quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Memória Quente

O tempo dos teus olhos fechados
É a memória mais quente daquele beijo.

Carlos Alves
30.12.2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Da Saudade

A promessa de estares perto
Iludiu a tua ausência prolongada

Carlos Alves
16.12.2014

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Café Teatro - Estreia a 20 de janeiro!


No dia 20 de janeiro, estreamos um espetáculo de Café Teatro no Almirante Bar. Uma peça inédita da autoria da atriz Susana Vitorino, que também assina a encenação, e interpretações minha e da Ana Campaniço. Este é o espetáculo que inicia a programação de café teatro no Almirante.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ditirambus - 20 anos de história

A Ditirambus - Pesquisa Teatral celebra, em 2015, 20 anos de história. É uma honra, um orgulho e uma motivação fazer parte desta história e parte deste futuro. Vale a pena ler a mensagem.


sábado, 29 de novembro de 2014

Debaixo de uma luz intensa

Debaixo de uma luz intensa
Em que não somos capazes de pensar
Em que não somos capazes de nos ver
Não conseguimos dormir
Debaixo desta luz intensa sobre nós

A manhã é um cenário árduo para acordar
A manhã é sempre a falta da luz
que nos inebriou
A manhã é o espaço que nos rouba

o calor que faz debaixo desta luz intensa.

Carlos Alves
29.11.2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sumptuosidade

Desfaz-te em pó agora
Esbraceja num último esforço
Mergulha numa apneia poderosa

Renasce amanhã... em brilho sumptuoso

Carlos Alves
27.11.2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Rasguei-te um poema nas linhas da mão

Rasguei-te um poema nas linhas da mão
que não sei ler
apenas
...

Escrever-te no destino.

Carlos Alves
22.11.2014

Quadra da Mentira

É mentira quando os homens fazem figas
É mentira quando foges a correr
É mentira quando finges que não ficas

É mentira a tua falta de sede para beber.

Carlos Alves
19.11.2014

O Tempo, A Distância

O Tempo, a Distância
E o eterno que transporta ambos
Para dizer que todos nascem e ninguém morre.

Carlos Alves
12.11.2014

Palavras de Evidência

As palavras de quem quer evidenciar-se
Não passam de uma linha
Traçada num papel bonito.

A quem a fez pareceu-lhe bem
Mas o papel ficou estragado.

Carlos Alves
12.11.2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Texto acabado, novo espetáculo a surgir!

Está completo o texto de um espetáculo que vamos apresentar no início do ano. A região do país onde vai acontecer e qualquer informação sobre o espetáculo ainda permanecerão em segredo por mais uns dias. Até breve!




quinta-feira, 20 de novembro de 2014

NOVIDADE! Café Teatro em janeiro no Almirante Bar

A partir de janeiro, o AlmiranteBar vai tornar-se um espaço privilegiado de Café Teatro.
De uma forma regular e programada, vão ali ser apresentados espetáculos, plenamente concebidos ao estilo de café teatro.
O mês de janeiro abrirá com uma peça inédita, que, a seu tempo, será anunciada, e outras se seguirão.

Este é o arranque de um projeto que merece realmente a vossa atenção!



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Caminho de Gelo

Do lado de fora sentiste frio
Gelo debaixo dos pés
Para escorregares
Cada vez mais para longe

O adeus é sempre um caminho gelado

Carlos Alves
10.11.2014

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Poema Longo

Pediste-me um poema longo.
Mas se for longo não o vais ler, respondi-te
E num poema longo é mais fácil a dispersão de pensamentos
porque são poucas as palavras necessárias para condensar o muito que se pensa
Mas num poema longo, argumentaste
Há mais linhas para ler e entrelinhas para desvendar.
Um longo poema de amor
Talvez fosse o que querias
Mas um longo poema de amor
fala sempre de um amor pequeno
Um grande amor resume-se em poucas palavras
E todas inúteis
Porque a poesia de um grande amor
está nos olhos e no que deles brota
Brilho ou lágrimas

Carlos Alves
06.11.2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Imagem de Ti

Criei-te para te moer com pensamentos
Para te celebrar com palavras
Para te fazer sentir que os artefactos
dos teus detratores
falsos mentores
das tuas amizades inventadas
Não eram os que te faziam abrir para ti
Eram os que te colocavam fora de ti
Longe dos rumos que definiste
A sul dos nortes que te prometeste

Criei-te para seres grande
Tão grande quanto eu
- maior eu não conseguia

Criei-te numa imagem
Que realçasse o traço
Que ninguém te valorizara

Criei-te nessa imagem
E não foste mais do que isso
Uma imagem do que supus
Aquela que o sol descolorou
E que não resistiu às chuvas das tuas ilusões.


