quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Jornadas Mundiais da Juventude e o Apelo à Esperança para as Novas Gerações

A Igreja Católica prepara com grande intensidade as Jornadas Mundiais da Juventude 2011, que vão decorrer em Madrid, entre 16 e 21 de Agosto. A capital espanhola vai receber milhares de jovens cristãos de todo o mundo, numa ocasião que a Igreja já prometeu ser “uma grande festa”.
As Jornadas da Juventude foram instituídas pelo beato Papa João Paulo II, pelo que este ano em especial, ano da beatificação do anterior Chefe da Igreja, contarão certamente com um forte sentimento de alegria em torno da memória do Papa que conquistou o entusiasmo dos jovens. Também Bento XVI já caracterizou este evento como um impulsionador da nova evangelização das novas gerações.
Serão as Jornadas de Madrid uma alavanca para renovar o amor dos jovens por Jesus Cristo e pela Sua Mensagem? Estarão os jovens cristãos de todo o mundo despertos e entusiasmados para se juntar a Bento XVI e à sua Igreja num novo processo de evangelização que devolva valores, renove esperanças e abra o pensamento e a acção ao Homem na sua condição de criatura de Deus? Qual o papel das novas tecnologias de informação e comunicação neste trabalho?
Todas estas questões estarão presentes nas múltiplas actividades que os jovens vão desenvolver em Madrid no próximo mês de Agosto. A presença do Papa poderá ser um incentivo maior para a resolução destas questões e para a busca de soluções. O convívio, a festa, a reflexão e a oração têm animado a juventude na preparação destas Jornadas, em Portugal e por todo o mundo.
O apelo à reunião da Juventude para celebrar a Fé foi feito por João Paulo II. Os jovens corresponderam à chamada, no Domingo de Ramos de 1986, em Roma. Nesse dia, o Papa falou da Esperança em Jesus Cristo Ressuscitado como a esperança que não sairá frustrada, lembrando as palavras de S. Paulo. E, completou João Paulo II, “as gerações que sempre se renovam necessitam desta esperança”.

É também este o apelo de hoje. O apelo à renovação da Fé e da Esperança por meio da evangelização das novas gerações.
Bento XVI, na alocução que proferiu dedicada à Jornada Mundial da Juventude, assegurou que “uma relação de profunda confiança, de autêntica amizade com Jesus” é capaz de dar aos jovens aquilo que precisam para encarar a vida: “serenidade e luz interior, predisposição para o pensamento positivo, largueza de ânimo para com os outros” e disponibilidade para “o bem, a justiça e a verdade”. O Papa assumiu como “contra-corrente” esta proposta. A proposta de querer estar “enraizados em Cristo” e firmes na fé”. Vivemos, diz o Papa, numa “cultura indecisa quanto aos valores de fundo, aos princípios basilares segundo os quais se orienta e define a própria vida”, que gera “incerteza, mobilidade e volubilidade”. Pelo que a esperança dos jovens continua a ser o móbil destas Jornadas e o depósito dessa esperança em Cristo permanece como o apelo da Igreja às novas gerações.

A evangelização dos jovens é uma prioridade da Igreja actual. Apesar da laicização das sociedades e de algum afastamento dos mais jovens relativamente à mensagem da Igreja, o próprio Papa Bento XVI considera que há, nestas gerações, ainda muita gente disposta a ouvir. Podemos dizer que as Jornadas Mundiais da Juventude são prova disso. Mas há muitos mais sinais demonstrativos de que os jovens têm ideais e trabalham por eles. Os jovens, diz Bento XVI, “não são tão superficiais como se diz deles”. “Eles querem saber o que é a Vida”, resume o Papa.
É neste sentido que tem grande relevância a iniciativa recentemente concluída pela Igreja de Roma de lançar em diversos países do mundo, incluindo Portugal, um Catecismo para os jovens, o YOUCAT. É um projecto que já provem de toda a dinâmica de juventude lançada por João Paulo II e que agora apresenta um modo de compreender a Igreja, os seus fundamentos e a sua doutrina numa linguagem renovada e enriquecida com a participação de todos. Este Catecismo é um texto único, coeso, fiel à Igreja mas que contou com a participação na sua elaboração de pessoas dos cinco continentes, ganhando assim em riqueza cultural e intelectual, mas mantendo a linha espiritual e os valores que a Igreja fielmente preserva e transmite.

