Na semana passada decorreu em Oeiras o Festival de Sushi da Europa. Eu não fui lá mas os que lá foram passaram fome. Ainda bem porque também foi isso que aconteceu sempre que amigos meus me forçaram a ir a um restaurante de sushi. Passei fome. Mas a culpa é minha, atenção! Na mente dos coisinhos do sushi, a culpa de não gostarmos de sushi é nossa. Não é do sushi, é nossa. Alguma coisa não está bem com uma pessoa que não tem prazer em meter coisas viscosas na boca.
Mas então, os loucos por sushi que foram ao festival, contando encher o bandulho de peixe cru, passaram a fome dos desgraçados. Isto porque os cozinheiros (não sei se é assim que se chamam os tipos que enrolam postas de peixe) demoraram mais de duas horas até começarem a servir. Imagino o tempo que levariam se tivessem de cozinhar o peixe. Se me tivessem chamado, eu ia lá fazer umas brasas e em quinze minutos tínhamos sardinhada. Preferiram desprezar os tempos de cozedura, tramaram-se. Uma das pessoas, irritada, dizia: “Estive 3 horas na fila para comer sushi quente e com espinhas”. Quente? Vê lá se não estava cozido. É que se estava cozido, vomita. Peixe cozido é que não! Toda a gente sabe que o peixe é para comer cru, aliás o maior erro do Homem foi ter descoberto o fogo, porque isso não serve para nada.
Eu gostava de desejar francas melhoras a todos os que se sentiram defraudados pelo festival e faço daqui um apelo à organização para que, no sentido de compensar as pessoas, promovam um grande cozido à portuguesa para todos. Vão ver que um bom fogão com água a ferver nunca desilude ninguém.
Alimentem-se!
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - II
Algarve.
“Não, para mim, verão é Algarve”...
Claro que para ti verão é Algarve, da mesma forma que televisão é Teresa Guilherme e livros é Pedro Chagas Freitas. Nunca tiveste a oportunidade de pensar que existe mais alguma coisa. A A2 para o Algarve é a melhor porção de alcatrão que já percorreste na tua vida. E, se calhar, a única.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Formas de Passar o Verão (Todas Elas Más) - I
Para a juventude. Festivais de verão. Vão para um descampado com milhares de outras pessoas, dormem na rua e ouvem música. Qualquer sem abrigo faz isso com a maior das naturalidades. A diferença é que não coloca fotos no facebook nem no instagram. Depois de terem pago uma quantia valente para entrar no descampado, engolem pó e fingem que já conheciam as bandas todas que estão a tocar. Ouvem as bandas e continuam a comer pó. Bebem. Para empurrar o pó. As miúdas que gostam tanto de sexo com estranhos como de pó, praticam-no à noite e de manhã, no meio do pó… e de formigas. Os rapazes que gostam de estar em sítios onde facilmente há miúdas que gostam tanto de sexo como de pó, fazem companhia às miúdas e às formigas. Fazer sexo num festival não é uma relação afectivo-sexual, é um filme porno para as formigas. Quando acabam os dias do festival, as pessoas são libertadas e há qualquer coisa no pó que as faz dizer que aquilo foi muito bom. Na verdade, só saem dali mais sujos e com a possibilidade de serem pais de uma garrafa de vodka.
terça-feira, 23 de junho de 2015
Entrevista na SIC Internacional
Participação no programa "Alô Portugal" da SIC Internacional, apresentado por José Figueiras. Convidada principal: Ana Campaniço.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
Comida Mastigada
Tudo o que é restaurante dito da moda confeciona
hambúrgueres. De carne, de atum, de salmão… pelo menos é o que eles dizem porque,
na verdade, eu não sei o que é que eles metem lá. Basicamente, a moda
transformou comida de fast food em
algo que é fixe comer. Agora, se queres ser moderno, come hambúrgueres. Não
importa que já tenham sido inventados há décadas, pois agora é que é um prato
moderno. As hamburguerias crescem como cogumelos, há hamburguerias em todo o
lado. Ainda na semana passada ia a andar na rua e de repente estava dentro de
uma hamburgueria. “E agora, como é que eu saio daqui? Isto é só copos de gin,
nem consigo ver a saída”. E estavam lá as pessoas a comer hambúrgueres a pensar
que se estavam a alimentar.
