Os dois programas que têm motivado mais queixas dos telespectadores à ERC nos últimos tempos são "Casa dos Segredos" e "Gabriela". No caso deste último, elas são provocadas pelas cenas ousadas e pela "linguagem de teor alegadamente inapropriado para o horário da sua transmissão".
Apesar do direito de reclamar, que é equivalente ao direito de usar um telecomando, estes telespectadores podem não estar certos. Acontece que a telenovela "Gabriela" não passa cedo. Os portugueses veem televisão até tarde, o nosso horário estende-se por várias horas até ao início da madrugada, ao contrário do que se passa noutros países europeus, isso sim. O que não significa que 22h40, a hora a que habitualmente começa o programa, seja cedo. Logo, a linguagem e as cenas apresentadas não estão assim tão desfasadas do horário de transmissão; podem estar desfasadas dos hábitos de consumo dos telespectadores mas aí a solução passará por uma adequação desse consumo.
O mesmo não se pode dizer de "Casa dos Segredos" que, esse sim, passa cedo e no pico do horário nobre, e mesmo no período da tarde. A linguagem é igualmente (?... é mais!) obscena, pese embora a preocupação em esconder os palavrões, e as imagens igualmente ousadas. Ainda que menos bem filmadas, há que dizê-lo. Porque é um reality show e não uma produção de ficção altamente cuidada e, em alguns momentos, quase cinematográfica.
"Gabriela" é um produto de elevada qualidade e nenhum programador o pode remeter para as duas horas da madrugada, esperando que todos vão dormir.
E, afinal, a Petra nunca será uma Juliana Paes.
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