Esta obra será por isso, este ano, o Catecismo oficial das Jornadas da Juventude de Madrid, esperando-se que ele seja a ferramenta para o desenvolvimento da espiritualidade, do espírito de missão e evangelização e do conhecimento aprofundado do papel e da mensagem que a Igreja tem no e para o mundo.
O YOUCAT, dividido em quatro partes fundamentais, apresenta a Fé cristã e os seus fundamentos. Posteriormente apresenta os mistérios e os sacramentos da Igreja. Nas terceira e quarta partes, direcciona o cristão para a sua vivência da Fé e encaminha-o para a acção e também para a oração.
Compreende-se assim a relevância que este documento pode ter nas próximas Jornadas.
Relevante será também a utilização que será feita das novas tecnologias de comunicação, nomeadamente as redes sociais. É um assunto a que o Papa dedica a Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano. Bento XVI sublinha que estas tecnologias devem ser postas “ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira”. Mas, para os cristãos, elas podem ser veículo de comunicação do Evangelho, não só pela partilha de conteúdos mas também pela partilha de perfis e valores.

O encontro de Madrid é aguardado com enorme expectativa e está a ser preparado com muito rigor, sobretudo pelos jovens que nele vão participar, mas também pela Igreja espanhola, que trabalha para criar as condições para uma grande festa cristã.
Também o cuidado financeiro e o momento difícil que a Europa vive neste momento estão a ser levados em conta. A restrição orçamental já foi garantida pela organização como algo que deverá ser tomado em conta neste momento, sem que isso afecte os propósitos do evento.
A par da consciência económica, está a consciência ecológica para estas Jornadas. Como qualquer evento que reúna milhares de pessoas acaba por criar um desgaste ecológico. A companhia Zeroemissions vai compensar esses danos com a compra créditos de carbono. Esta é uma prática prevista no Protocolo de Quioto e que permite que a emissão de gases com efeito de estufa seja compensada com a contribuição para projectos ambientalmente sustentáveis. Desta forma, conseguir-se-á fazer com que as Jornadas Mundiais da Juventude sejam cem por cento não poluentes.
Estas são questões laterais ao sentido real do acontecimento mas envolvem preocupações e responsabilidades que não deixam de ser relevantes para o mundo cristão e para os jovens, em particular, que têm a missão de assegurar o futuro.
Porque é também de futuro que se espera que se fale e se pense nas Jornadas de Madrid. A mensagem e a vida cristã estão sempre direccionadas para o futuro e é isso que os jovens procuram sentir e a Igreja pretende transmitir. Assim, as próximas Jornadas Mundiais da Juventude serão um momento de renovação da esperança num futuro e numa vida com Cristo e em Cristo.

domingo, 24 de julho de 2011

Os Últimos são os Primeiros

Chega ao fim, na próxima semana, a primeira série de O Último a Sair, o programa que está entre os primeiros do meu top ten da televisão portuguesa de 2011. Ainda só estamos a meio do ano mas arrisco a considerar que dificilmente o nosso previsível panorama audiovisual conseguirá arranjar alguma coisa para alterar muito as minhas preferências até Dezembro.
O Último a Sair foi controverso, sofreu críticas, queixas ao Provedor da RTP e também aplausos. Sobra que foi um programa refrescante na programação nacional, bem produzido, com muito talento envolvido e que soube criar surpresa. Muitas vezes proporcionou momentos de televisão tão inócuos quanto os dos reality shows que satirizava mas até nesse vazio de conteúdo foi genial.
Foi também um acto de coragem da parte da RTP e dos seus responsáveis assumir este programa, que obviamente seria fortemente atacado por tudo e mais alguma coisa. Mas é mesmo dessa coragem que a televisão do Estado precisa ainda mais. Porque se a RTP, pelo facto de ser pública, tem de andar sempre a pedir desculpa por existir, é preferível então que ou deixe de ser pública ou deixe de existir.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Casting Rock in Rio SIC RFM - The End

É com pena e com o nariz entupido, mas isso deve ser sinusite, que vos informo que abandonei o Casting Rock in Rio SIC RFM no final da 3ª fase. Ainda fiquei triste durante 40 segundos mas depois tinha mais que fazer. Aguardo, claro, um pedido de desculpas formal por esta falha na selecção mas não quero que ninguém seja despedido.
Obrigado a todos pelo apoio ao longo destas últimas duas semanas! Valeu!

