Chego a este Dia Mundial do Teatro de 2014 com duas peças
concretizadas este ano. Uma, "Camarim", já estreada e representada em
duas cidades. A outra, "Direito ao Assunto", a estrear daqui a uma
semana, em Lisboa. É um ano que está a correr bem. Faço ainda assistência de
encenação num outro espetáculo, "Os Anjos Tossem Assim" (também
estreia no mês que vem).
As duas primeiras que referi são produções independentes,
concebidas e levadas adiante pela vontade criadora e pelo desejo artístico de
não esperar por dias melhores nem por estrutura alguma que me satisfizesse os
intentos.
Foram já alguns os 27 de março que atravessei desde que
comecei a minha vida no Teatro. Em cada um deles penso muito nesse percurso.
Orgulho-me dele e quero dar-lhe continuidade, uma continuidade cada vez melhor,
cada vez mais alta. Mas não deixo nunca de pensar o quanto vale a pena. O quanto
vale a pena estudar, ler, angustiar-me, fazer e repetir, esperar que o público
venha, alegrar-me quando vem, desiludir-me quando o não faz; o quanto vale a
pena a incompreensão de familiares, amigos e conhecidos por não se ter um
emprego comum, a incompreensão de um Estado por não se ter um pensamento comum,
a incompreensão de muitos outros por não ser uma pessoa comum. Como as pessoas
comuns para quem já nem ir ao teatro é comum.
Podia sempre concluir que vale pouco tudo isto! Mas vale
muito. Vale muito sentir que as pessoas se divertiram, que se emocionaram, que
refletiram, que passaram um bom momento graças ao meu trabalho. Vale muito,
depois de muito esforço, apresentar algo físico, real e único a uma plateia.
Vale muito descobrir que aquilo que fizemos enriqueceu as pessoas que nos
viram; cultural, intelectual ou sentimentalmente elas saíram mais ricas.
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