Também porque há um Ministério que não tem respostas nem as procura dar; também porque há uma ministra que desconhece o que tutela e trata-o com desdém e propaganda; também porque o desinteresse político pela Cultura em Portugal é sistémico; e ainda porque a relação da sociedade civil com a Cultura é deficiente; porque, por exemplo, as artes não fazem parte dos currículos escolares obrigatórios; porque os trabalhadores da Cultura são vistos com maus olhos por comentadores de sofá; porque ainda somos tratados como subsídio dependentes, quando, na verdade, contribuímos como os outros para a riqueza nacional, para as finanças públicas e para o sistema de Segurança Social (nunca me passaria pela cabeça achar que um professor ou um médico é um subsídio dependente mas quando toca aos profissionais da Cultura parece que há quem ache que temos de pedir desculpa por existir); porque quando passamos por dificuldades somos chamados de choramingas; porque, numa democracia, reivindicar alguma coisa nunca pode ser sinónimo de choramingar, ou então há qualquer coisa que está a falhar na percepção dessa democracia; porque nos pedem que nos reinventemos quando ainda temos tanto para fazer de coisas que já estão inventadas; a reinvenção que nos propõem é fazer directos no instagram?!, a sério que querem ver directos no instagram para o resto da vossa vida?! E os técnicos e os frentes de sala e as pessoas das bilheteiras e os produtores e os cenógrafos, figurinistas, directores de cena, sonoplastas, pintores, escultores, escritores, arqueólogos, bibliotecários, investigadores e tantos, tantos mais, vão todos fazer directos para o instagram?! É a isso que se chama reinvenção? Não, isso não é reinvenção. A reinvenção acontece todos os dias na vida de quem trabalha nas Artes e na Cultura, todos os dias em que escreve, pesquisa, ensaia, desanima e volta a tentar, ultrapassa obstáculos enormes para criar, a reinvenção acontece todos os dias e não é no instagram, é na vida. O texto já vai longo, achou eu, mas estou só a reinventar-me. A grande reinvenção era, de repente, acordar num país em que estas pessoas todas que referi tinham um espaço e que não precisassem, como estou, na prática, a fazer agora, de mendigar pela valorização do seu trabalho. Quando nos pedem reinvenção, não sabem o que estão a pedir porque passam a maior parte do tempo distraídos do que nós fazemos.
Por tudo isto e pela reinvenção de tudo isto, amanhã as trabalhadoras e os trabalhadores da Cultura e das Artes estão na rua! Não podemos estar todos, a protecção da saúde e o distanciamento social não favorecem a união, mas estamos unidos e unidas na mesma, entre os que vão à rua e os que darão suporte a partir das suas casas. Por todos os colegas que estão a passar graves necessidades mas também porque o futuro não pode ser mais igual ao que fomos até agora, o futuro da Cultura não pode ser desprezo, desespero e súplica. Portugal vale muito mais do que isso enquanto país e enquanto povo.
quarta-feira, 20 de maio de 2020
quinta-feira, 30 de abril de 2020
Que as Vozes se Façam Ouvir
- A existência de um sector cultural no país depois da pandemia é tão crucial como era a sua existência antes;
- não precaver a manutenção desse sector agora é declarar-lhe uma morte anunciada;
- assegurar a Cultura às populações é uma das funções do Estado, salvá-la em tempo de emergência é uma obrigação;
- é importante preparar o futuro mas é urgente resolver o presente;
- não há regime de teletrabalho para os artistas nem linhas de crédito os podem socorrer; linhas de crédito não se aplicam a uma actividade que não é, nem tem de ser, lucrativa; os seres humanos não têm todos de dar lucro ou nem só de pão vive o homem;
- não peçam aos artistas que façam vídeos em casa para passar o tempo e criar conteúdo; eu também não vos peço que me façam bolos sem sequer vos oferecer um saco de farinha;
- o presente precisa de medidas urgentes para manter a classe artística e os profissionais do espectáculo a salvo; só assim poderão dizer “presente” quando finalmente os deixarem entrar em cena, depois de todas as outras pessoas;
- essas medidas podem ser profícuas, podem ajudar a definir um modelo novo, assim houvesse vontade de arriscar uma vida nova sem os mesmos formulários de sempre, os mesmos conceitos tecnocráticos de sempre, os mesmos de sempre;
- preparar o depois é construir o que não havia antes;
- se os artistas agora estão gravemente afectados é porque antes não estavam mais seguros;
- a criação cultural é o que nos separa da barbárie, da ignorância e da submissão;
- um país afirmativo é aquele que valoriza os seus artistas mais reconhecidos, dá lugar aos menos reconhecidos e deixa ouvir a voz dos novos criadores;
- um país afirmativo não se afirma com meia dúzia, afirma-se com todos;
- a Direcção Geral das Artes não pode ser só a direcção geral dos concursos;
- a arte não é um concurso, na arte todos podem ir a jogo e ficar em jogo;
- por estes dias, nós estamos a trabalhar, mesmo que vocês não vejam, e se não veem é porque não podemos mostrar.