Carlos Alves
26.10.2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Fórmula da Memória

Gostava de vos falar do tempo. Não do da meteorologia, porque "só quem não tem nada na cabeça é que fala do tempo, para ocupar tempo de antena", diz-se numa peça que eu bem conheço. Do outro tempo, o tempo que passa por nós, o passado, o presente e o futuro. Esse tempo.
Eu não vivi ainda muito tempo mas já vivi muito dentro desse pouco tempo que tive. Vivi sempre muito de olhos postos no futuro, é verdade, mas muito também a saborear o presente, cada presente.

Isto não pretende ser uma reflexão filosófica sobre o tempo - não sou filósofo e, se o fosse, escrevia um tratado, não um texto numa rede social para consumo imediato. Pretende apenas ser uma conclusão simples sobre o tempo que é preciso para perceber tudo. O tempo que levamos a assimilar, a compreender, a querer ver o que não assimilámos, não compreendemos, não quisemos ver no tempo em que estávamos lá, no tempo em que o tempo eram balas e o nosso corpo estava desprotegido. Só muito mais tarde percebemos o tempo que passou e raramente esse tempo foi o que, na altura, julgávamos que era. Para o bem e para o mal é sempre assim. Vivemos durante um tempo para concluir algum tempo depois que o que vivemos foi uma coisa diferente. E o que fica são as memórias piores do que julgávamos que tinha sido muito bom e as melhores do que na altura nos parecia insatisfatório. A memória são os reflexos do passado depois de maturados pelo tempo de os compreender. Não está na nossa memória o que vivemos mas sim o que sabemos hoje daquilo que vivemos. E, muitas vezes, o que sabemos depois do tempo estraga-nos a memória. Ela fica pior mas é essa a verdadeira. Foi isso que aconteceu.


E daqui a um tempo vou perceber que o que estou a viver agora também é uma coisa diferente. E vocês também. Porque o tempo é o único que não nos engana.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O Cansaço

há uma intensidade nos movimentos de quem chega cansado, não importando o tempo, o esforço ou a viagem que o levou a cansar-se, há uma intensidade mesmo no cansaço, é um cansaço intenso o de quem chega cansado. o cansaço é um acumulado de histórias, um acumulado de minutos inspirados e transpirados pelos poros da testa sob a forma de raios de vida. espalha vida quem chega cansado. soube estar, soube sentir, soube voltar. cansado e recheado. o cansaço é o recheio de um fim de dia, de um fim de noite.


Carlos Alves

Deixei-te um cigarro

Deixei-te um cigarro em cima da mesa.

O cachimbo da paz
Depois da última batalha na guerra de te resistir.


Carlos Alves
19.10.2014

"Camarim" - uma comédia dentro da comédia

"Uma comédia dentro da comédia, construída em torno do género e dos seus protagonistas" - in jornal Público



sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A Noite

Não comentes quando é noite
Que a noite te traz a ti

A noite não te traz, ela devolve-te
A um ventre materno que nenhum homem escolheu abandonar.


Carlos Alves
16.10.2014

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Espetáculo "Camarim" apresentado em Ponte de Lima

Depois da estreia em Lisboa e da passagem por Setúbal, CAMARIM, a peça de Carlos Alves e Ana Campaniço chega agora ao Norte, sendo apresentada em Ponte de Lima, no dia 1 de novembro, no Teatro Diogo Bernardes.

Sinopse

A ideia de trazer o camarim para a vista do público foi o ponto de partida para a conceção deste espetáculo. Fruto do nosso envolvimento no mundo da comédia, pensámos criar um texto que refletisse algumas das preocupações, ânsias e relações entre os artistas. (Ler mais...)



terça-feira, 14 de outubro de 2014

À Dor do Quotidiano

Se encontras poesia nas páginas dos jornais
Encanto nos números que angustiam multidões
Fluidez nas palavras decididas à letra
Então estás imune!

Carlos Alves
14.10.2014

Erro de Cálculo

Elogiaste-lhe os atributos
Exageraste-lhe a inteligência
Subvalorizaste-lhe a animalidade.

Carlos Alves
13.10.2014

A Mão Que Te Segura o Braço

A mão que te segura o braço
não é a mão que te acaricia o rosto
porque a mão que te segura o braço
não sabe o percurso até sorrires.
Sabe que um braço é posse
Mas um rosto é desejo.


