Peça "O Frio que Faz na Cama", de António Manuel Revez; Encenação de Marco Mascarenhas. Produção: Ditirambus (2011)
terça-feira, 20 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
SIC 20 anos - Companheiros de Crescimento
"SIC 20 Anos - Crescemos Juntos" é o claim atual da estação de Carnaxide. Mas quem são estes que cresceram junto com a SIC? Na verdade, tendo esta 20 anos, só duas gerações o podem ter sido. Calculamos que sejam as gerações de 80, que rondavam os 10 anos aquando do nascimento do canal, e a geração de 70, que estaria, nessa altura, entre os 15 e os 20. Os mais velhos do que isso já estavam bem crescidos em 1992.
Não será, pois, abuso considerar que a mensagem da estação está agora dirigida às atuais faixas dos 24 - 39. Talvez seja. Abuso. Mas, dada a sub-representação da população mais idosa nos painéis da GFK, posso ver aqui uma já desistência desse público. Esses não vão ser contados, por isso vamos engraxar os mais novinhos.
Poderá ser uma explicação do tal claim mas não sabemos se é. Provavelmente não. Até porque a programação não indica o mesmo. O combate das manhãs e das tardes com os outros concorrentes mantém-se. A novela da Globo, agora com menos vigor nas audiências e remetida para mais tarde do que no tempo em que "crescíamos com a SIC"; mas a novela portuguesa a assumir a posição, com menos produções ainda do que a TVI mas com mais intensidade na violência e na depressão. Seguindo a tradição da premiada "Laços de Sangue", "Rosa Fogo" tem os seus vilões cuja propensão para a violência pode sempre ir mais longe, dependendo do número de episódios que ainda houver.
Para enfrentar o arrombo provocado pelo "A Tua Cara Não Me É Estranha", chega para semana o "Ídolos". Vamos ver como corre, porque "Ganha Num Minuto" não estava (nem podia) mesmo dar.
De resto, foi preciso esperar 20 anos para ter um programa como o "Gosto Disto"! Mentira. É dos formatos mais batidos em televisão. Vídeos caseiros e engraçados e... é só isso. É claro que este tem os Homens da Luta e o César Mourão. Ambos, à sua maneira, imprimem alguma mais valia a um formato que é terra queimada (mas tem sempre sucesso!) e isso é bom.
Isto agora é daqui para melhor e lamentamos que a teoria do primeiro parágrafo não seja verdadeira. Apesar de tudo, uma diversificação do público-alvo traria diversidade ao panorama audiovisual. Mas isso é estúpido, porque as televisões estão em concorrência direta, pelo que o público que querem é o mesmo. Só na cabeça do autor deste texto é que isto é passível de ser verbalizado. Não, vamos continuar a crescer juntos mas sem grandes alterações hormonais.
Não será, pois, abuso considerar que a mensagem da estação está agora dirigida às atuais faixas dos 24 - 39. Talvez seja. Abuso. Mas, dada a sub-representação da população mais idosa nos painéis da GFK, posso ver aqui uma já desistência desse público. Esses não vão ser contados, por isso vamos engraxar os mais novinhos.
Poderá ser uma explicação do tal claim mas não sabemos se é. Provavelmente não. Até porque a programação não indica o mesmo. O combate das manhãs e das tardes com os outros concorrentes mantém-se. A novela da Globo, agora com menos vigor nas audiências e remetida para mais tarde do que no tempo em que "crescíamos com a SIC"; mas a novela portuguesa a assumir a posição, com menos produções ainda do que a TVI mas com mais intensidade na violência e na depressão. Seguindo a tradição da premiada "Laços de Sangue", "Rosa Fogo" tem os seus vilões cuja propensão para a violência pode sempre ir mais longe, dependendo do número de episódios que ainda houver.
Para enfrentar o arrombo provocado pelo "A Tua Cara Não Me É Estranha", chega para semana o "Ídolos". Vamos ver como corre, porque "Ganha Num Minuto" não estava (nem podia) mesmo dar.