Um país afirmativo não deixaria que, no futuro, tal como no
passado, nas artes muitas vozes não se façam ouvir. E afinal os
artistas só estão a pedir aquilo que qualquer cidadão pede, que
lhes sejam atribuídos direitos. Porque os nossos deveres nós
conhecemos e fazemos por cumpri-los. Assim nos deixem cumprir ainda
mais.
domingo, 19 de abril de 2020
Há um problema com o 25 de Abril
A pouco menos de uma semana do 25 de Abril já o 25 de Abril parece que foi há uma semana. O ruído de intervenção é intenso e como em tudo o que é ruído e em tudo o que é de intervenção, a sensatez e a clarividência são quase inexistentes. No ruído, confunde-se o escuro com o claro, a luz com a sombra e a verdade com a verdadinha.
O 25 de Abril é daqui a uma semana, sensivelmente, e daqui a uma semana sabe-se lá como estaremos. A Páscoa foi há uma semana, exactamente, e há uma semana sabíamos como é que estávamos. Confundir comemorações oficiais de uma data oficial com as celebrações da Páscoa não é sério e só pode ser entendido como efeito do ruído, que normalmente não deixa pensar. Ao contrário do que titulava o Público, exageradamente, no dia 2 de Abril, a Páscoa não foi proibida. Não pôde realizar-se nas habituais celebrações que juntam muitos cristãos por todo o país mas os sacerdotes, os bispos e o Papa festejaram a Páscoa e fizeram as celebrações, através do online, das rádios e das televisões. Mais do que isso não era nem foi possível. Juntar à discussão sobre o 25 de Abril a impossibilidade de se realizarem funerais com muita gente é só desonesto. Trata-se de apelar a algo muito doloroso, que está a provocar muita dor em muitas pessoas hoje, para fazer um comparativo em que os membros da comparação não são comparáveis.
As chamadas comemorações do 25 de Abril são um acto oficial da Assembleia da República, a mesma que tem estado a funcionar sempre. Porque os órgãos de soberania não param em tempos de pandemia. Viktor Órban, da Hungria, discordará disto mas eu também discordo fortemente do que Viktor Órban faz. As chamadas comemorações do 25 de Abril não vão ser um arraial, uma sardinhada, um festival de música ou um beberete. Elas vão ser aquilo mesmo, um acto oficial, semelhante a muitas reuniões formais que o parlamento tem realizado por estes dias, com número reduzido de deputados, com menos pessoas do que habitual dentro da sala. É o mesmo parlamento que se reuniu duas vezes para aprovar estados de emergência, por exemplo. Pensemos que a Assembleia da República, no próximo dia 25 de Abril, vai estar a funcionar mas não é para aprovar um estado de emergência, é para fazer outra coisa. Parece-nos mal isso? Estaremos a ficar viciados em estados de emergência?
Se, de facto, a Assembleia tem estado a funcionar, dentro das limitações exigidas pelas normas de protecção contra o Covid-19, mas só no dia 25 de Abril é que se pretendia que ela não o fizesse, então o problema não é o Covid-19, o problema é o dia 25 de Abril. E esse é um problema que muitos terão de resolver consigo próprios. O que não parece honesto do ponto de vista intelectual é mascarar esse problema com uma preocupação sanitária.
