quarta-feira, 15 de julho de 2015

Curta-metragem "O Convite" de António Almeida - teaser

Está já disponível um teaser da curta-metragem "O Convite", realizada por António Almeida, com Carlos Alves, Ana Campaniço e Andreia Simões no elenco. A produção é da Tubaralho Gravetoless, com o apoio do Cine-Reactor. Vale a pena espreitar!

 

Ficha Técnica:

Argumento & Realização
António Almeida

Diálogos
Nuno Catarino

Elenco
Carlos Alves
Ana Campaniço
Andreia Simões

Assistente de realização 
Marta Vicente

Direção de Fotografia & Câmara
Henrique Montalvao

Direção de Som
Sandra Rodrigues

Assistentes de Som
Leandro Fona
Daniel Melo

Anotação
Concha Silveira

Direção de Arte
Cláudia Pinto
Rita Lopes Cacheira

Maquilhagem & Guarda Roupa
Rita Cacheira

"Tudo Um Pouco"
Daniel Melo

Concepção dos pratos do jantar (Filme)
Filipe Martins

Catering
Caçarola Voadora

Montagem
António Almeida

Página Oficial "O Convite":
https://www.facebook.com/filmeoconvite

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Muito Movimento e Tudo Parado

Em Portugal, continua o registo de muita parra e pouca uva, agora no que toca às matérias gregas. A solidariedade com o povo grego é tanta que só não sei como é que ainda andamos todos a falar português. A alegria com o resultado do referendo na Grécia até me fez esquecer as alturas em que houve referendos em Portugal e mais de metade dos eleitores não pôs lá os pés. Não fazia ideia que os portugueses gostavam tanto de referendos. Ou, se calhar, só gostam dos referendos dos outros. Da mesma forma que mostram solidariedade quando os outros têm a utilização do multibanco racionada. Mas aqui, quando lhes disseram que tinham de trabalhar a recibos verdes, nem abriram a boca. Ou quando lhes oferecem trabalho em troca de um subsídio de alimentação e aceitam sem discutir. Nestes casos, esquecem a vontade de resistir e vão arranjar bandeiras da Grécia para pendurar no Castelo de São Jorge.

Não sei se no final do dia em que ergueram essa bandeira no Castelo foram vistos como heróis junto dos familiares e amigos; se foram, parabéns, mas de resto foi apenas inconsequente. Basta ter imaginação e tempo livre para “entrar” nas lutas dos que estão longe; para as lutas de cá dentro, as que importam e nos são próximas, é preciso coragem. E essa está claramente ao nível de não ter medo de subir ao castelo. É uma espécie de reivindicação turística.

Esse movimento “Eu não me vendo” tem realizado umas ações a fugir para o engraçado – ainda que eu nunca tenha visto ninguém a rir-se delas – e não passa daí. Esta semana resolveram divertir-se com a bandeira da Grécia. Porque estão solidários. E estar solidários é espalhar bandeiras dos objetos da solidariedade. Não entendo então porque é que ainda não está uma bandeira do Nepal no Castelo de São Jorge. Ou uma da Tunísia. Porque é que não há tamanha solidariedade com os milhares de vítimas do estado Islâmico ou com as dezenas de figurantes das telenovelas. Todos eles sofrem muito e certamente ficariam muito aliviados com as brincadeiras do movimento “Eu não me vendo”.


Este movimento está ligado a um outro movimento, o Agir. Basicamente são pessoas que fazem movimentos e movimentam-se muito mas não sabem muito bem para onde se movem. Eu acho que há pessoas que nasceram para pertencer a movimentos. De manhã, acordam e vão para o movimento, depois almoçam no movimento e à tarde saem para ir ao outro movimento porque antes de jantar ainda vão ter um workshop em movimentos e depois uma conferência com o chefe do movimento, que lhes vai explicar como nasceu o movimento e pedir-lhes para pensar em casa o que é que querem fazer com o movimento. No dia seguinte, ainda não descobriram o que fazer com o movimento e então saem do movimento e criam outro movimento.