Carlos Alves

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Casting Rock in Rio SIC RFM - 3ª fase

E enfim, terminam hoje as votações desta 3ª fase do casting. Acabam assim duas semanas de campanha de divulgação do meu vídeo e angariação de apoio. Até à meia-noite de hoje ainda podem votar e amanhã aguardaremos pelos resultados.
Obrigado a todos pelo apoio e, se hoje ainda quiserem ajudar num forcing final, partilhem esta informação com os vossos conhecidos.

Abraços,
Carlos Alves

Para votar no casting Rock in Rio cliquem aqui. Obrigado!

E ainda ficam automaticamente habilitados a ganhar bilhetes para o Rock in Rio.




Até Sempre!

Faleceu hoje a minha caderneta de recibos verdes. Passámos bons momentos juntos... mas a vida é mesmo assim. A partir de amanhã só passo facturas electrónicas (talvez compre uma caixa registadora).

Enfim, não me importarei de preencher milhares de euros em recibos. Seria bom para mim e para todos, nomeadamente para o Estado que levaria quase metade, afinal somos como irmãos.


(2008-2011)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Crítica da peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA

O site de informação Rostos.pt publicou recentemente uma crítica de O FRIO QUE FAZ NA CAMA, a peça que estou a fazer. Podem lê-la aqui.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Globos de Ouro

Apenas algumas notas breves e soltas sobre a Gala dos Globos de Ouro de ontem.
Como muito positivo, a entrega do Globo para Melhor Actor a Miguel Guilherme pelo seu trabalho em "O Senhor Puntila e o seu Criado Mati". Uma consagração merecida e das mais justas da noite.
Como positivo, a presença de representantes das três estações televisivas. Para além da SIC, que transmitiu a gala, estavam representadas a RTP e a TVI, o que contribui para o alcance mais alargado e integrado destes prémios, que sendo desde sempre uma festa da SIC, devem homenagear toda a classe artística e cultural da sociedade portuguesa.
Como menos positivo, as tentativas humorísticas por parte de Bárbara Guimarães. Normalmente falharam e não eram necessárias, já que o humor na gala estava garantido por outros momentos bem assegurados pelo João Ricardo, Custódia Gallego, Marco Horácio, os Homens da Luta e Paulo Futre, que também entrou nesse registo, já que antes da célebre "conferência do chinês" o ex-futebolista não entregava Globos de Ouro.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O FRIO QUE FAZ NA CAMA na Moita

Continuamos em digressão com a peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA. Uma produção da Ditirambus. Esta semana estaremos dois dias na Baixa da Banheira - Moita, para dois espectáculos no Fórum José Manuel Figueiredo. Sexta-feira e sábado às 21h30 passem por lá. O preço dos bilhetes não é muito elevado e, pelo feedback que vamos tendo do público, vale a pena.
Se quiserem fazer reservas, podem fazê-lo através dos contactos que estão no nosso site e também podem falar connosco na nossa página no Facebook.

Venham ver Teatro!