A renovação da memória, o tornar presente tem um papel a desempenhar que é muito mais do que simbólico. Pensar sobre a democracia, olhar de novo e olhar novo para a democracia não é uma coisa de ontem. E não pode ficar suspensa porque há uma pandemia. A democracia e o valores a ela ligados vão ser muito necessários depois da pandemia. E, se não os tivermos presentes, facilmente nos deixaremos afundar no ruído. Facilmente ficamos viciados em estados de emergência.
O 25 de Abril é daqui a uma semana, sensivelmente, e daqui a uma semana sabe-se lá como estaremos. A Páscoa foi há uma semana, exactamente, e há uma semana sabíamos como é que estávamos. Confundir comemorações oficiais de uma data oficial com as celebrações da Páscoa não é sério e só pode ser entendido como efeito do ruído, que normalmente não deixa pensar. Ao contrário do que titulava o Público, exageradamente, no dia 2 de Abril, a Páscoa não foi proibida. Não pôde realizar-se nas habituais celebrações que juntam muitos cristãos por todo o país mas os sacerdotes, os bispos e o Papa festejaram a Páscoa e fizeram as celebrações, através do online, das rádios e das televisões. Mais do que isso não era nem foi possível. Juntar à discussão sobre o 25 de Abril a impossibilidade de se realizarem funerais com muita gente é só desonesto. Trata-se de apelar a algo muito doloroso, que está a provocar muita dor em muitas pessoas hoje, para fazer um comparativo em que os membros da comparação não são comparáveis.
As chamadas comemorações do 25 de Abril são um acto oficial da Assembleia da República, a mesma que tem estado a funcionar sempre. Porque os órgãos de soberania não param em tempos de pandemia. Viktor Órban, da Hungria, discordará disto mas eu também discordo fortemente do que Viktor Órban faz. As chamadas comemorações do 25 de Abril não vão ser um arraial, uma sardinhada, um festival de música ou um beberete. Elas vão ser aquilo mesmo, um acto oficial, semelhante a muitas reuniões formais que o parlamento tem realizado por estes dias, com número reduzido de deputados, com menos pessoas do que habitual dentro da sala. É o mesmo parlamento que se reuniu duas vezes para aprovar estados de emergência, por exemplo. Pensemos que a Assembleia da República, no próximo dia 25 de Abril, vai estar a funcionar mas não é para aprovar um estado de emergência, é para fazer outra coisa. Parece-nos mal isso? Estaremos a ficar viciados em estados de emergência?
Se, de facto, a Assembleia tem estado a funcionar, dentro das limitações exigidas pelas normas de protecção contra o Covid-19, mas só no dia 25 de Abril é que se pretendia que ela não o fizesse, então o problema não é o Covid-19, o problema é o dia 25 de Abril. E esse é um problema que muitos terão de resolver consigo próprios. O que não parece honesto do ponto de vista intelectual é mascarar esse problema com uma preocupação sanitária.
A renovação da memória, o tornar presente tem um papel a desempenhar que é muito mais do que simbólico. Pensar sobre a democracia, olhar de novo e olhar novo para a democracia não é uma coisa de ontem. E não pode ficar suspensa porque há uma pandemia. A democracia e o valores a ela ligados vão ser muito necessários depois da pandemia. E, se não os tivermos presentes, facilmente nos deixaremos afundar no ruído. Facilmente ficamos viciados em estados de emergência.
sexta-feira, 27 de março de 2020
O Dia de não ir ao teatro
Há um simbolismo que não
consigo decifrar em estarem os teatros fechados no Dia Mundial do
Teatro. Sempre tive dificuldade em imaginar os teatros fechados e,
quando já não preciso de imaginar, num dia em que necessariamente
pensamos muito sobre Teatro, aquela ausência ganha um peso
interpelador.
Independentemente da
conhecida causa do nosso isolamento, as luzes desligadas de um teatro
remetem para um vazio simbólico mas que é bem concreto na
impossibilidade de estarmos juntos, numa arte em que estar junto é
requisito primeiro.
Os artistas têm sido
implacáveis na reacção a não estar junto. Multiplicaram-se as
partilhas à distância, o teatro à distância (outra estranheza
simbólica).