Carlos Alves
13.10.2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Troca

Investiste tudo na espera
Poupaste recursos na entrega
...
Desvalorizaste a moeda de troca

Carlos Alves
11.10.2014

Senha do Incerto

Talvez depois
Os lábios, os sorrisos, as flores
Talvez depois
Os abraços, a brandura, a afeição
Talvez depois
Os livros, as memórias, as estradas
Talvez depois
O ciúme, os olhares, as direções acertadas
Talvez depois
O mar ao longe e o beijo perto
Talvez depois
Foi tarde demais
Depois talvez são a senha do incerto.


Carlos Alves
11.10.2014

O Sentido Distorcido

Por dentro era o caos
Com uma vista ordenada do exterior

Os sentidos a distorcer o sentido

Carlos Alves
11.10.2014

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Porta Aberta

A porta que deixaste aberta
Foi preguiça de a fechar
Ou a ilusão de querer sair?

Confunde-me a corrente de ar!

Carlos Alves
10.10.2014

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Silêncio Cheio

O silêncio ensurdece quando dói
Quando grita na barafunda
Do que te obrigas a lembrar
...
Assobias para esquecer

Carlos Alves
07.10.2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Inflexões

Apresento-vos hoje o INFLEXÕES, um espaço que criei para livremente partilhar com todos algumas coisas que vou escrevendo e em que conto com algumas ilustrações da atriz Ana Campaniço. Poderão encontrar Inflexões no facebook, numa página criada para o efeito, e no tumblr, onde renovámos o que já existia para dar lugar a um espaço de Arte e Cultura que, pretendo, seja do vosso agrado.

Gostava que seguissem estes dois projetos, que, afinal, são um só!


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

domingo, 5 de outubro de 2014

INFLEXÕES - Um novo conceito no tumblr


Nasceu um novo espaço no tumblr!

Na verdade, trata-se de uma reconversão da página que eu ali vinha mantendo. Alterámos-lhe a imagem, mudámos-lhe o nome, conferimos-lhe uma nova vocação. Arte e Cultura são as duas palavras que, a partir desta noite, sustentam este espaço.

Todos os que me seguiam transitam automaticamente para este novo conceito e aguardo por todos os que queiram, a partir de hoje, estar presentes. Venham fazer uma visita! Se já são pessoas de tumblr, sigam o INFLEXÕES!


E esta novidade não vem sozinha. Associado a ela estará, para muito breve, o lançamento de uma coisa nova no facebook...



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

VAMOS AO TEATRO



Começa hoje a campanha nacional comunitária “VAMOS AO TEATRO”, que decorrerá durante todo o mês de Outubro. Tem o objetivo de incentivar os portugueses a frequentarem os espaços de oferta cultural, sensibilizando-os para a importância de incluir a cultura no seu quotidiano e consciencializando-os dos momentos especiais que poderão experienciar.

A iniciativa conta com a chancela da Secretaria de Estado da Cultura e consiste em difundir por todo o país o selo e a mensagem da campanha em diversos suportes, com o intuito de chegar a toda a população.


Esta é uma campanha é organizada pela BACKGROUND - Serviços Profissionais de Produção, cooperativa de produtores culturais que apoia a produção artística.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

GRÂNDOLA VILA MORENA ECOA NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COM OS BOÉMIA (Vídeo)

Foi no final da atuação, ontem, na Sala do Senado da Assembleia da República, no encerramento das Jornadas Europeias do Património 2014, após pedidos de "mais uma" por parte da audiência, que os Boémia cantaram uma sua versão do "Grândola, Vila Morena". Aos primeiros acordes de piano, o público sentado na Sala foi-se levantando e acompanhando a banda em coro.




Sob o tema "Património, sempre uma descoberta", as Jornadas Europeias do Património encerraram este domingo, ao som dos Boémia e dos temas do seu último disco, "Os Peregrinos do Mar". O álbum narra as aventuras e desventuras do povo Português no tempo dos descobrimentos, em paralelismo com os dias de hoje, quando tantos Portugueses deixam o país para tentar melhor sorte. Esta é a verdadeira matriz subjacente às líricas deste trabalho que prestam uma homenagem intemporal à força de vontade de um povo e à sonoridade incorporada na Moderna Música Popular Portuguesa.