De resto, foi preciso esperar 20 anos para ter um programa como o "Gosto Disto"! Mentira. É dos formatos mais batidos em televisão. Vídeos caseiros e engraçados e... é só isso. É claro que este tem os Homens da Luta e o César Mourão. Ambos, à sua maneira, imprimem alguma mais valia a um formato que é terra queimada (mas tem sempre sucesso!) e isso é bom.
sexta-feira, 9 de março de 2012
RTP 55 Anos - Memória e Incerteza
A RTP está a comemorar os seus 55 anos, num período de incerteza quanto ao futuro. A história da televisão pública ainda é em grande parte a história da televisão em Portugal e a matriz do serviço público de audiovisual europeu. A falada e possível privatização de um canal público poderá representar uma transformação histórica na forma como Portugal vê o papel da televisão.
A RTP chega aos 55 anos com uma longa evolução e uma memória extensa. Uma evolução ao nível da tecnologia e da adaptação às novas plataformas e um passado cheia de boas referências e algumas inutilidades também.
No momento atual, a estação reage bem à incerteza do futuro. Continua a merecer a confiança do público, sofre com o novo sistema de audiências mas tem um selo de confiança e tem apostado em formatos e numa programação ao nível dos melhores momentos da sua história (e se também teve momentos maus...). Ao nível da informação, a Grande Entrevista e o novo Sexta às 9 são formatos muito positivos, do melhor que se faz na televisão em sinal aberto. No humor, mantém-se como a garantia de qualidade. O Último a Sair e Estado de Graça são referências muito positivas no portefólio recente do canal. No entretenimento, Herman José, Nicolau Breyner e a já anunciada transição de 5 para a Meia Noite para a RTP1 são exemplos de vitalidade e diversidade. No que toca à ficção, a produção é regrada mas com produtos que fazem a diferença. Liberdade XXI, Pai à Força e Velhos Amigos, bem como alguns telefilmes recentes, servem para o demonstrar.
No que toca ao cinema emitido, tem havido melhorias significativas desde o início deste ano.
É claro que há ainda coisas a estragar a fotografia. Chamar-lhe-ia emplastros neste retrato. Mas do Preço Certo e outros que tais já não tenho muito mais a dizer.
Sobra que estes 55 anos chegam com uma RTP viva, com qualidade, diferente dos privados e com os lucros a crescer (18,9 milhões de euros em 2011, mais 26% do que em 2010). O Serviço Público há-de ser sempre discutido e nunca se há-de chegar lá, embora não seja difícil perceber que televisão com qualidade é afinal o primeiro critério. O resto virá por acréscimo.
A continuar a fazer-se daqui para melhor, não vejo que a RTP devesse ser privatizada, mas não consta que eu perceba muito de finanças e tenho só uma pequena biblioteca.
A RTP chega aos 55 anos com uma longa evolução e uma memória extensa. Uma evolução ao nível da tecnologia e da adaptação às novas plataformas e um passado cheia de boas referências e algumas inutilidades também.
No momento atual, a estação reage bem à incerteza do futuro. Continua a merecer a confiança do público, sofre com o novo sistema de audiências mas tem um selo de confiança e tem apostado em formatos e numa programação ao nível dos melhores momentos da sua história (e se também teve momentos maus...). Ao nível da informação, a Grande Entrevista e o novo Sexta às 9 são formatos muito positivos, do melhor que se faz na televisão em sinal aberto. No humor, mantém-se como a garantia de qualidade. O Último a Sair e Estado de Graça são referências muito positivas no portefólio recente do canal. No entretenimento, Herman José, Nicolau Breyner e a já anunciada transição de 5 para a Meia Noite para a RTP1 são exemplos de vitalidade e diversidade. No que toca à ficção, a produção é regrada mas com produtos que fazem a diferença. Liberdade XXI, Pai à Força e Velhos Amigos, bem como alguns telefilmes recentes, servem para o demonstrar.
No que toca ao cinema emitido, tem havido melhorias significativas desde o início deste ano.
É claro que há ainda coisas a estragar a fotografia. Chamar-lhe-ia emplastros neste retrato. Mas do Preço Certo e outros que tais já não tenho muito mais a dizer.
Sobra que estes 55 anos chegam com uma RTP viva, com qualidade, diferente dos privados e com os lucros a crescer (18,9 milhões de euros em 2011, mais 26% do que em 2010). O Serviço Público há-de ser sempre discutido e nunca se há-de chegar lá, embora não seja difícil perceber que televisão com qualidade é afinal o primeiro critério. O resto virá por acréscimo.