São as nossas
possibilidades de olhar para este dia mas, com teatros fechados, este
dia, este ano, é, como em nenhum dos recentes, um momento de querer
o depois. A possibilidade de hoje ver alguns dos trabalhos de alguns
dos nossos artistas é a satisfatória receita contra o isolamento.
Mas o Teatro vive da pulsão constante em tudo criar e tudo destruir.
Vive do texto que se está a escrever, das luzes que se estão a
afinar, do figurino que se está a terminar, dos ensaios em que se
está a tentar chegar a algo.
Quando os teatros
voltarem a estar bem abertos, a experiência de os ter fechados tem
de ressoar com uma intensidade criadora. Acho sempre inútil
pretender pensar sobre o que é e o que será o Teatro português. O
Teatro português é e será aquilo que dentro dele for permitido
criar; ele é e será a possibilidade de a cada momento juntar novas
vozes criativas às já existentes; ele é e será o que essas vozes
trouxerem; ele é e será o mundo a entrar por ele adentro e a sair
dele triturado; ele é e será um espaço de muitos homens e de
muitas mulheres, dos mais jovens e também dos já menos jovens. O
que ele não pode ser é um lugar de restrição, uma teia de regras
limitadoras, uma misturada de ideias seguras, meia dúzia de formas
de fazer que se repetem e que não (con)sentem chegar outras. Porque,
se assim for, o Teatro português é o que é e nunca o que será.
O Dia Mundial do Teatro
de 2020 ficará na memória como aquele em que se pediu às pessoas
para que não fossem ao teatro. Não faz mal, é pela saúde e pela
vida de todos. E se esta pausa nos proporcionar boa reflexão, então
poderemos estar diferentes da próxima vez que os teatros abrirem.
domingo, 27 de outubro de 2019
A Cabeça do Fascista
Porque isto agora já chega
Isto assim não dá com nada
Ela veste-se como uma puta
Isto é uma palhaçada
Usamos termos brejeiros
Porque é assim que nós falamos
45 já lá vai
Mas nós ainda cá andamos
Não queremos cá imigrantes
Isto dantes é que era bom
Na escola à reguada
Que até fazia lindo som
Queremos do velho berçário
Essa contida alegria
O filho até pode ser Mário
A filha tem de ser Maria
Não queremos cá muçulmanos
Não queremos cá paneleiros
- Dissemos e reiteramos
que usamos termos brejeiros -
Porque temos a convicta
ideia de ser civilizado
Quando batemos num preto
Até ele ficar esticado
Parámos no século passado
Mas não é isso que nos define
Pois tirando o Mein Kampf
Não há leitura que nos anime
Somos da dura craveira
Somos rijos como o aço
Às vezes temos coceira
E então levantamos o braço
Para arejar o sovaco
Que é sempre zona de germes
E não somos como as gajas
Que se besuntam com cremes
"Queremes" o que não "temes"
Caluda e pouca folia
Sem abébias para os "ciganes"
Mas espaço para a islamofobia
Este pedaço é todo nosso
O que vêm para cá cheirar?
Roubar o trabalho à gente
A nós que queremos tanto trabalhar
A vontade é tanta, tanta
Que até nos dá comichão
E lá levantamos o braço
Virados para Santa Comba Dão
Tomba a verdade, Que importa?
Sujamos com falsas notícias
Cabecinhas menos boas
Que vão atrás de fascistas
Assoma a verdade saloia
Deseja bastões e polícia
E é só nisso que se apoia
A cabeça do fascista
Isto assim não dá com nada
Ela veste-se como uma puta
Isto é uma palhaçada
Usamos termos brejeiros
Porque é assim que nós falamos
45 já lá vai
Mas nós ainda cá andamos
Não queremos cá imigrantes
Isto dantes é que era bom
Na escola à reguada
Que até fazia lindo som
Queremos do velho berçário
Essa contida alegria
O filho até pode ser Mário
A filha tem de ser Maria
Não queremos cá muçulmanos
Não queremos cá paneleiros
- Dissemos e reiteramos
que usamos termos brejeiros -
Porque temos a convicta
ideia de ser civilizado
Quando batemos num preto
Até ele ficar esticado
Parámos no século passado
Mas não é isso que nos define
Pois tirando o Mein Kampf
Não há leitura que nos anime
Somos da dura craveira
Somos rijos como o aço
Às vezes temos coceira
E então levantamos o braço
Para arejar o sovaco
Que é sempre zona de germes
E não somos como as gajas
Que se besuntam com cremes
"Queremes" o que não "temes"
Caluda e pouca folia
Sem abébias para os "ciganes"
Mas espaço para a islamofobia
Este pedaço é todo nosso
O que vêm para cá cheirar?
