sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Dobre-se a língua antes de falar em dobragens

A dobragem de todos os filmes estrangeiros em Espanha, por exemplo, resulta de uma diretiva franquista que pretendia a uniformização linguística do país, visava impor o castelhano como língua única. No entanto, a língua não se defende assim. Contento-me muito por ser normal em Portugal poder ver filmes e séries na língua original. A língua não estaria mais defendida se fosse o contrário. Defender a língua é estimular a arte e a cultura produzidas e faladas em português. Cada novo filme, nova série, novo livro, novo álbum de música portuguesa fazem mais do que dez dobragens de longas do Spielberg. Os colegas que fazem as dobragens vão ficar chateados? Não faz mal, eles também são poucos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

RePublicações - Ataque ao Charlie Ebdo

"O humor e a liberdade de expressão perdem sempre que se lhe impõem barreiras de qualquer tipo e ganham sempre que os seus executores se borrifam para as barreiras. Por muito que diariamente tenhamos pessoas a dizer-nos que sim, não há temas sagrados. Quando nos querem atirar com piadas proibidas, pessoas com quem não se brinca e outras que não aceitam uma brincadeira, valemo-nos da nossa sensibilidade e dos nossos valores e guiamo-nos só por eles. Não é justo tirar trabalho a humoristas por esta ou aquela piada, é injusto atacar humoristas que se recusam a ir além do trocadilho barato e da sempre engraçada diferença entre os homens e as mulheres, é mais injusto ainda matar humoristas porque quiseram olhar para a realidade (feia realidade!) do avesso, invertê-la, de tão feia fazer com que sejamos capazes de rir dela. Não vou publicar frases de homenagem e solidariedade, quero, sim, ter talento para descobrir riso nessa mísera falta de humanidade daqueles que persistentemente têm feito chorar milhões de pessoas. E hoje decidiram ir fazer chorar a França. Podem ser capazes de criar tragédias bem reais, nós vamos conseguir encontrar comédias de ir às lágrimas nas vossas ações, que só não são rídículas porque matam. Fodam-se!"

7 de janeiro de 2015

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

"Terapia" para gente exigente

"Terapia", a nova série da RTP não é de consumo imediato, não se entranha à primeira, só se estranha de tão incomum, está bem escrita e tem uma realização que dá gosto ver. É boa televisão! Conta histórias sem as escarrapachar na cara dos espectadores, conta histórias como elas devem ser contadas, aos poucos, na descoberta, só com palavras e actores. Texto e personagem. Não seria jamais uma série para qualquer "ator de televisão" fazer, exige muito do ator, não é um trabalho para qualquer pessoa. Nos primeiros dois episódios já vimos Virgílio Castelo, Soraia Chaves e Nuno Lopes a fazê-lo de forma sublime.
A RTP arrasa neste início de ano com este projeto, cuidado, elegante e soberbo. Televisão para gente exigente, que afinal devíamos ser todos.