terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Buraco

O buraco ganhou estatuto de termo corrente nos meios de comunicação social. E não estou a falar só da Casa dos Segredos. Desde que a Grécia e Portugal se armaram em pedintes internacionais que o buraco anda na boca de jornalistas, analistas, economistas e outros mais ou menos especialistas.

Antes só se falava de buracos em círculos mais restritos e em contextos menos formais. Mas o buraco generalizou-se e já não é preciso esperar pelo Quim Barreiros para abordar a questão. Qualquer pivô de telejornal o faz com o ar mais sério e compenetrado.
Com a descoberta do buraco da Madeira, passámos ainda a ter mais buracos com que nos entreter. E colocar Alberto João Jardim a falar de buracos é sempre um risco de consequências imprevisíveis. Felizmente não é sempre Carnaval.

Associado ao buraco está sempre um conjunto de zeros que pecam por terem outros números atrás. São dívidas, contratos incríveis, fortunas luxuosamente esbanjadas, calotes que os portugueses terão de abater com o suor do trabalho e desapego da poupança. Já lá vão os tempos em que os impostos constituíam um verdadeiro assalto à mão armada. Agora, tendo em conta o número de buracos envolvidos e o sofrimento provocado, estaremos mais perante um cenário de violação. Sem lubrificante porque o tempo é de poupança.

Olhamos para os homens e poucas mulheres que nos governaram nas últimas décadas, e para Alberto João Jardim que os acompanhou a todos, e vemos o que deixaram à sua passagem. Na essência, deixaram buracos. Evidentemente, os políticos portugueses são já conhecidos como umas autênticas retroescavadoras da vida nacional.
Primeiros-ministros, ministros, secretários de Estado, autarcas e outros que tais permitiram-se esbanjar à grande e à portuguesa. Agora, se tivessem mais um buraco onde se meter deviam esconder-se lá dentro.

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