Roubar o trabalho à gente
A nós que queremos tanto trabalhar
A vontade é tanta, tanta
Que até nos dá comichão
E lá levantamos o braço
Virados para Santa Comba Dão
Tomba a verdade, Que importa?
Sujamos com falsas notícias
Cabecinhas menos boas
Que vão atrás de fascistas
Assoma a verdade saloia
Deseja bastões e polícia
E é só nisso que se apoia
A cabeça do fascista
sexta-feira, 3 de maio de 2019
SURIYA - Vídeo Promocional
Estreia nacional
23, 24 e 25 de Maio
quinta e sexta, 21h30; sábado, 19 horas
Auditório da Biblioteca de Marvila
Actrizes intervenientes no promocional (pela ordem em que aparecem): Manuela Gomes, Joana Lourenço, Isadora Lima
Montagem e edição: Carlos Catarino
Mais sobre SURIYA
quinta e sexta, 21h30; sábado, 19 horas
Auditório da Biblioteca de Marvila
Actrizes intervenientes no promocional (pela ordem em que aparecem): Manuela Gomes, Joana Lourenço, Isadora Lima
Montagem e edição: Carlos Catarino
Mais sobre SURIYA
sábado, 20 de abril de 2019
Nova criação traz violência da Síria a Lisboa
SURIYA é inspirado em factos ocorridos durante o conflito na Síria. Este é
um espectáculo sobre violência ou da violência tornada
espectáculo. Um espectáculo de instintos, num lugar de
incompreensão, medo e intolerância. Nesse lugar, os instintos são
um perigo, colocam o Ser Humano à beira do descontrolo total. Os
instintos são uma arma.
Uma
guerra, destroços e desejos de reconstruir. No meio da guerra, a
festa, a alucinação, a loucura. A festa descontrolada, de instintos
irracionais. São momentos em que a descompressão estimula o apetite
sexual e o desejo de ferir. Há mulheres que são utilizadas como
instrumento de diversão, de exercício de poder e um inimigo de
guerra; mulheres que satisfazem os anseios de dominação, vingança,
satisfação sexual e demonstração de força.
SURIYA é sobre objectificação, sexualização, instrumentalização,
violência física e psicológica sobre mulheres. Não só sobre as
que estão presentes mas também sobre outras, que se encontram num
outro lado do mundo. As outras que, estando ausentes, são lembradas
e referidas pelas possibilidades sexuais com que são tidas em conta;
essas que, na ausência, são violentadas pelos termos de comparação
a que são sujeitas.
Aqui,
a guerra exponencia a violência. Por outro lado, esta subsiste para
além da guerra e existe antes dela. Esta guerra é, afinal, um
espelho do mundo.
E do
outro lado do mundo, assiste-se, pelos ecrãs, a imagens que
perturbam, que se querem evitar mas não travar. Há uma ponte entre
esse lugar chamado “Suriya” e o outro lado, que assiste, que
acolhe e que recusa. No entanto, os dois lados estão sempre a olhar
um para o outro como quem se vê ao espelho.
“MARYAM
(...)