A continuar a fazer-se daqui para melhor, não vejo que a RTP devesse ser privatizada, mas não consta que eu perceba muito de finanças e tenho só uma pequena biblioteca.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Dia Mundial da Rádio
Hoje é o 1º Dia Mundial da Rádio, instituído pela UNESCO. Aqui fica a minha homenagem ao mundo da rádio.
O FRIO QUE FAZ NA CAMA em Festival Internacional de Teatro
A peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA foi selecionada para o Festival Internacional de Teatro "CALE-se", de Vila Nova de Gaia. O espetáculo será apresentado no dia 25 de fevereiro, na Associação Recreativa de Canidelo - Vila Nova de Gaia, às 22 horas.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Normal é não ser Vulgar
São diferentes as pessoas normais das pessoas vulgares. Por
vezes, diz-se que um tipo é normal, vulgar. Está errado. Só pode ser uma coisa
ou outra. A maior parte das pessoas são vulgares, algumas são normais e poucas
são extraordinárias. Mas o normal não devia ser como é a maioria das pessoas? Não,
porque o normal seria não ser vulgar. Dificilmente uma pessoa extraordinária
convive bem com uma vulgar, podendo contudo dar-se com uma normal. A
normalidade aqui não tem em conta aspetos físicos, mentais ou intelectuais.
Esta categorização baseia-se apenas em quadros comportamentais.
Ir a um centro comercial, podemos dizer, é uma ação vulgar,
da mesma forma que comer é vulgar, ou dormir ou tomar banho. Todas as pessoas
vulgares o fazem e as pessoas extraordinárias também. Mas podemos estar no
centro comercial e falar alto ao telemóvel, atirar piropos às mulheres ou aos
homens que lá andam, dar encontrões também aos que lá andam ou envergar um fato
de treino. No entanto, podemos não fazer nada disso no centro comercial, isto
é, podemos ser normais. Dir-me-ão, mas a maior parte das pessoas não faz isso.
Pois não, mas isto é apenas um exemplo e a vulgaridade tem vários patamares,
este é dos mais baixos.
Mas mesmo as pessoas vulgares podem ser especiais para
alguém. Há sempre alguém que vai adorar a forma como és capaz de fazer cem
quilómetros em 40 minutos, num carro cujas peças sabes de cor e que, se for
preciso, desmontas, montas e rebocas, também em 40 minutos (já agora, para
ficar bem). Alguém gostará da vulgaridade que é ocupar três horas do teu dia a
mexer em máquinas de um ginásio. Terás quem seja capaz de ficar contigo, todos
os dias, a ver a mesma telenovela de 400 episódios, que só vai terminar no
próximo ano. Ou seja, para teu consolo, és um tipo vulgar, mas alguém te vai
achar especial.
Não podes esperar, contudo, que muita gente te ache assim. É
difícil encontrar compatibilidade fora da vulgaridade e, na vulgaridade, como
já vimos, a concorrência é muita. Já aqueles que flutuam acima da vulgaridade,
conseguem ficar na retina de mais gente. É fácil um indivíduo vulgar
fascinar-se por um normal, da mesma forma que a todos impressionam as pessoas
extraordinárias. Impressionam sempre e causam inveja às vezes, e a inveja é uma
coisa tão vulgar, que se torna difícil entender que pessoas que o não são, a
sintam.
O que distingue a pessoa normal da vulgar é a vontade de
querer ser extraordinária. Poucas hão-de conseguir mas é essa luta que as
mantém em cima. E para quem quer ser mais, a vulgaridade queima.
domingo, 29 de janeiro de 2012
As particulares entrevistas de Marta
Uma particularidade linda das entrevistas feitas por Marta Leite Castro (um beijinho para ela! - é assim que se faz quando se vai falar mal de alguém) é que ela nunca faz perguntas. Faz afirmações e depois o entrevistado comenta e lá vai falando, parecendo que está a responder a alguma coisa mas não, está a ser fala barato, para não dizer que está a falar sozinho. O único resquício de pergunta na intervenção de Marta é o "não é?" com que ela sempre remata o que afirma. O entrevistado normalmente concorda, como era de esperar uma vez que a própria entrevistadora, quando faz a pergunta, já sabe a resposta, e desenvolve. Basicamente é assim uma "entrevista", que, após esta explicação, já tem de ser com aspas, de Marta Leite Castro.
