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domingo, 27 de outubro de 2019

A Cabeça do Fascista

Porque isto agora já chega
Isto assim não dá com nada
Ela veste-se como uma puta
Isto é uma palhaçada
Usamos termos brejeiros
Porque é assim que nós falamos
45 já lá vai
Mas nós ainda cá andamos
Não queremos cá imigrantes
Isto dantes é que era bom
Na escola à reguada
Que até fazia lindo som
Queremos do velho berçário
Essa contida alegria
O filho até pode ser Mário
A filha tem de ser Maria
Não queremos cá muçulmanos
Não queremos cá paneleiros
- Dissemos e reiteramos
que usamos termos brejeiros -
Porque temos a convicta
ideia de ser civilizado
Quando batemos num preto
Até ele ficar esticado
Parámos no século passado
Mas não é isso que nos define
Pois tirando o Mein Kampf
Não há leitura que nos anime
Somos da dura craveira
Somos rijos como o aço
Às vezes temos coceira
E então levantamos o braço
Para arejar o sovaco
Que é sempre zona de germes
E não somos como as gajas
Que se besuntam com cremes
"Queremes" o que não "temes"
Caluda e pouca folia
Sem abébias para os "ciganes"
Mas espaço para a islamofobia
Este pedaço é todo nosso
O que vêm para cá cheirar?
Roubar o trabalho à gente
A nós que queremos tanto trabalhar
A vontade é tanta, tanta
Que até nos dá comichão
E lá levantamos o braço
Virados para Santa Comba Dão
Tomba a verdade, Que importa?
Sujamos com falsas notícias
Cabecinhas menos boas
Que vão atrás de fascistas
Assoma a verdade saloia
Deseja bastões e polícia
E é só nisso que se apoia
A cabeça do fascista

sábado, 23 de junho de 2018

Whatever

Vamos abordar o "wathever".
Sabem o que é ou...? “Whatever".
"Whatever", palavra inglesa, por todos nós açambarcada
Não há boca neste território que não a profira por tudo e por nada.
"Whatever", seja lá o que for, está na boca de qualquer estupor.
Diz-se "whatever" no final ou "whatever" no início
de qualquer frase mal enjorcada.
"Whatever" dá um ar "cool", "whatever" faz parecer bem
Ao menino dá-lhe um ar nórdico, à menina ar de enjoada
"Whatever" é assim mesmo, anglicismo enjoativo,
usado até ao exagero, usado sem nenhum motivo.
Sabes que estás só a misturar coisas estranhas
duas línguas diferentes num autêntico baralho
é o mesmo que um inglês dizer em suas conversas:
"I'm just kidding with you I'm just... ou o caralho"...

(Carlos Alves ou whatever, 23.06.2018)


domingo, 10 de dezembro de 2017

As Solidárias

Elas dão, elas baralham
Elas tiram, elas caralham
Preocupam-se com quem não tem
Voam alto por alguém
Multiplicam dez por cem
São umas tipas bestiais
São uns gajos tipo brutais
Fazem o que ninguém imagina
Mesmo trinta por uma linha

São profundamente…
Fogo!... São mesmo do caralhiço
Elas causam rebuliço
Eles dão tudo por isso

Mas, no fim, de formas várias
Vem-se a saber que as canalhas
De formas várias
As canalhas
Elas tiraram e abusaram
Foderam e refoderam
Só não fizeram o que não quiseram
De formas várias se soube
E por tantas coisas várias
E por serem más e várias
Putas, longe!
Mas estou farto de solidárias.

(Carlos Alves, 10/12/2017)

Fonte imagem: Revista VIP


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Poema Revelado Por Uma Comuna

Se eu fosse poeta e a poesia fosse coisa vã
Narraria com palavras simples a profunda dor que em mim não há
Vejo os barcos a passar, alegra-me o orvalho da manhã
E, adulto crescido, recordando a sopa da mamã
Escrevo o que vejo e não sinto
(Porque sopa não se sente nem é bom tema para poetas)

Espalharia por toda a parte
Se poeta fosse um dia
As linhas da minha poesia

Dariam meus temas motivo de estudo
E análises feitas, não importa se bem ou mal,
Sairiam impressos e tudo
No enunciado do exame nacional
Sigilosamente preparado por uma comissão.
Tanto texto estudado, um que sai outro que não,
E meu poema guardado de forma tão soturna
Viria a ser revelado por uma comuna.

(Carlos Alves)




quinta-feira, 1 de junho de 2017

Noite de Karaoke

Há sempre uma noite
Em que te sentes uma estrela de rock
Em que aplaudem a tua desgraça
Na noite de karaoke.

Cantas desalmada por três minutos sem fim
Deixas-me de rastos
E tu sem pena de mim
Desfias Represas e João Pedro Pais
Tu não sentes mas sim, isto está a ser demais.
Antes fizesses playback, diria Carlos Paião
Que, talvez por prever isto, quis morrer no alcatrão.
Cantas com muita paixão mas muito à tua maneira
Sabes canções dos Clã, estragas as do Dino Meira
Se há uma nota certeira que mereça ovação
Há dezenas de outras elas que nos quebram a tensão
Fazes do palco uma montra da tua beleza atroz
Seguras no microfone como se tivesses voz
Para cantar a Simone devias esperar que ela morresse
Como se ela merecesse ver-se tão mal cantada…
Mas um filho faz-se por gosto é coisa que nunca te sai afinada.