domingo, 15 de maio de 2011

O Último a Servir



O programa da RTP "O Último a Sair" estreou no domingo passado e já motivou dezenas de queixas tanto ao Provedor da estação como à Entidade Reguladora para a Comunicação. Queixam-se os telespectadores de que o formato do programa não encaixa no cumprimento de serviço público.
Vamos ver, então. "O Último a Sair" é um programa de humor. E se há coisa em que a RTP às vezes dá um ar da sua graça é nos programas de amor que emite. Portanto, um programa de humor não cabe no conceito de serviço público? A BBC diria que sim, e com bons resultados.
Além disso, o programa promove uma visão crítica sobre a própria televisão actual e, nomeadamente, sobre a reality TV. Não pode o Serviço Público fazer isso?
Então vamos lá ver o que é realmente serviço público feito pela RTP e que não incomoda os telespectadores.
Programas extremamente barulhentos em que pessoas têm que adivinhar preços de coisas, no meio de alheiras, chouriças, presuntos, garrafas de vinho e sabe-se lá que mais oferecidos ao apresentador. Entra bem como serviço público?
Um horário nobre preenchido com concursos que na verdade não enriquecem ninguém, nem material nem intelectualmente. Entra bem como serviço público?
Noticiários exactamente iguais aos das estações privadas, quando acontece não serem mais fracos. Entram bem como serviço público?
Filmes de acção norte-americanos dos anos 90, com Steven Seagal e outros que tais, que toda a gente já viu ou, se não viu, é porque não quer ver, em horário nobre. Entram bem como serviço público?
E, já agora, apostemos na comparação. O que é que "Quem Tramou Peter Pan?", programa de Catarina Furtado e mais uns miúdos, tem de serviço público que "O Último a Sair" não tenha? Eu tenho uma resposta. Não sei se é certa, mas eu também não sou Provedor nem trabalho na ERC. O programa dos miúdos não chateia ninguém. É bom para amorfos. Nada melhor do que estar no sofá e ver o riso das crianças dos outros na televisão sem que nada nos afecte.
Já um programa de humor tende a dizer alguma coisa, a tocar em alguns sacrários ou em simplesmente reproduzir aqueles que não tocam em nada e com isso mostrar a sua insignificância. Os telespectadores não gostam disso. Não gostam que lhes digam que têm andado a ver porcaria, e quando lhes mostram a porcaria que têm andado a ver ficam chateados e acham que não têm de pagar isso.
Se chorassem mais o dinheiro que é gasto em coisas intragáveis, sem qualidade nenhuma e que envergonhariam qualquer televisão da Europa, talvez tivessem menos ressabiamento agora e estivessem mais preparados para distinguir entre qualidade e o que lhes têm servido.
Os telespectadores não têm culpa. Eles só clamam por um serviço público. Mas será que eles sabem o que isso é? É que nunca ninguém lhes mostrou bem.

domingo, 24 de abril de 2011

O FRIO QUE FAZ NA CAMA em digressão - Pinhal Novo

Esta semana continua a digressão da peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA. Desta vez, vamos estar no Pinhal Novo, nos dias 29 e 30 (sexta-feira e sábado), no Auditório Municipal. Os espectáculos vão acontecer nos dois dias às 21h30. É a primeira vez que levamos O FRIO QUE FAZ NA CAMA à margem sul do Tejo, depois de termos já passado pela zona Oeste do país e por Lisboa.

Para conhecerem tudo sobre este espectáculo, visitem o site da Ditirambus - Pesquisa Teatral ou a página oficial no Facebook.

domingo, 27 de março de 2011

Dia Mundial do Teatro

Celebramos também aqui hoje o Dia Mundial do Teatro, transcrevendo a Mensagem para o Dia Mundial do Teatro. Este ano, a mensagem foi escrita pela dramaturga e actriz Jessica Atwooki Kaahwa, do Uganda. Para além do trabalho no teatro, Kaahwa é reconhecida pela acção humanitária que defende e promove. Na sua mensagem para o dia de hoje, ela aponta exactamente o Teatro como um veículo de reconciliação, resolução de conflitos e instrumento para a construção de uma paz mundial. Exalta o Teatro como uma ferramenta de diálogo universal a ser melhor aproveitada pela Humanidade.

MENSAGEM DO DIA INTERNACIONAL DO TEATRO DE 2011
«Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças. Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial? Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos. Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores? O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança, alterando a imagem que têm de si mesmos e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto. O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos. Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas. Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz. O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação.Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas consciências reconstruam os seus conceitos pré-estabelecidos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas. Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz. Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica. Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a conscientização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra. Faz sentido existirem plataformas culturais, como o [ITI] Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações. Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam "guardiães" da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas. Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação? Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades. Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente. Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz.» Jessica Atwooki Kaahwa

sábado, 12 de março de 2011

Porque é que tenho de ir protestar hoje?