Posto isto, eu tenho a certeza que sei exatamente como é que se podia estragar-lhe uma entrevista. Mas não vou dizer porque não quero que ninguém faça isso.
Posto isto, eu tenho a certeza que sei exatamente como é que se podia estragar-lhe uma entrevista. Mas não vou dizer porque não quero que ninguém faça isso.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Dizer Não
Quantas vezes dizemos não ao longo de um dia? Quantas
ouvimos não ao longo da vida? Tantas ou mais ou menos do que ouvimos e dizemos
sim? Não é fácil contabilizar, nem esta é uma questão de estatística comparada.
Será inútil equiparar termos que não se comparam. A densidade de um sim não é a
mesma da de um não. O sim é leve, o não pesa. O sim absorve-se facilmente, o
não custa a digerir. São os nãos e nunca os sins que temos dificuldade de
engolir. Se aceitamos com facilidade e regozijo um sim, é uma indigestão o que
nos provoca o não. Donde se conclui que seriam precisos muitos sins para
assumir a força de um não.
Porém, uma boa parte das nossas existências, levamo-las a
conviver com nãos. Assumamos que são os nãos que ouvimos na nossa infância que
nos fizeram crescer como pessoas, que moldaram a nossa personalidade. Demos,
pois, esta de barato ainda que confunda pensar que essa personalidade é em
parte negativa porque alicerçada em nãos ouvidos, mais do que sentidos.
Só mais tarde pode sentir-se o não com mais força, logo mais
dor.
É difícil, por exemplo, imaginar uma repartição pública sem
o não. Pensem na Segurança Social, nas Finanças ou no Centro de Saúde. É possível marcar uma consulta para amanhã?
– Não. Já podem dizer-me alguma coisa
sobre o meu pedido do mês passado? – Não. Qual é a resposta ao meu requerimento? – Não. Não, não, não é a
resposta garantida, diz o senso comum. Até o senso comum é negativo porque foi
formado em nãos. A personalidade individual foi moldada com respostas
negativas, pelo que dificilmente o eu coletivo militaria primariamente no sim.
É a ordem natural a ditar a prevalência do não sobre o sim.
Seria incomportável uma sociedade local ou global sem negações nem interdições.
Uma comunidade política sem proibições não necessitaria de leis e, sem leis,
dizem, a comunidade não se aguentaria. Da mesma forma, qualquer religião se
mostraria insustentável sem restrições. Por mais sins que a religião abra, ela
precisa de nãos para se manter e para nos manter no seu caminho.
A luta está em conseguir o sim porque o não vem sempre em
primeiro lugar. Também há sins gratuitos mas aí é que está a esperança de viver
num sistema negativo. O valor de encontrar quem diga sim à primeira, sem ser
preciso insistir, só porque sim. É desses que vale a pena esperar alguma coisa,
é com esses que podemos contar. Com a certeza, porém, de que até a esses, nós poderemos
um dia ser capazes de dizer não.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Carta de Amor
Carta de Amor, de Karl Valentin (1882-1948); contemporâneo de Bertolt Brecht e Samuel Beckett.
Interpretação: Carlos Alves
no trabalho final do Curso Permanente de Teatro - módulo sobre Bertolt Brecht (Teatro Ibérico)
2009
carlosalvesoficial.blogspot.com
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
D. Maria II já tem programação até julho
Foi hoje apresentada a programação do Teatro Nacional D. Maria II para o primeiro semestre do ano. Apenas uma peça será produção própria do teatro agora dirigido por João Mota. Trata-se de "Onde Estavas Quando Criei o Mundo?" de Artur Ribeiro. Contando com este, serão levados a cena oito espectáculos até Julho, para além de outras criações inseridas no âmbito de festivais como o de Marionetas, de Almada e Alkantara.
A primeira produção será "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett, uma;coprodução da Among Others Associação e Teatro da Garagem. Estreia a 9 de fevereiro.
