão, Mário, investiga tu o resto. Já quando se paga a um professor, é isso que se faz, paga-se a um professor. E crianças a precisar desse dinheiro para se salvarem...


Terminando, eu não sei quantificar quanto vale uma vida. Mas sei que um energúmeno sai-nos muito caro!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Explicação de um Amor Falhado (poema revisitado)

Deste em confundir-me
- Refira-se primeiro -
Até gostavas de andar com um homem
Mas preferias que fosse azeiteiro.
Não foi pois certeiro
Achares que era eu
Estavas longe de uma Julieta
Para eu ser o teu Romeu.

Sabíamos que era treta
Tudo o que me dizias
Gostavas de receber SMS
Mas nem ler sabias.
Era sempre muito própria a tua ideia do que era bom
Tinhas sonhos
Coisas que querias
Mas não podes ser mais do que revendedora da Avon.

Foste o meu amor falhado
O meu romance perdido
Eu tinha o coração cheio
O teu estava todo fodido.
Pode agora parecer feio
Dizer-te tudo o que sinto
Para te compreenderes melhor
Lê a Margarida Rebelo Pinto.
Ela vai descansar-te
Os homens é que não valem nada
- E é melhor pensares assim
Do que ficares ressabiada.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Um sorriso mente mais do que mil palavras

Ontem foi sexta-feira e saí à noite. Conheci uma rapariga. Ela achava que era linda mas não era tanto como achava. Sucedeu que estava muito frio para lhe dizer a verdade. Não gosto de ficar em casa numa sexta-feira à noite. Até os adolescentes saem numa sexta-feira à noite e, se eu ficar em casa, começo a pensar que tenho um pai que é diferente dos outros pais que deixam os filhos sair à noite. Eu não sou adolescente e o meu pai não está preocupado se eu saio à noite ou se fico a ver o "Havai - Força Especial" na Fox. Se eu ficasse a ver o "Havai - Força Especial", o meu pai duvidaria da minha heterossexualidade e aí talvez ficasse preocupado. Ou talvez nem assim, porque ele também sempre deixou passar em claro as tardes que eu e o meu primo passávamos no quarto fechado à chave.
A rapariga que era linda mas não tanto como achava falava muito e isso cansava-me. Se ela fosse tão linda como achava que era, eu ouviria e tudo me pareceriam pérolas, assim foi só chato. Assim fiquei ofendido por ser alvo de atenção de alguém medianamente bonito. Gostava de ter-lhe dito que não fui à procura dela nem à procura de ninguém. Fui só porque não me apetecia ver o "Havai - Força Especial" e porque o meu pai merece que eu olhe para ele como um bom pai, não pior do que um pai dos adolescentes que têm autorização para sair e vomitar numa sexta-feira à noite. Gostava de ter-lhe dito que era linda mas não tanto como ela achava, só que estava muito frio para lhe dizer a verdade e um sorriso mente mais do que mil palavras.

Hoje de manhã deixei-lhe um bilhete a dizer: "és lindíssima"... Espero que ela não acredite em alguém que sai sem se despedir.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sem pedir desculpa

Escorro-te nas lágrimas sem pedir desculpa
- o nevoeiro nos olhos depois de cegares
e não veres que nunca estive lá


Carlos Alves
18.01.2015

Espaços

a espaços saímos soltos e voltamos calados
a espaços cruzamos os braços com força
movemos cidades a espaços

na profundidade erguemos terraços
donde se vê de longe e para trás, de perto e em frente
a espaços julgamo-nos belos, imponentes, ilustres

a espaços esquecemos as palavras
que foram inventadas para dizer que sim.

Carlos Alves
17.01.2015

Depois da rota

depois da rota que escolhemos transviar
do gelo em que escorregamos sem cair
dos olhares que consentem mas não calam
paramos de novo na pele do teu pescoço.

Carlos Alves
04.01.2015