Fazem um hambúrguer com cinquenta gramas de qualquer coisa e
os clientes pagam como se tivessem comido um bife de quarto de quilo. E ainda
saem felizes e sorridentes, ciosos do modernismo que acabaram de cometer.
É assim que isto funciona. É claro que ingerir um balde de
gin tónico antes de comer o hambúrguer ajuda muito. Depois de meio litro de gin
com água, gelo e serpentinas qualquer coisa parece fixe. Até um rato no espeto
servia. Porque o que importa é ser moderno, mastigar carne moída e citar Pedro
Chagas Freitas. Não importa o conteúdo, o que interessa é a forma. E se a forma
vier descrita na Time Out é porque é fixe.
A praga das hamburguerias é de tal modo que qualquer dia
queremos comer comida e não há. Só em casa e às escondidas, porque comer carne
é coisa do século passado. Temos uma sociedade habituada a comida mastigada,
por isso é que agora gosta tanto de hambúrgueres. O hambúrguer representa
perfeitamente tudo o que somos enquanto sociedade. Não se veem filmes em que
seja preciso pensar um bocadinho, lêem-se livros que, na primeira página já se
percebe como é a última, procura-se teatro que nos trata como estúpidos que não
conseguem ir mais além, por isso fazem-se coisas simples para que as pessoas
percebam, nas telenovelas não se arrisca muito porque o público tem sempre de
levar com as mesmas histórias, as mesmas músicas, as mesmas caras… Tudo isto
são hambúrgueres de uma cultura fast food.
E como todo o fast food, esta cultura
só serve para ser defecada.
Mas a diarreias mentais estamos todos habituados.
E eu vou comer alguma coisa, ver se consigo que me façam uma
sandes de queijo que seja mesmo com queijo. Porque pode ser moda meter-lhe
rúcula e escamas de robalo e eu não li a Time Out este mês. Gostava que fosse mesmo só com
queijo. Sem uma estrela desenhada. O pão podia ser mesmo de trigo, sem salsa nem casacas de amendoim. Vamos ver!
sexta-feira, 29 de maio de 2015
«ROMEU E JULIETA - A REVOLTA» NO TEATRO TURIM - DOIS ESPETÁCULOS ESPECIAIS
Vão ser apenas duas apresentações, nos dias 7 e 14 de junho, às 21h30, no Teatro Turim.
Depois de dois meses em cena em Loures e do sucesso nos Açores, o espetáculo chega agora a Lisboa para duas noites únicas no Teatro Turim.
São apenas duas apresentações, a lotação é muito limitada.
Comecem já a reservar!
Reservas: reservas@teatroturim.com ou pelos telefones 916041447 ou 217 606 666
Bilhetes à venda na Bilheteira Online.
Duração aproximada do espetáculo: 50 minutos
William Shakespeare condenou Romeu e Julieta a um amor impossível. Agora, os dois jovens dizem “basta”. Depois de alguns séculos, Romeu e Julieta revoltam-se contra o autor que lhes deu vida e forçam uma viragem na sua história, vergados, porém, às regras que lhes estão impostas pelo texto universal de Shakespeare. Esta é uma comédia em torno da história de amor mais famosa do Teatro, uma desconstrução completa dos dois protagonistas.
É um texto puramente cómico, a espaços absurdo, com uma intenção clara de divertir, sem cair na ridicularização de nada, antes aproveitando coisas que julgamos importantes para as desconstruir. Esta proximidade entre o divertimento e as referências literárias e teatrais é algo que vemos como essencial neste trabalho.
Depois de dois meses em cena em Loures e do sucesso nos Açores, o espetáculo chega agora a Lisboa para duas noites únicas no Teatro Turim.
São apenas duas apresentações, a lotação é muito limitada.
Comecem já a reservar!
Reservas: reservas@teatroturim.com ou pelos telefones 916041447 ou 217 606 666
Bilhetes à venda na Bilheteira Online.