Do delineado pela direção anterior, de Diogo Infante, mantém-se a produção de "A Morte de Danton" de Georg Büchner, encenação de Jorge Silva Melo. Já o "Rei Lear", que também estava nos planos de Diogo Infante, não será levado avante.
A programação ficará completa com as produções seguintes:
"As Aventuras de João sem Medo", de José Gomes Ferreira e encenação de João Mota;
"João Torto", uma criação da Magnólia Teatro e direção artística de Rafaela Santos;
"O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams.
A primeira produção será "Frei Luís de Sousa" de Almeida Garrett, uma;coprodução da Among Others Associação e Teatro da Garagem. Estreia a 9 de fevereiro.
Do delineado pela direção anterior, de Diogo Infante, mantém-se a produção de "A Morte de Danton" de Georg Büchner, encenação de Jorge Silva Melo. Já o "Rei Lear", que também estava nos planos de Diogo Infante, não será levado avante.
A programação ficará completa com as produções seguintes:
"As Aventuras de João sem Medo", de José Gomes Ferreira e encenação de João Mota;
"João Torto", uma criação da Magnólia Teatro e direção artística de Rafaela Santos;
"O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams.
O jornalismo não comprova teses
Começamos com um facto: o IVA na restauração aumentou no início do ano. Resultado esperado: os preços nos restaurantes vão subir. Hipótese empírica daí decorrente: as pessoas vão deixar de ir aos restaurantes.
Era esta a hipótese que interessava provar (notem que não digo testar, era mesmo para provar) no início deste ano. Na primeira oportunidade, fizeram-se diretos a partir de restaurantes, onde estavam pessoas a fazer uma coisa que se faz muito em restaurantes, que é comer. Já estavam a estragar tudo! Seria bom que o restaurante estivesse vazio para comprovar a tese do jornalista de que, com o aumento do IVA, as pessoas já não iam aos restaurantes... Mas estavam lá aqueles indivíduos a provar embirrantemente que não era bem assim. Vamos falar com eles, ainda assim.
- Então já sabe que isto está mais carote...
- É.
- Então e já pensou nisso?
- Já. Mas tenho de comer.
- Mas vai deixar de vir tantas vezes ao restaurante, não vai?
- Não, tenho de vir... comer!
(Este diálogo é fictício, mas retrata eficazmente a realidade)
E é assim que se destrói a tese de um jornalista, ainda que a sua insistência em prová-la tenha ficado bem demonstrada.
Vamos a mais um caso (dramático)- Reportagem da RTP - verão de 2011:
Tese a demonstrar: o Algarve é do best e "coitadinhos dos que cá não estão..."
Jornalistas na praia atrás das pessoas que descansadamente gozam férias. Segue-se mais um diálogo ficcionado mas tão próximo da realidade que até dá pena.
- Como é que se está aqui no Algarve?
- Está-se bem. (Pudera, as pessoas foram para lá é porque se sentem lá bem...)
- E não preferia estar noutro sítio?
- Não. (Pudera, se eles escolheram ir para ali passar férias, foi porque não quiseram ir para outro lado, e estou em crer que, mesmo que tivessem querido, agora não iam dizer)
- E sente pena de quem não pôde vir para o Algarve?
- Sim. (Neste momento, a pergunta é tão parva, que eu estou em crer que o entrevistado nem a leva a sério. Ainda que leve, a resposta só pode ser positiva, pois...)
Foi mais um exemplo de como transformar verdades nossas em verdades de todos.
Levar os outros a dizer o que queremos que digam não é fácil e exige perícia. No fundo, não é para todos. Tal como o jornalismo não é para todos. Ainda assim, o exercício do jornalismo exige mais de nós do que a arte de levar os outros a repetir o que nos vai na mente. Este, tenho a certeza, é um truque que se aprende facilmente, nem é preciso ler muito. Já o outro... às vezes também parece que não, mas depois sai asneira. E vemos tanta diariamente...!