Mas afinal tanto movimento nem uma brisa levanta.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Sobre as dúvidas quanto ao ensino das artes

Estive esta manhã num júri de avaliação das provas de aptidão profissional de alunos finalistas do curso de Artes do Espetáculo, numa escola secundária de Lisboa. Avaliar estas provas é sempre observar o resultado de três anos de aprendizagens, de desenvolvimento de competências profissionais e artísticas.
Contudo, mais do que os domínios práticos e teóricos, aqueles alunos demonstram ter adquirido um profundo conhecimento de si próprios, do que são e do que querem ser, do valor do trabalho em equipa e do relacionamento interpessoal. Noutras áreas, por certo teriam adquirido conhecimentos técnicos e científicos importantes para poderem vir a ser médicos, engenheiros, gestores, e bem, porque todas essas funções são de grande importância. Com o Teatro, para além dos conceitos, aprenderam-se a si próprios. É um grande desígnio da Educação este de levar ao auto-conhecimento.
Se há alguém com dúvidas sobre o papel do ensino de Artes nas escolas, tem aqui a solução para essas dúvidas; se existe alguém que ache esse ensino menos prioritário, saiba que está a desprezar uma missão importante da Escola, a de formar homens e mulheres e não apenas técnicos e executores.

domingo, 5 de julho de 2015

FORMAS DE PASSAR O VERÃO (TODAS ELAS MÁS) - III

Casamentos. Se há momento em que a família nos incomoda é quando alguém decide casar. Em agosto. Não nos podiam estragar outro fim de semana qualquer, tantos que há no ano, tinham que nos destruir um fim de semana de agosto. Dos quatro fins-de semana em que gostávamos de estar sossegados, a fazer coisas que não temos oportunidade de fazer no resto do ano, a dar mergulhos, a apanhar sol sem ter de olhar para o relógio, a passear e a fazer almoçaradas sem compromissos a preocupar-nos, há sempre algum elemento da nossa família que nos obriga a vestir um fato super quente e a apertar uma gravata debaixo de 40 graus de temperatura, porque decidiu casar. Eu também decido muitas coisas que de certeza vão hipotecar a minha vida para sempre, mas não chateio ninguém para vir assistir.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Festival da Fome

Na semana passada decorreu em Oeiras o Festival de Sushi da Europa. Eu não fui lá mas os que lá foram passaram fome. Ainda bem porque também foi isso que aconteceu sempre que amigos meus me forçaram a ir a um restaurante de sushi. Passei fome. Mas a culpa é minha, atenção! Na mente dos coisinhos do sushi, a culpa de não gostarmos de sushi é nossa. Não é do sushi, é nossa. Alguma coisa não está bem com uma pessoa que não tem prazer em meter coisas viscosas na boca. Mas então, os loucos por sushi que foram ao festival, contando encher o bandulho de peixe cru, passaram a fome dos desgraçados. Isto porque os cozinheiros (não sei se é assim que se chamam os tipos que enrolam postas de peixe) demoraram mais de duas horas até começarem a servir. Imagino o tempo que levariam se tivessem de cozinhar o peixe. Se me tivessem chamado, eu ia lá fazer umas brasas e em quinze minutos tínhamos sardinhada. Preferiram desprezar os tempos de cozedura, tramaram-se. Uma das pessoas, irritada, dizia: “Estive 3 horas na fila para comer sushi quente e com espinhas”. Quente? Vê lá se não estava cozido. É que se estava cozido, vomita. Peixe cozido é que não! Toda a gente sabe que o peixe é para comer cru, aliás o maior erro do Homem foi ter descoberto o fogo, porque isso não serve para nada. Eu gostava de desejar francas melhoras a todos os que se sentiram defraudados pelo festival e faço daqui um apelo à organização para que, no sentido de compensar as pessoas, promovam um grande cozido à portuguesa para todos. Vão ver que um bom fogão com água a ferver nunca desilude ninguém.

Alimentem-se!

Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - II

Algarve. “Não, para mim, verão é Algarve”... Claro que para ti verão é Algarve, da mesma forma que televisão é Teresa Guilherme e livros é Pedro Chagas Freitas. Nunca tiveste a oportunidade de pensar que existe mais alguma coisa. A A2 para o Algarve é a melhor porção de alcatrão que já percorreste na tua vida. E, se calhar, a única.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - I

Para a juventude. Festivais de verão. Vão para um descampado com milhares de outras pessoas, dormem na rua e ouvem música. Qualquer sem abrigo faz isso com a maior das naturalidades. A diferença é que não coloca fotos no facebook nem no instagram. Depois de terem pago uma quantia valente para entrar no descampado, engolem pó e fingem que já conheciam as bandas todas que estão a tocar. Ouvem as bandas e continuam a comer pó. Bebem. Para empurrar o pó. As miúdas que gostam tanto de sexo com estranhos como de pó, praticam-no à noite e de manhã, no meio do pó… e de formigas. Os rapazes que gostam de estar em sítios onde facilmente há miúdas que gostam tanto de sexo como de pó, fazem companhia às miúdas e às formigas. Fazer sexo num festival não é uma relação afectivo-sexual, é um filme porno para as formigas. Quando acabam os dias do festival, as pessoas são libertadas e há qualquer coisa no pó que as faz dizer que aquilo foi muito bom. Na verdade, só saem dali mais sujos e com a possibilidade de serem pais de uma garrafa de vodka.