quarta-feira, 12 de agosto de 2009

«G.I. Joe - O Ataque dos Cobra» estreia quinta-feira

G.I. Joe é um comando de elite militar suportado por um conjunto de países. Está preparado para intervir em acções de alto risco e máxima importância. No "Ataque dos Cobra" a importância resume-se a salvar o mundo. Salvar o planeta de três ogivas que contêm um composto com propriedades cem por cento destrutivas. Essas armas foram criadas por um vilão empenhado em tornar-se o líder mundial, acabando para isso com tudo o que existe. Este é o ponto de partida para um filme pleno de acção e efeitos visuais. Tudo começa quando a NATO adquire aquelas ogivas e o exército que as transportava é atacado e elas são roubadas. É então que o G.I. Joe entra, contando com dois novos elementos, dois soldados do exército da NATO. E começam as correrias, tiros, explosões, roupas e meios de transporte futuristas, quartéis-generais escondidos nos mais remotos sítios. Mas até chegar aqui, o filme tem a virtude de dar a conhecer um pouco das personagens e do seu passado. São criadas relações para conferir humanidade àqueles indivíduos, a quem o poderio tecnológico foi capaz de equiparar a máquinas. No fundo, o filme começa a construir para depois destruir. Só quando deixa de haver história para explorar é que começam as sequências infindáveis e sucessivas de cenas de acção.
Os cenários e máquinas são pouco realistas ficando ao nível do conseguido em qualquer bom filme 3D, ficando-se o investimento pela espectacularidade dos efeitos de explosões, combates e perseguições. Aliás, «G.I. Joe» consegue uma sequência de longos minutos em que junta tudo isto pelas ruas de Paris com a Torre Eiffel a desfazer-se. É esta a melhor sequência do filme, tornando-se interessante que os automóveis que vão aparecendo e sendo destruídos sejam modelos realistas de marcas franceses e cujos logotipos aparecem no meio da destruição. As sequências de «G.I. Joe» decorrem na terra, no fundo do mar e no ar. As mais bem conseguidas são, sem dúvida, as terrenas.
«O Ataque dos Cobra» tem os condimentos para um filme de acção explosivo e de puro espectáculo visual. E Stephen Sommers, o realizador da trilogia «A Múmia» e «Van Helsing», deixa tudo em aberto para a sequela, já que uma nova situação aparece no final. Também por isso, a adaptação portuguesa do subtítulo "Ataque dos Cobra" não se percebe, já que no original em inglês é "Rise of Cobra", que é o que faz sentido uma vez que os "Cobra" não têm qualqer acção, havendo apenas referência à sua origem. A tradução literal aqui aconselhava-se.

domingo, 2 de agosto de 2009

A Verdade e só a Verdade



"Um erro como invadir a Rússia no Inverno"


A Verdade e só a Verdade (Nothing but the Truth, no original) é um filme sobre uma jornalista presa por se recusar a revelar uma fonte. A trama torna-se sobremaneira complexa a partir do momento em que o "furo" que a repórter publicou atinge a Segurança Nacional dos EUA, através da divulgação da identidade de uma agente secreta da CIA. A jornalista não quer quebrar uma questão de princípio, os serviços secretos pretendem conhecer o "traidor" e puni-lo. Todo o filme está assente nesta dialéctica sigilo profissional do jornalista/ Defesa do Estado. Porém, vai mais além. Reflecte perfeitamente o que pode acontecer quando o Estado deixa de olhar a meios em nome da sua própria Segurança e a facilidade com que os direitos e garantias sucumbem a uma ameaça à Defesa da Nação. Mas, mais ainda, a película chama a atenção para o perigo que esse corte na liberdade pode representar. Perante a ameaça que a notícia publicada gera, os serviços de segurança podiam investigar quem andou a trair a organização. Mas preferiram prender o repórter, prender quem fala em nome do interesse público (e o interesse jornalístico neste caso reside no facto de o marido da agente da CIA denunciada ser um dos principais opositores ao governo para o qual ela trabalha). Uma atitude que pode ser cara aos sistemas democráticos e que nas palavras de uma das personagens, não é um erro como vestir de vermelho num funeral, é um erro como invadir a Rússia no Inverno. Pode bem ser um tiro no pé.

Num dos melhores momentos do filme, um advogado faz um discurso em que chama a atenção para duas questões fundamentais na actividade dos jornalistas. A primeira tem a ver com o sigilo. O advogado argumenta que nunca ninguém mais informaria a repórter se desta vez ela quebrasse o segredo. O segundo aspecto respeita à atitude do Poder com a comunicação social, sendo esta um meio de denúncia e controlo do próprio Poder. Quem iria questionar o governo em nome do Povo, quem iria denunciar situações de corrupção ou de mau aproveitamento do aparelho do Estado se os jornalistas fossem presos quando o fizessem?

A Verdade e só a Verdade consegue uma trama coerente e capaz de trazer a lume um conjunto de questões sem nunca assumir um tom fabuloso. É um caso ficcional apresentado com enorme realismo, algo que se mantém do princípio ao fim. Vemos muitas vezes histórias baseadas em factos reais com mais fugas para a fantasia do que esta. Uma grande interpretação de Kate Beckinsale. E um filme que surpreende pela inteligência com que narra uma história que não é mas podia ser verdade e só verdade.