O vox populi, essa forma nobre do jornalismo televisivo, usado todos os dias até à náusea, tem a sua beleza democrática - assumindo que fazer perguntas inócuas para obter respostas ocas é democrático -, porém em sobredosagem leva à depressão e à agonia. Há momentos de telejornal que são piores do que alguns comprimidos que conheço. Tentem acabar com essa parvoíce, não nos encaminhem para a overdose!
Era esta a hipótese que interessava provar (notem que não digo testar, era mesmo para provar) no início deste ano. Na primeira oportunidade, fizeram-se diretos a partir de restaurantes, onde estavam pessoas a fazer uma coisa que se faz muito em restaurantes, que é comer. Já estavam a estragar tudo! Seria bom que o restaurante estivesse vazio para comprovar a tese do jornalista de que, com o aumento do IVA, as pessoas já não iam aos restaurantes... Mas estavam lá aqueles indivíduos a provar embirrantemente que não era bem assim. Vamos falar com eles, ainda assim.
- Então já sabe que isto está mais carote...
- É.
- Então e já pensou nisso?
- Já. Mas tenho de comer.
- Mas vai deixar de vir tantas vezes ao restaurante, não vai?
- Não, tenho de vir... comer!
(Este diálogo é fictício, mas retrata eficazmente a realidade)
E é assim que se destrói a tese de um jornalista, ainda que a sua insistência em prová-la tenha ficado bem demonstrada.
Vamos a mais um caso (dramático)- Reportagem da RTP - verão de 2011:
Tese a demonstrar: o Algarve é do best e "coitadinhos dos que cá não estão..."
Jornalistas na praia atrás das pessoas que descansadamente gozam férias. Segue-se mais um diálogo ficcionado mas tão próximo da realidade que até dá pena.
- Como é que se está aqui no Algarve?
- Está-se bem. (Pudera, as pessoas foram para lá é porque se sentem lá bem...)
- E não preferia estar noutro sítio?
- Não. (Pudera, se eles escolheram ir para ali passar férias, foi porque não quiseram ir para outro lado, e estou em crer que, mesmo que tivessem querido, agora não iam dizer)
- E sente pena de quem não pôde vir para o Algarve?
- Sim. (Neste momento, a pergunta é tão parva, que eu estou em crer que o entrevistado nem a leva a sério. Ainda que leve, a resposta só pode ser positiva, pois...)
Foi mais um exemplo de como transformar verdades nossas em verdades de todos.
Levar os outros a dizer o que queremos que digam não é fácil e exige perícia. No fundo, não é para todos. Tal como o jornalismo não é para todos. Ainda assim, o exercício do jornalismo exige mais de nós do que a arte de levar os outros a repetir o que nos vai na mente. Este, tenho a certeza, é um truque que se aprende facilmente, nem é preciso ler muito. Já o outro... às vezes também parece que não, mas depois sai asneira. E vemos tanta diariamente...!
O vox populi, essa forma nobre do jornalismo televisivo, usado todos os dias até à náusea, tem a sua beleza democrática - assumindo que fazer perguntas inócuas para obter respostas ocas é democrático -, porém em sobredosagem leva à depressão e à agonia. Há momentos de telejornal que são piores do que alguns comprimidos que conheço. Tentem acabar com essa parvoíce, não nos encaminhem para a overdose!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Programas distinguidos pela Associação de Telespectadores
Como telespectador devo concordar ou discordar da associação de telespectadores.
Concordo em absoluto com o "melhor programa do ano". Concordo com as menções de mérito, sobretudo a de "Portugueses pelo Mundo", e com as menções de demérito, sobretudo para "Preço Certo".
Discordo em absoluto da distinção de pior do ano para o programa de fim de ano da RTP1. Discordo ainda mais da justificação dada. Na verdade, esse programa teve momentos que foram mais do que "pretenso humor".
Sobre as "revelações do ano" para os pivôs João Adelino Faria e Cristina Esteves na RTP1, subscrevo sem reservas.
Concordo em absoluto com o "melhor programa do ano". Concordo com as menções de mérito, sobretudo a de "Portugueses pelo Mundo", e com as menções de demérito, sobretudo para "Preço Certo".
Discordo em absoluto da distinção de pior do ano para o programa de fim de ano da RTP1. Discordo ainda mais da justificação dada. Na verdade, esse programa teve momentos que foram mais do que "pretenso humor".
