A RTP1 está a voltar ao pior do que já foi. Na década de 90, éramos presenteados com autênticos castigos televisivos em forma de televisão comercial. Vejamos só um exemplo: Tudo às Escuras . Para uma televisão de serviço público não estava mal... não estava bem.
Foi um período triste na programação da RTP. A SIC, que tinha aparecido, crescia a um ritmo muito veloz. A televisão pública esmerava-se em acompanhar, não o ritmo de crescimento mas a má qualidade.
A partir do meio da presente década muita coisa melhorou. O principal canal generalista público dava sinais, na sua programação, de desprezar formatos que envergonhassem quem, naquela casa, pronunciasse a expressão "serviço público". Apostou em concursos no horário nobre, diminuiu a ficção nacional, desenvolveu uma marca na informação. Obviamente que é, e será sempre, discutido se realizou ou não - se esteve lá perto ou nem por isso - o tanto aclamado serviço público de televisão. É um conceito complexo e sempre discutível. Mas não importa agora indagar do seu cumprimento ou não nestes anos a que me refiro. Porque, fosse lá o que fosse, a programação da RTP à data não contemplava aberrações e programas sem o mínimo de conteúdo do teor dos que referi atrás e das reencarnações - diria, assombrações - que surgem agora.
Família, Família e O Último Passageiro são dois casos actuais de pura perda de tempo televisivo. O último então é bem evidente. Repare-se na descrição que a própria apresentadora faz do "concurso" ou lá o que é: "O objectivo é que os 18 elementos de cada uma das três famílias a concurso entrem no respectivo autocarro [...] Depois ligar a ignição e irem todos de férias". Acho que não preciso de dizer mais nada.
Aqui chegados, estes até nem eram maus tempos para a televisão portuguesa.
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