Foi depois de cantar "A Canção para um Infante" que, acedendo ao pedido de "encore" do público, a banda entoou o "Grândola, Vila Morena", acabando acompanhada por toda a plateia, em pé.

O estilo dos Boémia surge como evolução natural da música popular portuguesa e como reflexo de um conjunto de influências tais como Fausto Bordalo Dias, Zeca Afonso, Amélia Muge, José Mário Branco, Trovante, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Tom Jobim, Chico Buarque, entre outros.
Como o próprio Fausto teve a oportunidade de dizer, “(...) os Boémia pertencem já a uma nova geração, que parte na senda da música popular portuguesa e que nesta altura já se pode chamar Moderna Música Popular Portuguesa.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dias em Crónica - 1 Ano

Há precisamente um ano reuniram-se esforços para que a RDS Rádio começasse a ter um programa de humor com a minha assinatura. Por essa altura, eu produzia já regularmente algumas crónicas gravadas em audio que difundia via internet e que tinham o seu espaço numa página batizada de Dias em Crónica. Achámos por bem transportar o nome para a rubrica da Rádio e a mesma página foi reformulada e aproveitada para dar suporte ao então novo formato.

A primeira edição do "Dias em Crónica" ia assim para o ar a 1 de outubro de 2013. Estamos agora a completar um ano de edições. Ao longo deste ano, pude escrever e dizer o que quis, ficando entregue ao meu próprio bom senso e à conceção que tenho daquilo que quero fazer. Não sei adjetivar o meu trabalho, quando muito tenho adjetivos para aquilo que desejo que ele seja. É por isso que, um ano volvido, apenas posso manifestar satisfação com o que fui realizando. À RDS quero louvar a aposta neste formato e a independência que sempre me deram na sua concretização. Desde cedo, sentimos a atenção dos ouvintes à rubrica e acredito agora que ela é já uma marca importante e distintiva na programação da estação.

Parabéns a todos!


Carlos Alves

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Dias em Crónica - 1 ano de edições na RDS Rádio

Estamos a comemorar o 1º aniversário da rubrica Dias em Crónica na RDS Rádio.
As crónicas do humorista Carlos Alves ganharam vida radiofónica no dia 1 de outubro de 2013. A próxima semana marcará o concretizar de um ano de edições.

Ao longo destes 12 meses, muitos foram os temas abordados, num espaço de humor acutilante, desconcertante e, tantas vezes, controverso. "Dias em Crónica" conquistou desde cedo a atenção dos ouvintes. Há um ano, surgiu como uma novidade e uma grande aposta na programação da RDS. Um ano depois, já é uma marca importante e distintiva nesta estação.


Parabéns!


quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Como é que se conta uma história assim?

Pegar em "No Céu Não Há Limões" do Sandro William Junqueira consuma a verdadeira definição do prazer de ler. A narrativa é uma sucessão de frases com sabor - como é que se conta uma história assim?

O livro prende-nos aos personagens, ao ambiente, ao conflito, mas agarra-nos, sobretudo, às palavras e ao ritmo com que elas surgem no papel. Uma "realidade" tão terrena exposta de uma forma tão sublime!


Uma obra magnífica!




terça-feira, 16 de setembro de 2014

Uma História de Halloween

As tardes em sítios calmos e retirados podem ser aborrecidas. Mas ela sentia esse aborrecimento com prazer, era um aborrecimento que a fazia sentir-se bem. O desapego de não ter deixado nada por fazer por nada ter planeado e a consciência de que o que fez não tem o valor suficiente para ser considerado alguma coisa. Uns quantos programas de televisão consumidos de seguida sem sentido crítico, apenas absorção, enquanto lá fora o vento se mostrava menos complacente com as árvores que rodeavam tanto o jardim da casa que agora habitava provisoriamente como o da casa da frente. Não conhecia o vizinho da frente, tinham-lhe dito até que ele não existia, que ninguém morava naquela casa. O certo é que as árvores permaneciam lá.

Não choveu nessa tarde, por muito que a ameaça fosse constante. Se a chuva tivesse caído, teria encharcado o livro que ela deixara no banco, lá fora no jardim. Abandonara o livro nessa manhã. E abandonara-o mesmo, para nunca mais o abrir. Dizia Mitchell que um livro lido até metade é como um caso de amor interrompido. Pois ela já interrompera muitos namoros literários. Os autores nem sempre são os culpados mas há leituras que não conseguimos levar adiante com gosto, que nos cansam, que nos dizem pouco, que a nossa sensibilidade teima em não deixar seguir leve, empenhada e fluentemente. Virginia Woolf, Isabel Allende, Salman Rushdie contam-se entre os divórcios improváveis que podem acontecer. E acontecem. E há muitos mais. Que foram premiados e elogiados, que foram perseguidos, que se suicidaram. E, por fim, as suas palavras podem ser abandonadas.