Duração aproximada do espetáculo: 50 minutos
Sinopse
É um texto puramente cómico, a espaços absurdo, com uma intenção clara de divertir, sem cair na ridicularização de nada, antes aproveitando coisas que julgamos importantes para as desconstruir. Esta proximidade entre o divertimento e as referências literárias e teatrais é algo que vemos como essencial neste trabalho.
terça-feira, 19 de maio de 2015
"A Confissão" regressa em junho com novos horários
O espetáculo de café teatro "A Confissão" entrou numa curta pausa até ao final do mês. Regressa à Quinta do Almirante no dia 4 de junho e, a partir daí, sempre à quinta-feira (e apenas dois espetáculos por mês, na primeira e terceira quintas do mês).
Em junho: dias 4 e 18, 22 horas
Tudo explicado no vídeo.
Em junho: dias 4 e 18, 22 horas
Tudo explicado no vídeo.
Informamos que os horários do café teatro no Almirante Bar, com o espetaculo "A Confissão" vão passar a ser à quinta. At...
Posted by Ana Campaniço on Segunda-feira, 18 de Maio de 2015
quarta-feira, 6 de maio de 2015
É outra brincadeira de mau gosto, não é?
Rolou esta semana a notícia de que Katia Aveiro, irmã de Cristiano Ronaldo - e é sempre importante referir este epíteto – irmã de Cristiano Ronaldo – porque, se o não fosse, Katia Aveiro não seria relevante, seria apenas mais uma jovem igual a tantas por esses bairros sociais fora. Assim, é notícia de jornal e, desta vez, por alegadamente ter sido contratada para integrar uma telenovela da TVI. Não conhecemos ainda todos os contornos deste crime mas esperamos a todo o momento que nos chegue a informação de que isto é apenas um saco de roupa na Ponte 25 de abril. Para já, estamos em pânico mas talvez mais logo alguém nos possa vir dizer que tudo não passou de uma brincadeira de muito mau gosto.
Se assim não for, não entendo e eu próprio gostava que alguém me devolvesse todo o dinheiro que investi na minha formação, a mim e a todos os meus colegas de profissão. Não reconheço a Katia Aveiro qualquer talento na área da representação, não lhe sei de nenhumas habilitações para exercer esta profissão nem acho que seja sequer pensável isto acontecer numa das principais televisões deste país e com uma produtora de ficção premiada internacionalmente. Pelos vistos, pensado já foi, nem que seja apenas por quem escreveu a notícia. Se foi só por esse ou essa, espero sinceramente que arranje coisas mais interessantes para fazer, mas se Katia Aveiro é realmente uma hipótese em cima da mesa para um trabalho sério como seja representar, então isto não é um país, é um território reservado ao exercício de palhaçadas e a profissão de ator não tem aqui qualquer valor, sendo que qualquer boneco a pode desempenhar.
Agora tenho de ir. Vou fazer duas cirurgias ali no Santa Maria e depois vou passar pelo Tribunal, talvez ainda despache dois julgamentos hoje. Se der tempo, ainda faço uma presença numa discoteca disfarçado de irmã de jogador da bola. Adeus!
Se assim não for, não entendo e eu próprio gostava que alguém me devolvesse todo o dinheiro que investi na minha formação, a mim e a todos os meus colegas de profissão. Não reconheço a Katia Aveiro qualquer talento na área da representação, não lhe sei de nenhumas habilitações para exercer esta profissão nem acho que seja sequer pensável isto acontecer numa das principais televisões deste país e com uma produtora de ficção premiada internacionalmente. Pelos vistos, pensado já foi, nem que seja apenas por quem escreveu a notícia. Se foi só por esse ou essa, espero sinceramente que arranje coisas mais interessantes para fazer, mas se Katia Aveiro é realmente uma hipótese em cima da mesa para um trabalho sério como seja representar, então isto não é um país, é um território reservado ao exercício de palhaçadas e a profissão de ator não tem aqui qualquer valor, sendo que qualquer boneco a pode desempenhar.