Sobre as "revelações do ano" para os pivôs João Adelino Faria e Cristina Esteves na RTP1, subscrevo sem reservas.
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João Adelino Faria |
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Cristina Esteves |
As revelações do ano para a Associação de Telespectadores
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Consumo de Rádio cresce na última década
De acordo com os últimos dados da Marktest, o consumo de rádio em Portugal tem vindo sempre a aumentar desde pelo menos 2003. E, no primeiro trimestre deste ano, registavam-se quatro milhões e 700 mil ouvintes diários, um acréscimo de 100 mil em relação ao ano passado.
O aumento de consumo, desde 2000, verifica-se sobretudo entre a população das classes alta e média e das faixas etárias compreendidas entre os 25 e os 54 anos.
O estudo indica também que a maioria dos ouvintes fazem-no no carro (58%), quando, por exemplo, em 2000, o faziam mais em casa (61%). 13% dos portugueses ouvem rádio através do telemóvel e 7% em leitores digitais.
Em 2003, a percentagem de ouvintes de rádio pela Internet ficava-se pelos 4,1%, alcançando os 20,6% em 2011.
Estes números relativos à última década, em que se massificaram largamente outros suportes de media, desde o aumento da oferta televisiva, a explosão das redes sociais e o fortalecimento da Internet em geral, mostram que a rádio continua a impor-se fortemente no dia-a-dia das pessoas e soube adaptar-se às novas formas e potencialidades, superando-se a si própria, mantendo-se essencial para os ouvintes que tinha e para os que foi captando.
De resto, as principais estações do país e aquelas que mais têm crescido nos últimos anos são exactamente as que cobrem a faixa de população que mais tem ouvido rádio. As camadas etárias mais velhas e igualmente as mais jovens são as que mais se têm afastado deste meio, a par das classes sociais mais baixas. Não espanta, por isso, que seja para as outras e não para estes que as rádios que têm (maior) sucesso falem. Ou vice-versa. Será pelo facto de haver um público definido para quem falar que o outro acaba por se desinteressar? Fica a questão.
Acima de tudo, a rádio não perdeu a força.
O aumento de consumo, desde 2000, verifica-se sobretudo entre a população das classes alta e média e das faixas etárias compreendidas entre os 25 e os 54 anos.
O estudo indica também que a maioria dos ouvintes fazem-no no carro (58%), quando, por exemplo, em 2000, o faziam mais em casa (61%). 13% dos portugueses ouvem rádio através do telemóvel e 7% em leitores digitais.
Em 2003, a percentagem de ouvintes de rádio pela Internet ficava-se pelos 4,1%, alcançando os 20,6% em 2011.
Estes números relativos à última década, em que se massificaram largamente outros suportes de media, desde o aumento da oferta televisiva, a explosão das redes sociais e o fortalecimento da Internet em geral, mostram que a rádio continua a impor-se fortemente no dia-a-dia das pessoas e soube adaptar-se às novas formas e potencialidades, superando-se a si própria, mantendo-se essencial para os ouvintes que tinha e para os que foi captando.
De resto, as principais estações do país e aquelas que mais têm crescido nos últimos anos são exactamente as que cobrem a faixa de população que mais tem ouvido rádio. As camadas etárias mais velhas e igualmente as mais jovens são as que mais se têm afastado deste meio, a par das classes sociais mais baixas. Não espanta, por isso, que seja para as outras e não para estes que as rádios que têm (maior) sucesso falem. Ou vice-versa. Será pelo facto de haver um público definido para quem falar que o outro acaba por se desinteressar? Fica a questão.
Acima de tudo, a rádio não perdeu a força.
Fonte: Marktest.com
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
RTP em Estado de Graça
A evolução das audiências do "Estado de Graça" mostra que foi uma excelente decisão a passagem para exibição ao domingo, em vez de sexta-feira. No primeiro episódio transmitido ao domingo quase triplicou a audiência e duplicou o share. E, desde aí, tem mantido uns resultados regulares. Uma boa opção da direcção da RTP sobre este que é um dos melhores programas da televisão generalista. Eu ia dizer o melhor programa de humor, mas é o único (mais coisa menos coisa).
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Fonte: Marktest.com |
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