sábado, 22 de janeiro de 2011

A forma como nos tratamos

A presença dos media nas redes sociais está marcada por uma linguagem sempre mais informal e também mais próxima dos seus públicos. Houve uma adequação da comunicação ao ambiente em que ela se desenvolve. Nem todos fizeram isso mas muitos optaram por fazê-lo. Especialmente nos casos das rádios e das televisões. O discurso utilizado pelas estações em redes como o Facebook ou o Twitter é bem diferente do que é oficialmente utilizado nas respectivas emissões. E isto é claro sobretudo na forma de tratamento. As televisões e a maioria das rádios tratam os espectadores ou ouvintes por "você". É a forma de tratamento tradicional. Mas não nas redes sociais. Aqui, o tratamento generalizado é "vocês". Qual a diferença? É uma forma mais jovem de se relacionar com o público. Aliás, esta forma de tratamento é também utilizada em antena quando se tem um público-alvo mais jovem.
O que parece demonstrar que os media vêem o seu público nas redes sociais como um público mais jovem do que aquele que os segue nas emissões regulares. Mas nada impede que o público seja o mesmo. Então porquê a diferença de tratamento?

A questão essencial é: obrigará a comunicação online a uma forma diferente de tratamento entre emissor e receptor? Se sim, porquê?
A questão da juventude não explica tudo. A Internet já não é e será cada vez menos um espaço de jovens. A questão da proximidade é relevante. A forma de tratamento é um importante factor indicativo de distanciamento ou afinidade entre as pessoas. Mas será imperativo que, por estar mais próximo, também tenha de se aumentar a afinidade?

A alteração na forma de tratamento é uma opção que deve ter em conta o alvo, o receptor e não o ambiente, o canal da comunicação. E isto não é apenas relativo às redes sociais, até porque estas são um caso específico em que supostamente as pessoas estão ligadas entre si e também às marcas, empresas e órgãos de media numa lógica de afinidade, bem traduzida pelo termo "amigo" que é aí aplicado. Mas já se discute muitas vezes se sites de informação, por exemplo, devem tratar os seus visitantes por "tu". Neste caso, já estamos perante uma alteração radical da relação entre um meio de comunicação social e o seu público, alteração essa que só acontece pela presença no online e tendo esta como única justificação.

Mas pode acontecer que esta seja uma justificação muito forte. Se a Internet mudou a forma como nos relacionamos porque não poderá mudar a forma como nos tratamos?

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