Muito simples. Porque faço parte da agora chamada mas há muito assumida Geração à Rasca. Porque nasci nos anos 80, sem culpa nenhuma disso. Porque a minha geração parece ser um problema para a geração que me antecedeu enquanto eu acho que não devia ser. Enquanto eu acho, aliás, que devia ser aproveitada como solução. Não se pode dizer que a geração que nasceu antes da minha e que agora dirige este país tenha sido um sucesso. Julgo que não têm assim tanto de que se orgulhar. Conquistaram muitos direitos para si, é verdade, foram bem sucedidos nesse aspecto, mas perderam-se neles. Contentaram-se em ganhá-los e em usufruir deles, com direito exclusivo de uso e propriedade. Recusam-se a passá-los aos outros ou então fazem-no a conta-gotas. Só isso explica que se ache normal pedir a um jovem que trabalhe e não lhe pagar por isso. Qualquer pessoa no mundo diria que isto é escravatura mas em Portugal não podemos dizer isso porque os mais velhos não gostam e, por respeito à idade, não o vou dizer.
Também só uma interpretação senhorial dos direitos conquistados pode explicar que os jovens que têm trabalho, devidamente remunerado, estejam todos os dias na iminência de ficar sem ele e todos os dias saibam que, se isso acontecer, não vão ter qualquer cobertura. Não vão ter, no fundo, nenhuma segurança social, a mesma que quando lhes sente algum dinheiro no bolso, lhes leva um quarto dos rendimentos.

Não vou usar, para este protesto, o argumento de sermos a geração mais qualificada de sempre. A gabarolice não ajuda o país. Mas a qualificação ajudaria.
Não vou usar, para este protesto, a cantiga do coitadinho que não consegue arranjar emprego ou que passa a vida a ser despedido ou que trabalha mais e melhor que os outros e, não só não ganha quase nada por isso como ainda tem de contribuir para as garantias sociais dos outros.
Não vou usar, para este protesto, a ameaça de que a qualquer altura, nós jovens, poderemos ir embora para muitos sítios que não se importariam de nos receber e deixar um país, mal gerido e desqualificado, abandonado e a envelhecer cada vez mais triste e mais pobre.
Na verdade, nem sequer vou usar, para este protesto, o protesto.

Esta não é, para mim, uma manifestação contra ninguém em particular. Não é uma manifestação contra o Governo, não é uma manifestação contra os patrões, não é uma manifestação contra os sindicatos, que tanto bradam por direitos mas apenas para aqueles que já os têm, nem mesmo é uma manifestação contra as gerações que nos antecederam.
É uma manifestação de alerta. Queremos dizer aos portugueses que não estarão hoje connosco e até a alguns que nos olham com notório mal-estar e crítica afiada, que estão equivocados. Que estão a ver mal o futuro. Queremos dizer-lhes que o mundo como o conheceram mudou, que os estilos de vida que construíram acabaram, que os direitos que conseguiram têm de ser repartidos e adaptados aos novos tempos e que provavelmente todos vamos ficar com menos mas o país vai ganhar mais.
Queremos dizer, neste protesto, que acabou o tempo do carro melhor que o do vizinho e do emprego para toda a vida mas pode começar um tempo de coisas novas e, se quisermos, melhores. Basta que saibamos aproveitar a iniciativa, a criatividade, a inovação que as novas gerações têm para dar.
Queremos dizer que podem espernear e gritar à vontade mas vão ter que mudar de vida. Connosco ou sem nós, vão ter que mudar de vida. Uma crise é isso, uma oportunidade e uma ordem para mudar. E queremos assegurar que connosco vai ser mais fácil.
Queremos, hoje, afirmar que estamos aqui para ajudar, para criar, para desenvolver um país, para trabalhar por um futuro feliz.