Agora tenho de ir. Vou fazer duas cirurgias ali no Santa Maria e depois vou passar pelo Tribunal, talvez ainda despache dois julgamentos hoje. Se der tempo, ainda faço uma presença numa discoteca disfarçado de irmã de jogador da bola. Adeus!
domingo, 3 de maio de 2015
Dê Sangue. Não Seja Maricas.
Tenho estado atento à polémica relacionada com a dádiva de sangue, nomeadamente a dádiva de sangue por homossexuais do sexo masculino. São os que não podem.
«Então o cavalheiro é homossexual, não é? Então leve o seu sangue, faça uma cabidela, faça o que quiser, mas aqui não entra». E aqui não entra é uma frase que muitos homossexuais estão habituados a ouvir. Agora podem ouvi-la também vinda do Instituto do Sangue.
Esta restrição estende-se apenas aos homossexuais homens, tanto quanto o chamado fator de risco está na zona anal do ser humano. Partindo do princípio de que o sexo anal é algo exclusivo dos homossexuais – as pessoas do Instituto do Sangue não sabem o que andam a perder -, o seu sangue é visto como um presente envenenado. Até agora ainda ninguém me tirou da cabeça que esta restrição foi inventada por um gay com medo de agulhas. Mas, passando esta ideia, a polémica instalou-se no plano da discriminação. Como sempre. Quanto a mim, discriminação era se os homossexuais fossem obrigados a dar sangue, mas isso sou eu que gosto de ver as coisas de pernas para o ar.
Eu não sou um especialista em sangue, gostava de esclarecer isso, pelo que não sei avaliar a qualidade do sangue de ninguém. Se eu estivesse no hospital a precisar de receber sangue de alguém, não me importava nada de receber o de homossexual, de certeza que não era por isso que ia sair da clínica com purpurinas nem a correr para o balneário de um ginásio.
Vamos lá ver, senhores homossexuais, dar sangue também não é uma experiência do outro mundo, não tem nada a ver com uma party gay no Terreiro do Paço, não pensem isso, daí que se não vos deixarem, não vão que não perdem nada. Se ainda assim quiserem ir, vão e não se vangloriem da vossa condição. Cheguem lá, calminhos, não se atirem ao enfermeiro, mintam no questionário. Se mesmo assim vos chatearem, talvez seja da camisola de alças. Troquem.
«Então o cavalheiro é homossexual, não é? Então leve o seu sangue, faça uma cabidela, faça o que quiser, mas aqui não entra». E aqui não entra é uma frase que muitos homossexuais estão habituados a ouvir. Agora podem ouvi-la também vinda do Instituto do Sangue.
Esta restrição estende-se apenas aos homossexuais homens, tanto quanto o chamado fator de risco está na zona anal do ser humano. Partindo do princípio de que o sexo anal é algo exclusivo dos homossexuais – as pessoas do Instituto do Sangue não sabem o que andam a perder -, o seu sangue é visto como um presente envenenado. Até agora ainda ninguém me tirou da cabeça que esta restrição foi inventada por um gay com medo de agulhas. Mas, passando esta ideia, a polémica instalou-se no plano da discriminação. Como sempre. Quanto a mim, discriminação era se os homossexuais fossem obrigados a dar sangue, mas isso sou eu que gosto de ver as coisas de pernas para o ar.
Eu não sou um especialista em sangue, gostava de esclarecer isso, pelo que não sei avaliar a qualidade do sangue de ninguém. Se eu estivesse no hospital a precisar de receber sangue de alguém, não me importava nada de receber o de homossexual, de certeza que não era por isso que ia sair da clínica com purpurinas nem a correr para o balneário de um ginásio.
Vamos lá ver, senhores homossexuais, dar sangue também não é uma experiência do outro mundo, não tem nada a ver com uma party gay no Terreiro do Paço, não pensem isso, daí que se não vos deixarem, não vão que não perdem nada. Se ainda assim quiserem ir, vão e não se vangloriem da vossa condição. Cheguem lá, calminhos, não se atirem ao enfermeiro, mintam no questionário. Se mesmo assim vos chatearem, talvez seja da camisola de alças. Troquem.
Ídolos para que vos quero?
