- A existência de um sector cultural no país depois da pandemia é tão crucial como era a sua existência antes;
- não precaver a manutenção desse sector agora é declarar-lhe uma morte anunciada;
- assegurar a Cultura às populações é uma das funções do Estado, salvá-la em tempo de emergência é uma obrigação;
- é importante preparar o futuro mas é urgente resolver o presente;
- não há regime de teletrabalho para os artistas nem linhas de crédito os podem socorrer; linhas de crédito não se aplicam a uma actividade que não é, nem tem de ser, lucrativa; os seres humanos não têm todos de dar lucro ou nem só de pão vive o homem;
- não peçam aos artistas que façam vídeos em casa para passar o tempo e criar conteúdo; eu também não vos peço que me façam bolos sem sequer vos oferecer um saco de farinha;
- o presente precisa de medidas urgentes para manter a classe artística e os profissionais do espectáculo a salvo; só assim poderão dizer “presente” quando finalmente os deixarem entrar em cena, depois de todas as outras pessoas;
- essas medidas podem ser profícuas, podem ajudar a definir um modelo novo, assim houvesse vontade de arriscar uma vida nova sem os mesmos formulários de sempre, os mesmos conceitos tecnocráticos de sempre, os mesmos de sempre;
- preparar o depois é construir o que não havia antes;
- se os artistas agora estão gravemente afectados é porque antes não estavam mais seguros;
- a criação cultural é o que nos separa da barbárie, da ignorância e da submissão;
- um país afirmativo é aquele que valoriza os seus artistas mais reconhecidos, dá lugar aos menos reconhecidos e deixa ouvir a voz dos novos criadores;
- um país afirmativo não se afirma com meia dúzia, afirma-se com todos;
- a Direcção Geral das Artes não pode ser só a direcção geral dos concursos;
- a arte não é um concurso, na arte todos podem ir a jogo e ficar em jogo;
- por estes dias, nós estamos a trabalhar, mesmo que vocês não vejam, e se não veem é porque não podemos mostrar.
Um país afirmativo não deixaria que, no futuro, tal como no
passado, nas artes muitas vozes não se façam ouvir. E afinal os
artistas só estão a pedir aquilo que qualquer cidadão pede, que
lhes sejam atribuídos direitos. Porque os nossos deveres nós
conhecemos e fazemos por cumpri-los. Assim nos deixem cumprir ainda
mais.