A Júlia fez anos ontem
Meia vida celebrada
Já são quase trinta anos e de aprendizagem nada
Saiu com os amigos para festejar a data
Vestiu a saia mais curta
Que encontrou entre os seus trapos
E pintou os olhos com força
Parecia ter levado dois sopapos
Apresentou-se esbelta frente ao animador
Entregou-lhe o papelinho com o nome de um cantor
O que vai cantar a Júlia, queremos saber
Seja o que for, é certo que vai doer
Cantar fado da Mariza com roupas à Madonna
Puxar notas lá do alto e ao mesmo tempo mostrar a…
Zona de karaoke devia estar circunscrita
Devia ter um aviso: “Se te sentires mal, grita”
Não é falta de juízo o que vos faz ser cantores
E transformar qualquer bar numa casa de horrores
Para cantar karaoke defines o teu perfil
Cantas bem ou cantas mal
Fazes daquilo uma luta
Podes sempre optar por pôr o teu ar de puta.
E no fim daquela noite
O povo está todo zonzo
Mas quem mais sofreu ali
Foram as canções do Paulo Gonzo.

(Carlos Alves)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

POEMA AO MEU AVÔ MATERNO

Escrevo-te hoje que está frio
O frio transporta-me às tardes em que as ideias ardiam
Ao fulgor da lareira
A tua cabeça inclinada e aquecida
Os meus sonhos ardentes no aconchego de uma família
As labaredas serenas respeitando-te os pensamentos
Elas serenas embalando-me as emoções
O frio apetece-me pela ideia de calor
Respeitámos muito o silêncio naquelas tardes frias
Embalámo-nos em pensamentos nas tonas que produziam calor.

Carlos Alves, 17.12.2015

sábado, 5 de dezembro de 2015

As Cores Transitórias

As cores de outono aguardam pálidas
inclinadas para um tempo
que resistirá frio ao seu abandono
Remetem para um calor que já não são possíveis de garantir.

Carlos Alves, 05.12.2015

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Mil Palavras

Falamos muito
E muito pouco com palavras

As imagens absorvem, subvertem, deslizam
Por uma atenção disparatada

Uma imagem vale mais acompanhada por mil palavras

Carlos Alves, 21.09.2015

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Explicação de um Amor Falhado (poema revisitado)

Deste em confundir-me
- Refira-se primeiro -
Até gostavas de andar com um homem
Mas preferias que fosse azeiteiro.
Não foi pois certeiro
Achares que era eu
Estavas longe de uma Julieta
Para eu ser o teu Romeu.

Sabíamos que era treta
Tudo o que me dizias
Gostavas de receber SMS
Mas nem ler sabias.
Era sempre muito própria a tua ideia do que era bom
Tinhas sonhos
Coisas que querias
Mas não podes ser mais do que revendedora da Avon.

Foste o meu amor falhado
O meu romance perdido
Eu tinha o coração cheio
O teu estava todo fodido.
Pode agora parecer feio
Dizer-te tudo o que sinto
Para te compreenderes melhor
Lê a Margarida Rebelo Pinto.
Ela vai descansar-te
Os homens é que não valem nada
- E é melhor pensares assim
Do que ficares ressabiada.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Sem pedir desculpa

Escorro-te nas lágrimas sem pedir desculpa
- o nevoeiro nos olhos depois de cegares
e não veres que nunca estive lá


Carlos Alves
18.01.2015

Espaços

a espaços saímos soltos e voltamos calados
a espaços cruzamos os braços com força
movemos cidades a espaços

na profundidade erguemos terraços
donde se vê de longe e para trás, de perto e em frente
a espaços julgamo-nos belos, imponentes, ilustres

a espaços esquecemos as palavras
que foram inventadas para dizer que sim.

Carlos Alves
17.01.2015

Depois da rota

depois da rota que escolhemos transviar
do gelo em que escorregamos sem cair
dos olhares que consentem mas não calam
paramos de novo na pele do teu pescoço.

Carlos Alves
04.01.2015

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Memória Quente

O tempo dos teus olhos fechados
É a memória mais quente daquele beijo.

Carlos Alves
30.12.2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Da Saudade

A promessa de estares perto
Iludiu a tua ausência prolongada

Carlos Alves
16.12.2014

sábado, 29 de novembro de 2014

Debaixo de uma luz intensa

Debaixo de uma luz intensa
Em que não somos capazes de pensar
Em que não somos capazes de nos ver
Não conseguimos dormir
Debaixo desta luz intensa sobre nós

A manhã é um cenário árduo para acordar
A manhã é sempre a falta da luz
que nos inebriou
A manhã é o espaço que nos rouba

o calor que faz debaixo desta luz intensa.

Carlos Alves
29.11.2014

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Sumptuosidade

Desfaz-te em pó agora
Esbraceja num último esforço
Mergulha numa apneia poderosa

Renasce amanhã... em brilho sumptuoso

Carlos Alves
27.11.2014

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Rasguei-te um poema nas linhas da mão

Rasguei-te um poema nas linhas da mão
que não sei ler
apenas
...

Escrever-te no destino.

Carlos Alves
22.11.2014

Quadra da Mentira

É mentira quando os homens fazem figas
É mentira quando foges a correr
É mentira quando finges que não ficas

É mentira a tua falta de sede para beber.

Carlos Alves
19.11.2014

O Tempo, A Distância

O Tempo, a Distância
E o eterno que transporta ambos
Para dizer que todos nascem e ninguém morre.

Carlos Alves
12.11.2014

Palavras de Evidência

As palavras de quem quer evidenciar-se
Não passam de uma linha
Traçada num papel bonito.

A quem a fez pareceu-lhe bem
Mas o papel ficou estragado.

Carlos Alves
12.11.2014