O Ídolos, como programa de talentos, não está mal. Acredito que os operadores de câmara do programa tenham muito talento para manobrar as máquinas. Quanto ao resto, a maior parte dos concorrentes são uma vergonha e meia dúzia até são capazes de afinar notas. Mas todos eles cantam melhor do que os elementos do júri, digo eu que nunca os ouvi cantar e isso já pode querer dizer alguma coisa.
O Ídolos, como programa de televisão, é o que é; como propósito para alguém ou alguma coisa é uma nulidade. Emoções fabricadas, sonhos que têm tudo para acabar desfeitos e uma produção inteira a brincar com aquilo tudo porque é impossível que levem aquilo a sério. Os jovens que se sujeitam à figura que têm de fazer naquele casting ou são de tal modo alucinados e não têm uma mãe com coragem para lhes dizer que até aproveita para bater a sopa quando eles estão a cantar no banho ou até podiam ser cantores mas estão a desperdiçar essa vontade num programa que está à procura de um Ídolo para Portugal, coisa de que Portugal não precisa.
Portugal não precisa de Ídolos, Portugal precisa de pessoas competentes em tudo o que saibam fazer. E quando dizem que estão à procura de um Ídolo, o que querem dizer é que procuram um rapaz ou uma rapariga para cantar letras que rimam “não” com “coração” e isso não é um Ídolo, isso é a resposta para pessoas que têm tanto vento na cabeça como os Alpes em pleno inverno. Ninguém, muito menos o júri, está à espera que daquele programa saia um cantor capaz de construir uma carreira duradoura e coerente porque, naqueles concorrentes, coerência é o último atributo que nos vem à cabeça e duradouros, só se for à base de comprimidos antidepressivos.
O Ídolos, como programa de televisão, é o que é; como propósito para alguém ou alguma coisa é uma nulidade. Emoções fabricadas, sonhos que têm tudo para acabar desfeitos e uma produção inteira a brincar com aquilo tudo porque é impossível que levem aquilo a sério. Os jovens que se sujeitam à figura que têm de fazer naquele casting ou são de tal modo alucinados e não têm uma mãe com coragem para lhes dizer que até aproveita para bater a sopa quando eles estão a cantar no banho ou até podiam ser cantores mas estão a desperdiçar essa vontade num programa que está à procura de um Ídolo para Portugal, coisa de que Portugal não precisa.
Portugal não precisa de Ídolos, Portugal precisa de pessoas competentes em tudo o que saibam fazer. E quando dizem que estão à procura de um Ídolo, o que querem dizer é que procuram um rapaz ou uma rapariga para cantar letras que rimam “não” com “coração” e isso não é um Ídolo, isso é a resposta para pessoas que têm tanto vento na cabeça como os Alpes em pleno inverno. Ninguém, muito menos o júri, está à espera que daquele programa saia um cantor capaz de construir uma carreira duradoura e coerente porque, naqueles concorrentes, coerência é o último atributo que nos vem à cabeça e duradouros, só se for à base de comprimidos antidepressivos.
O Tempo Dele
Ele cresceu num tempo novo. O tempo é sempre novo para quem nasce mas há tempos que sofreram um abalo tão violento e repentino que se desfiguraram por completo. Foi tudo tão rápido e de repente tudo era diferente. Ele nasceu na era diferente. Cresceu no tempo presente que só com esforço deixa adivinhar o passado. Cresceu num tempo em que não existem torres gémeas na América. Num tempo também em que os aviões não caem só por acidente; aliás, é surpreendente quando caem por acidente. Expectável é que alguém os faça cair, seja por que motivo for. Já pouco importa. Um co-piloto de mal com a vida é um motivo como outro qualquer. Ainda não se conhece nenhum dentista deprimido que implante cáries nas pessoas mas não seria estranho, nesse tempo em que ele cresceu. De resto, deixou de haver estranho. Nada é estranho. Quando muito há coisas insólitas. As coisas insólitas vendem jornais e são muito partilhadas entre as gentes no facebook. É um sítio desse tempo, o facebook, um sítio onde o insólito é depositado e explorado até à náusea. Ele cresceu nesse sítio também. Partilhou-o com gatinhos que fazem coisas engraçadas, talvez, mas sobretudo aborrecidas e partilhou-o com “gatinhas” que procuram fazer coisas engraçadas a quem quer que esteja aborrecido (o termo “gatinha” é usado pelas próprias como um conceito de marketing para a venda). Ele cresceu num tempo que substituiu a busca da verdade pela procura do insólito. Criaram-se televisões cuja missão é estarem atentas ao insólito para o reproduzirem nu e cru, transformaram-se jornalistas em expedicionários de coisas insólitas, transformou-se a Diana Chaves em apresentadora de televisão. O insólito permitiu abrir muitas portas. Para lá do beiral, estava sempre um abismo.