Afinal
Foi assim
Uma guerra
Como outra qualquer
Uma guerra
E na guerra é assim mesmo
Acontece tudo
Perdemos tudo
ROSANA
Até mesmo a honra
Sobretudo a honra”
(excerto do texto do espectáculo)
FICHA TÉCNICA:
Autoria e Encenação: Carlos Alves
Elenco: Carlos Alves, Carlos Catarino, Isadora Lima, Joana Lourenço,
Manuela Gomes
Assistência à criação e Figuração: Andreia Pinto e Soraia
Fernandes
Cenografia: Carlos Alves e Joana Lourenço
Desenho de Luz: Carlos Alves
Sonoplastia: Carlos Alves
Figurinos: Carlos Alves, Carlos Catarino, Isadora Lima, Joana Lourenço, Manuela Gomes
Operação de Iluminação: Rúben Silva
Grafismo e Edição Vídeo: Carlos Catarino
Fotografias de Ensaio e de Cena: Ana Ferreira
Fotografias de Ensaio e de Cena: Ana Ferreira
Produção Executiva: Carlos Alves e Joana Lourenço
Produção: Ditirambus
Apoio: Rede de Bibliotecas da Câmara Municipal de Lisboa
Apoio de Media: RTP
_______________
23 a 25 de Maio
quinta e sexta, 21h30
sábado, 19h
Auditório da Biblioteca de Marvila
quarta-feira, 27 de março de 2019
Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2019
A mensagem de Carlos Celdrán para hoje, Dia Mundial do Teatro, fala do efémero desta "tradição apaixonada e única de viver o presente sem outra expectativa que a de alcançar a transparência de um momento irrepetível".
A mensagem completa pode ser lida aqui.
A mensagem completa pode ser lida aqui.
domingo, 6 de janeiro de 2019
"A Última Peça de Simon Smith" no Teatro Carnide
O confronto do artista com a arte e o abandono da criação, num espectáculo que vive entre a verdade e a ilusão, a mentira e a ficção.
O confronto do artista com a arte e as próprias criações revela-se na forma, por vezes, extremada como as discute. Noutras, o abandono da criação surge como uma fuga às respostas que não se querem dar. Simon e Ema estão em confronto um com o outro, debatem ideias, testam-se, enfrentam-se e desafiam-se. Propõe-se a criar, desistem de tentar, recomeçam...
Depois de tudo isso, há um regresso ao passado, que é antes um desenterrar de um passado em jeito de autobiografia. Pode mentir-se numa autobiografia? Faz sentido autoficcionar a nossa história
Simon e Ema discutem, ao longo de uma noite, aquilo que poderá ser a sua próxima criação artística. Essa discussão fá-los embarcar numa viagem intensa por momentos marcantes na vida de ambos. E esse é um caminho que os dois percorrem entre a verdade e a ilusão, a mentira e a ficção.
----- FICHA TÉCNICA
Criação e Interpretação: Bárbara Água e Carlos Alves
Apoio à criação: Diogo Bento, Armando Nascimento Rosa, Maria Repas e Luca Aprea
Imagem de cartaz: Diogo Andrade
Apoio à divulgação: RDS e KFM Rádio
Apoios: Junta de Freguesia de Carnide, Teatro de Carnide
----- Reservas: 910789764 producao.tcarnide@gmail.com
----- Teatro Carnide
Azinhaga das Freiras,
1600, Carnide - Lisboa
----- 18 e 19 de Janeiro, 21h30
20 de Janeiro, 17 horas
sexta-feira, 28 de dezembro de 2018
Ditirambus leva a cena texto de Jaime Salazar Sampaio
UMA QUESTÃO DE TEMPO acontece
num teatro, com um grupo de actores que nos levam aos meandros da sua criação.
No entanto, essa "intrusão" vai conduzir-nos por caminhos que
desconhecíamos e revelações com que não contávamos. Este espectáculo é um
labirinto, de portas e janelas que não existem mas que, podemos supor, sempre
lá estiveram. Mas pouca coisa aqui é real ou, pelo contrário, nada aqui é
ficção.
É um espectáculo em torno do
tempo, de muitas formas e por muitas voltas, tantas quantas as voltas que o
tempo dá. E é um espectáculo sobre Teatro. Sobre a vida no teatro e sobre o
teatro na vida. As personagens movem-se descaradamente à procura de algo que
ainda desconhecem, ignorando com mais descaramento ainda o espectador. Como se
estivessem perante cadeiras vazias. Movem-se, protegendo para si o direito
exclusivo de se movimentarem dentro de um teatro; elas movem-se, tentando
desesperadamente justificar o seu ofício, a sua arte e a sua criação. Enquanto
isso, debatem-se com a passagem do tempo, com os recuos à infância, a mulheres
que estiveram ali mas já não estão; e confrontam-se com o fim que se aproxima,
enquanto fazem o seu trabalho, à sua maneira, enquanto for possível. No limite,
neste espectáculo, temos quatro actores à procura de um espectador.