A tarde chegava ao fim e era noite de Halloween. As crianças viriam, certamente, fazer a ronda em busca de doces, armadas com lanternas.  Por agora, a rua continuava vazia.

Depois do jantar, os meninos apareceram. Já se ouviam quando ainda vinham longe. Num ermo de tanto silêncio, qualquer ruído é facilmente identificado. Ela saiu para o jardim, preparando-se para as receber. Em frente, uma luz avermelhada saía de junto da porta da casa da frente. A casa onde não morava ninguém, de quem não conhecia o último dono, que nunca ninguém referia, tinha uma abóbora iluminada do dia das bruxas.

As bruxinhas e os vampiros chegaram, cantaram, falaram, riram, brincaram e levaram a recompensa devida. Ficaram por ali alguns minutos até agradecer e partir. Ela cruzou os braços, deitou um último olhar à rua e voltou para dentro. Estava bem mais quente e a aparelhagem continuava a tocar num volume baixo. As crianças não foram à casa da frente.


Carlos Alves

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Carlos Alves (Cinema)

De alguns dos meus trabalhos em Cinema saiu esta sequência rápida de imagens. Ver mais em http://carloalve3.wix.com/carlos-alves e diariamente na minha página oficial.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Nessa Luta

Na frieza de um poema a ferro e fogo
Na presença que se quer quando se foge
Nessa luta em que enfraqueces para vencer

Hei-de espancar-te com beijos

Carlos Alves
09.09.2014

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Qualquer dia

Qualquer dia faço um poema com a palavra sexo
Qualquer dia faço um poema
Qualquer dia faço
Qualquer dia…

Qualquer dia faço um poema qualquer

Carlos Alves
01.08.2014

domingo, 27 de julho de 2014

A Dica da Fernanda Montenegro

Dicas não tenho coragem de dar. Aceito todas se vierem de quem eu reconheça capacidade e estatuto para isso. Mas olho muitas vezes à minha volta e gosto do "Desista!". Se é para isso, desista!


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Do Desperdício


Insistes em não pegar na tesoura
Para cortar o que te gastou energia

Mas podes
O sinal do outro lado já está desligado

Carlos Alves
24.07.2014 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Da oportunidade

Se a oportunidade perdida não lamentas
A desoportunidade futura faz-te sorrir para ela

Para voltar a falhar  

Carlos Alves
14.07.2014

sábado, 12 de julho de 2014

Saberei encontrar-te



Saberei encontrar-te depois do dia
Depois das sombras que o tempo te pintou
Saberei voltar da viagem que não fiz

Enquanto amadurecia o que me ficou cravado na pele


Carlos Alves
12.07.2014

Talvez quando acordares...



Talvez quando acordares tragas a metade que deixaste adormecer em ti
Talvez a outra metade estivesse à espera que acordasses
Da noite para o som resultarão fugas desfeitas


Carlos Alves
28.05.2014 

Deste Lugar em Fuga



Podes estar sempre lá
Sempre perto, sorrir perto, falar baixo
no tom que escolhes para agradar e não deixar
que tu magoes
No tom que fizeste com que quisessem magoar.
Estás sempre lá
Na mesma fuga
No mesmo espaço, outro lugar
Não é a chuva que te vai amolecer
Não é o fogo que te vai queimar
Não é por mim que vais deixar de ser
Não é em mim que vais ver o teu lugar.

Carlos Alves
25.01.2013

Por Não Querer Voltar



Por fingir que se dá, por fingir que se é
Por pensar poder dar e não conseguir ser
Há gente que tenta, gente que cai
Há gente que entra e gente que sai.
E é duro sair para onde se estava
E não se quer estar. É não querer ficar.
É medo que sufoca, é a ansiedade a subir
O anonimato recompõe-te mas impede-te de sorrir.
A luz incomoda, não te deixa dormir
A verdade turva o cérebro que te pede para mentir.
Olha para ti quando estás só
Procura por ti num lugar só
Vais-te encontrar mas não te vais ver
Vais ser tu contra ti, numa noite para doer.
Vais ser tu só contigo
Mas podes não te conhecer.

Carlos Alves
19.01.2013