Ele cresceu num tempo em que era difícil crescer. Fisicamente sim. Teve a oportunidade de ficar grande e robusto. Ele quis isso mesmo e os donos dos ginásios aplaudiram essa vontade. Mas o tempo que se gasta a saltar à corda é o tempo que se gasta a saltar à corda e não tem efeitos no minuto seguinte. Porque no minuto seguinte pouco mais havia do que tardes de má música na televisão, bailarinas que vestidas ninguém dava nada por elas e o Nuno Eiró. Nesse tempo, os dedos iam-se adaptando aos telefones e tudo era pretexto para criar um número com indicativo 760. Eram 60 cêntimos mais IVA para o galheiro… Os 60 cêntimos e o IVA.
Ele cresceu num tempo novo, um tempo de pessoas velhas. O progresso e a evolução estão instalados mas é como se fosse preciso autorização para progredir e evoluir. E há uma burocracia gigante para quem quer ser e fazer. Uma burocracia de mediocridade, uma ditadura da ignorância como primado. Numa sociedade que se diz liberal, é irónico que perdure a estupidez como pensamento único.
(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 2 de abril de 2015)
Ele cresceu num tempo em que era difícil crescer. Fisicamente sim. Teve a oportunidade de ficar grande e robusto. Ele quis isso mesmo e os donos dos ginásios aplaudiram essa vontade. Mas o tempo que se gasta a saltar à corda é o tempo que se gasta a saltar à corda e não tem efeitos no minuto seguinte. Porque no minuto seguinte pouco mais havia do que tardes de má música na televisão, bailarinas que vestidas ninguém dava nada por elas e o Nuno Eiró. Nesse tempo, os dedos iam-se adaptando aos telefones e tudo era pretexto para criar um número com indicativo 760. Eram 60 cêntimos mais IVA para o galheiro… Os 60 cêntimos e o IVA.
Ele cresceu num tempo novo, um tempo de pessoas velhas. O progresso e a evolução estão instalados mas é como se fosse preciso autorização para progredir e evoluir. E há uma burocracia gigante para quem quer ser e fazer. Uma burocracia de mediocridade, uma ditadura da ignorância como primado. Numa sociedade que se diz liberal, é irónico que perdure a estupidez como pensamento único.
(Crónica publicada no semanário A Voz de Trás-os-Montes, edição de 2 de abril de 2015)
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Movimento dos Reformados e Pensionistas
O Movimento dos Reformados e Pensionistas entregou no Tribunal Constitucional as assinaturas necessárias para se constituir como Partido e concorrer às próximas eleições legislativas. Um movimento de reformados e pensionistas, para mim, é uma excursão. Mas se lhe quiserem chamar partido político, eu aceito de bom grado.
Para um movimento de pensionistas, concorrer às legislativas pode não ser a melhor aposta. As presidenciais têm muito mais a ver com formas de gozar a reforma. Mas os responsáveis pelo movimento – e chamar movimento a um grupo de pessoas que começa a ter artroses já preenche todos os padrões da ironia - dizem que querem concorrer a todos os cargos do país. Vejam lá se o coração aguenta isso tudo!... Mas para os pelouros da juventude é bom.
É sempre saudável para uma democracia o surgimento de novas forças político-partidárias, claro que sim, é de louvar e é assim que a democracia se fortifica e rejuvenesce. Bom, neste caso, não rejuvenesce. Mas pode ser que se fortifique. Com suplementos de cálcio.