Ficha Técnica:
Texto: Jaime Salazar Sampaio
Encenação: Carlos Alves
Elenco: Carlos Alves, Isadora Lima, Joana Lourenço, Marco Mascarenhas e Onivaldo Dutra
Espaço Cénico e Desenho de Luz: Carlos Alves
Movimento: Marco Mascarenhas
Cenografia e Figurinos: Joana Lourenço e Carlos Alves
Adereços: Rita Rodrigues
Sonoplastia: Carlos Alves
Operação de Iluminação: Rúben Silva
Operação de Som: Andreia Pinto/ Soraia Fernandes
Fotografia: Isadora Lima de Oliveira
Design Gráfico: Carlos Catarino
Produção Executiva: Carlos Alves e Joana Lourenço
Produção: Ditirambus
Casa do Coreto
Rua Neves Costa, 45,
1600-532 Carnide, Lisboa
1, 2 e 3 de Fevereiro
Sexta e Sábado, 21h30
Domingo, 17h
quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
“Neste teatro é assim, e depois logo se vê”
Entrar neste texto de Jaime Salazar Sampaio é como enfiarmo-nos
dentro de um labirinto, donde não se vislumbra uma saída. Cada
caminho é interrompido por outros que nos atiram ainda para uns com
que não contávamos. É uma viagem, de muitos modos, e também no
tempo. O texto fala de tempo mesmo quando parece esquecer-se dele;
fala de um teatro que quer questionar; ficciona a realidade,
deixando-nos sempre na dúvida sobre em que pé estamos agora. Isto é
mesmo a sério?
Fala de amores, férias de Verão, noites que podem ser as últimas,
vidas difíceis cruzadas com sonhos lindos. Fala da vida. E do
Teatro. Do Teatro na vida e da vida no Teatro. E de muito mais,
“porque numa peça nunca se diz tudo”.
A
questão de tempo está em tudo o que faz com que ele passe e no que
ele deixa à sua passagem. Por outro lado, é sempre uma questão de
tempo até que tudo se desvaneça ou não desvaneça, aconteça ou
não aconteça. É a questão de tempo que nos afasta de uma gloriosa
infância.
“O que é que ele quer que a gente faça com isto?” foi a questão
que colocámos muitas vezes. Mobilizámo-nos então para entender e
decidimos que seria mais ou menos assim, “com umas pequenas
modificações, uns cortes, uns aditamentos”. Mas a nossa questão
fundamental é o espectador. Que papel lhe atribuímos neste
espectáculo, se é que lhe atribuímos algum? O papel do espectador,
é esse o nosso problema. O dilema entre a passividade ou a
emancipação, seguindo o conceito de Rancière. Será um espectador
que apenas olha ou um que também compõe um espectáculo a partir
dos elementos do espectáculo que tem à frente? O papel do
espectador é um problema nosso e talvez possa ser o problema de
todos os nossos espectadores.
Carlos Alves
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
Carlos Alves encena texto de Jaime Salazar Sampaio. Estreia em Fevereiro.
Estreia 1 de Fevereiro
UMA QUESTÃO DE TEMPO
Casa do Coreto - Lisboa
Ficha Técnica:
UMA QUESTÃO DE TEMPO
Casa do Coreto - Lisboa
Este
espectáculo é sobre um espectáculo e sobre todos os espectáculos.
É o tempo da nossa reflexão.
Carlos
Alves encena o texto que Jaime Salazar Sampaio escreveu em 1999.
Quatro
actores à procura de um espectador. Que teatro é este? Recuos à
infância, a mulheres que podiam estar aqui; ou estiveram, de facto.
É o tempo que passa e nos escapa, porque nos foi dado por um agiota.
Neste teatro é assim, e depois logo se vê.