Não contem comigo na Avenida da Liberdade para carpir lágrimas de amargura, para lamentar a sorte ou para cuspir raiva contra quem quer que seja. Só lá estarei para dizer que vou ficar cá, não vou para o estrangeiro, vou ficar e retribuir o meu país pelo que ele também já me deu. Mas também lá estarei para ratificar a ideia de toda a minha geração de que já não somos parvos, ainda que o tenhamos sido até aqui. Não estamos aqui para servir ninguém, estamos aqui para jogar as regras de todos e mudá-las, porque têm de ser mudadas. A alternativa é a desgraça.

Quero que o Protesto da Geração à Rasca marque o fim da "geração parva" que os Deolinda cantaram. A partir de hoje, contem com a minha geração para reerguer o país da lama de má gestão, de corrupção, de atraso cultural que sujou as últimas décadas, mas não contem com ela para abafar o futuro na alcofa dos direitos adquiridos e do comodismo. A partir de hoje, saibam todos que não estamos contentes com aquilo que nos fazem e que há formas de fazer diferente e vamos lutar por elas. Acreditem que pode doer um pouco ter que mudar algumas coisas na nossa vida mas também pode valer a pena.

Porque é que vou protestar hoje? Não é para pedir mais do que a sociedade pode dar. Afinal acho que a sociedade tem condições para respeitar os jovens, dar-lhes espaço para crescer e contribuir, estar aberta à sua energia. E acho também que a minha geração não merece ser explorada, subaproveitada e quase escorraçada em nome de falsas razões. Como vêem, não pedimos mais do que é possível fazer.
Mas basta de desprezo, basta de criar dificuldades, basta de viver como se os outros não precisassem de comer, basta de desvalorizar o mérito, basta de assumir como ponto assente que a minha geração é que está mal. É disso que basta!

sábado, 5 de março de 2011

O FRIO QUE FAZ NA CAMA

Depois de uma boa estreia nas Caldas da Rainha, a peça O FRIO QUE FAZ NA CAMA vai continuar o seu percurso e alguns dos espectáculos confirmados e agendados já foram anunciados. Estão todos na nossa página oficial no Facebook, mas adianto já que os próximos serão em Lisboa, no Auditório do IPJ (Instituto Português da Juventude), no Parque das Nações, nos dias 25 e 26 de Março.
Reservem já um destes dias na vossa agenda para não perderem a oportunidade de ver este espectáculo. Será às 21h30 em ambos os dias e também já e possível reservar bilhetes através dos contactos, telefone ou e-mail, disponíveis no site da Ditirambus - Associação de Pesquisa Teatral.
Façam-no porque só faremos dois espectáculos. Depois temos de ir para outro lado.

Bom Teatro!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Na Luta

Fui um pouco apanhado na Luta. Estava no hotel errado à hora errada, ou nem tanto. De qualquer forma, daqui em diante vou tentar não estar nos mesmos hotéis onde vai o primeiro-ministro.


domingo, 30 de janeiro de 2011

Portugueses pelo Mundo

O "Portugueses Pelo Mundo" é o melhor programa que a RTP tem em grelha neste momento. É bem produzido, tem dinamismo e tem conteúdo. No fundo, é um programa de viagens que se apega àquilo que os portugueses melhor do que ninguém podem dar, a sua diáspora. Se é verdade que há portugueses espalhados por todo o mundo, nada mais inteligente do que mostrar o mundo através dos portugueses. Além disso, é protagonizado por uma geração de jovens activos, aventureiros e abertos à multiculturalidade e à novidade. Afinal, os melhores protagonistas que se podem ter num bom programa de televisão.
As pessoas que conduzem o telespectador ao longo de cada emissão tornam-se anfitriãs nas cidades que as acolheram. Elas representam uma nova geração de emigrantes. A daqueles que saíram para estudar, para investigar ou para alargar as bases de uma carreira. Uma geração ambiciosa e aberta a novas possibilidades. Uma geração assim só pode fazer um bom programa. E o mérito é de quem se lembrou de os procurar, de quem foi ter com eles e de quem soube retratá-los e aos meios onde vivem.
O "Portugueses pelo Mundo" é um dois em um absolutamente bem conseguido. Se para haver produções destas é preciso um serviço público de televisão, então a televisão pública tem de continuar a existir. E é bom quando a RTP mostra que é necessária.