Não sei se já está definido alguém para compor o hino de campanha... Estavam a pensar em quem? Tony de Matos? António Mourão?
Para um movimento de pensionistas, concorrer às legislativas pode não ser a melhor aposta. As presidenciais têm muito mais a ver com formas de gozar a reforma. Mas os responsáveis pelo movimento – e chamar movimento a um grupo de pessoas que começa a ter artroses já preenche todos os padrões da ironia - dizem que querem concorrer a todos os cargos do país. Vejam lá se o coração aguenta isso tudo!... Mas para os pelouros da juventude é bom.
É sempre saudável para uma democracia o surgimento de novas forças político-partidárias, claro que sim, é de louvar e é assim que a democracia se fortifica e rejuvenesce. Bom, neste caso, não rejuvenesce. Mas pode ser que se fortifique. Com suplementos de cálcio.
Não sei se já está definido alguém para compor o hino de campanha... Estavam a pensar em quem? Tony de Matos? António Mourão?
terça-feira, 7 de abril de 2015
A CONFISSÃO - Em estreia no Almirante
Uma mulher viciada em sexo discorre sobre os seus desejos e fetiches. Quando surge um padre, a atenção da mulher vira-se completamente para ele. O diálogo com o padre assume contornos de confissão, em que ambos vão discutir os assuntos mais íntimos da vida desta mulher.
Estreia na próxima terça-feira a nova peça de café teatro no AlmiranteBar!
14 de abril às 22 horas - Almirante Bar (Quinta do Almirante - Sto. António dos Cavaleiros)
Estreia na próxima terça-feira a nova peça de café teatro no AlmiranteBar!
14 de abril às 22 horas - Almirante Bar (Quinta do Almirante - Sto. António dos Cavaleiros)
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Segunda Temporada no Almirante começa na próxima semana
Está terminada a temporada de «Romeu e Julieta - A Revolta» no Almirante. Agora seria interessante que o espetáculo fosse levado a outros locais do país. E isso pode muito bem acontecer. Seria interessante apresentá-lo num teatro em Lisboa. E isso também.
A programação teatral do Almirante prossegue na próxima semana com uma nova peça. Chama-se «A Confissão» e todos os detalhes serão revelados amanhã.
Temos conseguido, no Almirante, proporcionar noites de Teatro únicas. Únicas pelo espaço, únicas pela originalidade dos textos, únicas pelo ambiente. Foi ali que a Revolta de Romeu e Julieta começou, é ali que uma nova história vai começar na próxima terça-feira. Gostávamos de ter todo o público desta primeira temporada a voltar durante a segunda. Os que ainda não tiveram oportunidade de vir, estão completamente a tempo. É agora!
A programação teatral do Almirante prossegue na próxima semana com uma nova peça. Chama-se «A Confissão» e todos os detalhes serão revelados amanhã.
Temos conseguido, no Almirante, proporcionar noites de Teatro únicas. Únicas pelo espaço, únicas pela originalidade dos textos, únicas pelo ambiente. Foi ali que a Revolta de Romeu e Julieta começou, é ali que uma nova história vai começar na próxima terça-feira. Gostávamos de ter todo o público desta primeira temporada a voltar durante a segunda. Os que ainda não tiveram oportunidade de vir, estão completamente a tempo. É agora!
segunda-feira, 16 de março de 2015
Teatro e descontração num espaço de requinte
Almirante Bar, um espaço de excelência em Santo António dos Cavaleiros promove todas as terças-feiras noites de café teatro com os atores Carlos Alves e Ana Campaniço.
A peça «Romeu e Julieta - A Revolta» está em cena desde janeiro e entrou agora na reta final até à estreia de um novo espetáculo logo no início de abril.
Uma forma descontraída de ver teatro num espaço requintado com espetáculos de diversão garantida.
A peça «Romeu e Julieta - A Revolta» está em cena desde janeiro e entrou agora na reta final até à estreia de um novo espetáculo logo no início de abril.
Uma forma descontraída de ver teatro num espaço requintado com espetáculos de diversão garantida.
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