quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Um livro em fúria

Uma pessoa no meu estado não fode um mecânico ou um futuro Nobel porque se esqueceu de um cabrão, ou para o esquecer. Uma pessoa no meu estado fode um mecânico ou um futuro Nobel por se lembrar de um cabrão, e lembrando-o. Um dia, um pouco antes do apocalipse, alguém há-de calcular o dispêndio de tempo com cabrões na cabeça de quem fode.

Este excerto resume o percurso da personagem central do mais recente livro de Alexandra Lucas Coelho, um caminho feito para matar um homem. «O Meu Amante de Domingo» é uma história de rancor, ódio, desilusão e sexo, narrada numa linguagem dura e hostil, não só na forma das palavras como no próprio substrato. As viagens entre o Alentejo e Lisboa são pautadas por viagens paralelas ao mundo igualmente violento, cru e erótico de autores como Nelson Rodrigues, Balzac e James Joyce.

«O Meu Amante de Domingo» é essencialmente um texto cru, um grito de raiva pontuado por pormenores de grande qualidade e marcado por apontamentos de um humor negro sublime e extremamente bem conseguido.



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