sábado, 29 de novembro de 2014

Debaixo de uma luz intensa

Debaixo de uma luz intensa
Em que não somos capazes de pensar
Em que não somos capazes de nos ver
Não conseguimos dormir
Debaixo desta luz intensa sobre nós

A manhã é um cenário árduo para acordar
A manhã é sempre a falta da luz
que nos inebriou
A manhã é o espaço que nos rouba

o calor que faz debaixo desta luz intensa.

Carlos Alves
29.11.2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sumptuosidade

Desfaz-te em pó agora
Esbraceja num último esforço
Mergulha numa apneia poderosa

Renasce amanhã... em brilho sumptuoso

Carlos Alves
27.11.2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Rasguei-te um poema nas linhas da mão

Rasguei-te um poema nas linhas da mão
que não sei ler
apenas
...

Escrever-te no destino.

Carlos Alves
22.11.2014

Quadra da Mentira

É mentira quando os homens fazem figas
É mentira quando foges a correr
É mentira quando finges que não ficas

É mentira a tua falta de sede para beber.

Carlos Alves
19.11.2014

O Tempo, A Distância

O Tempo, a Distância
E o eterno que transporta ambos
Para dizer que todos nascem e ninguém morre.

Carlos Alves
12.11.2014

Palavras de Evidência

As palavras de quem quer evidenciar-se
Não passam de uma linha
Traçada num papel bonito.

A quem a fez pareceu-lhe bem
Mas o papel ficou estragado.

Carlos Alves
12.11.2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Texto acabado, novo espetáculo a surgir!

Está completo o texto de um espetáculo que vamos apresentar no início do ano. A região do país onde vai acontecer e qualquer informação sobre o espetáculo ainda permanecerão em segredo por mais uns dias. Até breve!




quinta-feira, 20 de novembro de 2014

NOVIDADE! Café Teatro em janeiro no Almirante Bar

A partir de janeiro, o AlmiranteBar vai tornar-se um espaço privilegiado de Café Teatro.
De uma forma regular e programada, vão ali ser apresentados espetáculos, plenamente concebidos ao estilo de café teatro.
O mês de janeiro abrirá com uma peça inédita, que, a seu tempo, será anunciada, e outras se seguirão.

Este é o arranque de um projeto que merece realmente a vossa atenção!



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Caminho de Gelo

Do lado de fora sentiste frio
Gelo debaixo dos pés
Para escorregares
Cada vez mais para longe

O adeus é sempre um caminho gelado

Carlos Alves
10.11.2014

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Poema Longo

Pediste-me um poema longo.
Mas se for longo não o vais ler, respondi-te
E num poema longo é mais fácil a dispersão de pensamentos
porque são poucas as palavras necessárias para condensar o muito que se pensa
Mas num poema longo, argumentaste
Há mais linhas para ler e entrelinhas para desvendar.
Um longo poema de amor
Talvez fosse o que querias
Mas um longo poema de amor
fala sempre de um amor pequeno
Um grande amor resume-se em poucas palavras
E todas inúteis
Porque a poesia de um grande amor
está nos olhos e no que deles brota
Brilho ou lágrimas

Carlos Alves
06.11.2014

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Imagem de Ti

Criei-te para te moer com pensamentos
Para te celebrar com palavras
Para te fazer sentir que os artefactos
dos teus detratores
falsos mentores
das tuas amizades inventadas
Não eram os que te faziam abrir para ti
Eram os que te colocavam fora de ti
Longe dos rumos que definiste
A sul dos nortes que te prometeste

Criei-te para seres grande
Tão grande quanto eu
- maior eu não conseguia

Criei-te numa imagem
Que realçasse o traço
Que ninguém te valorizara

Criei-te nessa imagem
E não foste mais do que isso
Uma imagem do que supus
Aquela que o sol descolorou
E que não resistiu às chuvas das tuas ilusões.


Carlos Alves
26.10.2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A Fórmula da Memória

Gostava de vos falar do tempo. Não do da meteorologia, porque "só quem não tem nada na cabeça é que fala do tempo, para ocupar tempo de antena", diz-se numa peça que eu bem conheço. Do outro tempo, o tempo que passa por nós, o passado, o presente e o futuro. Esse tempo.
Eu não vivi ainda muito tempo mas já vivi muito dentro desse pouco tempo que tive. Vivi sempre muito de olhos postos no futuro, é verdade, mas muito também a saborear o presente, cada presente.

Isto não pretende ser uma reflexão filosófica sobre o tempo - não sou filósofo e, se o fosse, escrevia um tratado, não um texto numa rede social para consumo imediato. Pretende apenas ser uma conclusão simples sobre o tempo que é preciso para perceber tudo. O tempo que levamos a assimilar, a compreender, a querer ver o que não assimilámos, não compreendemos, não quisemos ver no tempo em que estávamos lá, no tempo em que o tempo eram balas e o nosso corpo estava desprotegido. Só muito mais tarde percebemos o tempo que passou e raramente esse tempo foi o que, na altura, julgávamos que era. Para o bem e para o mal é sempre assim. Vivemos durante um tempo para concluir algum tempo depois que o que vivemos foi uma coisa diferente. E o que fica são as memórias piores do que julgávamos que tinha sido muito bom e as melhores do que na altura nos parecia insatisfatório. A memória são os reflexos do passado depois de maturados pelo tempo de os compreender. Não está na nossa memória o que vivemos mas sim o que sabemos hoje daquilo que vivemos. E, muitas vezes, o que sabemos depois do tempo estraga-nos a memória. Ela fica pior mas é essa a verdadeira. Foi isso que aconteceu.


E daqui a um tempo vou perceber que o que estou a viver agora também é uma coisa diferente. E vocês também. Porque o tempo é o único que não nos engana.