Um
grupo de atores (um coletivo?, uma estrutura?, uma companhia?, uma
empresa?, uma associação?) está a ensaiar... está a criar... está
a pensar sobre... Há um espetáculo a ser pensado, trabalhado,
ensaiado. Quem é o autor do texto? Quem é o encenador? Há
encenador e autor? É preciso improvisar. Devised
theatre, é isso? Não?
Então é o quê? Um espetáculo a ser pensado. Em que momento nos
preocupamos com o espectador neste processo? Nunca? Quase nunca? Será
ele capaz de dizer? Dizer algo, impor-se, emancipar-se. Será ele
capaz? Este espetáculo é sobre um espetáculo e sobre todos os
espetáculos. Jaime Salazar Sampaio escreveu esta peça que se nos
afigura em forma de questionamento e de ruptura. Escreveu-a em 1999.
Como olhamos para ela em 2019 é o que queremos mostrar. São 20
anos, o tempo da nossa reflexão.
Texto: Jaime Salazar Sampaio
Encenação: Carlos Alves
Elenco: Carlos Alves, Isadora Lima, Joana Lourenço, Marco
Mascarenhas e Onivaldo Dutra
Espaço Cénico e Desenho de Luz: Carlos Alves
Movimento: Marco Mascarenhas
Cenografia e Figurinos: Joana Lourenço e Carlos Alves
Adereços: Rita Rodrigues
Sonoplastia: Carlos Alves
Operação de Iluminação: Rúben Silva
Operação de Som: Andreia Pinto/ Soraia Fernandes
Fotografia: Isadora Lima de Oliveira
Design Gráfico: Carlos Catarino
Produção Executiva: Carlos Alves e Joana Lourenço
Produção: Ditirambus
Casa
do Coreto
Rua
Neves Costa, 45,
1600-532
Carnide, Lisboa
1,
2 e 3 de Fevereiro
Sexta
e Sábado, 21h30
Domingo,
17h
terça-feira, 4 de setembro de 2018
A Ditirambus assinala nova temporada com festa e humor
A temporada 2018/2019 da Ditirambus vai ter uma programação, no mínimo, ambiciosa; acima de tudo, espera-nos muito trabalho. Pois, queremos começar este tempo com uma festa e partilhá-la com o público, com muito boa disposição.
Decidimos que ia ser assim. Juntem-se a nós!
Convidámos o humorista João Seabra para uma noite de comédia, em Lisboa. O espectáculo terá lugar no dia 8 de Setembro, no Auditório da SFUCO, nos Olivais.
Garantam o vosso lugar nesta festa; vão até ao site da Ditirambus e vejam como podem reservar o vosso lugar!
Até sábado!
sábado, 11 de agosto de 2018
HOJE DURMO EM BERLIM no Festival de Teatro de Setúbal
Estreia no Festival Internacional de Teatro de Setúbal, a 24 de Agosto. Com texto de A. Branco e interpretações de Carlos Alves e Henrique Gomes. Esta é uma produção White Noise Teatro e contou com o apoio à dramaturgia de Armando Nascimento Rosa e apoio logístico da Ditirambus.
Dois homens, uma casa, uma sala. Um dos homens é o atual dono da casa, o outro homem o anterior dono da casa. Não se conhecem, mas partilharam a mesma mulher. Agora, partilham o mesmo espaço.
HOJE DURMO EM BERLIM
Criação Colectiva
Interpretação: Carlos Alves e Henrique Gomes
Texto: A Branco
Apoio à dramaturgia: Armando Nascimento Rosa
Produção: White Noise
Secção "a concurso" do Festival de Setúbal
Auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama Sexta-feira | 24 de Agosto de 2018 | 23h30 Duração: 60 min ESTREIA
Dois homens, uma casa, uma sala. Um dos homens é o atual dono da casa, o outro homem o anterior dono da casa. Não se conhecem, mas partilharam a mesma mulher. Agora, partilham o mesmo espaço.
HOJE DURMO EM BERLIM
Criação Colectiva
Interpretação: Carlos Alves e Henrique Gomes
Texto: A Branco
Apoio à dramaturgia: Armando Nascimento Rosa
Produção: White Noise
Secção "a concurso" do Festival de Setúbal
Auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama Sexta-feira | 24 de Agosto de 2018 | 23h30 Duração: 60 min ESTREIA
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